30 de dez. de 2015

Brasil precisa cadastrar 146,6 milhões de hectares de área rural até maio de 2016

O prazo para que os produtores rurais façam o Cadastro Ambiental Rural (CAR) termina em 5 de maio de 2016 e, até lá, 146,6 milhões hectares de área rural ainda precisam ser cadastrados. O último boletim divulgado pelo Serviço Florestal Brasileiro, com dados até 30 de novembro, mostra que 251,3 milhões hectares já foram registrados no Sistema Nacional de CAR (Sicar), que representa 63,16% da área passível de cadastro.

O CAR foi regulamentado em maio de 2014 e, em maio de 2015, o prazo para cadastro das terras foi prorrogado por um ano, quando 52,8% da área já tinham sido cadastrados. Segundo a diretora de Políticas Públicas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), integrante do Observatório do Código Florestal, Andrea Azevedo, o ritmo de cadastro pode ter diminuído porque alguns produtores, que muitas vezes não dependem de crédito bancário, não estão se sentindo compelidos porque acham que o prazo deverá se estender ainda mais.

Criado pela Lei do Código Florestal, o CAR é um sistema eletrônico que integra as informações das propriedades rurais e será a base de dados para o controle, monitoramento e combate ao desmatamento no Brasil. No sistema, os produtores devem informar os dados cadastrais e a localização georreferenciada das áreas de Preservação Permanente, de Reserva Legal e de Uso Restrito.

Andrea explicou que a falta de regras claras e de regulamentação dos programas de Regularização Ambiental (PRA) por parte dos estados também desestimula o cadastramento. “É o PRA que mostra como as pessoas que têm passivo florestal vão se adequar, se vão poder compensar, como serão a regras de regularização. Então, se eu sou um produtor que tem passivo, a primeira coisa que eu quero saber pra entrar no CAR são as regras de recuperação e isso são pouquíssimos estados que têm publicado e discutido com a sociedade, inclusive”, disse ela.

O percentual de área cadastrada na Região Norte é de 80,72%; no Nordeste, 33,94%; no Centro-Oeste, 61,76%; no Sudeste, 59,78%; e no Sul, 29,34% da área passível de cadastro já estão no Sicar.

Segundo o diretor do Serviço Florestal Brasileiro, Raimundo Deusdará, não há perspectiva de mais prazo para o cadastro. “Não há nenhuma sinalização e nem é do entendimento técnico que deva haver prorrogação de prazo”, afirmou.


FONTE: Texto de Aécio Amado para Agência Brasil.

29 de dez. de 2015

Ministério de Minas e Energia (MME) promete que vai fazer o leilão da Hidrelétrica de São Luiz do Tapajós no segundo semestre de 2016

Depois de passar os dois últimos anos sem conseguir leiloar a construção de uma grande usina hidrelétrica, o Ministério de Minas e Energia (MME) promete que vai fazer o leilão da Hidrelétrica de São Luiz do Tapajós no segundo semestre de 2016.

Em entrevista para o jornal Estadão, o ministro do MME, Eduardo Braga, disse que São Luiz é a prioridade do governo para o próximo ano e que a estatal Eletrobrás já está se preparando financeiramente para entrar no leilão da usina, que tem custo estimado em pelo menos R$ 30 bilhões.

“Nós estamos trabalhando para que São Luiz do Tapajós tenha sua licença ambiental prévia liberada no primeiro semestre do ano. A ideia é ter um leilão no segundo semestre”, disse Braga. “Todo trabalho que estamos fazendo é para que a Eletrobrás esteja reposta, do ponto de vista econômico-financeiro, para poder participar robustamente desse leilão.”

São Luiz chegou a entrar nos planos de leilões ainda no ano passado, mas o governo acabou recuando da ideia, por causa da complexidade ambiental do projeto e de seu impacto em terras indígenas. A dificuldade de licenciamento somou-se à crise econômica, e o governo acabou não tocando o projeto adiante. São Luiz tem previsão de retirar 8.040 megawatts (MW) das águas do Rio Tapajós.

“O Brasil não deve abrir mão desse projeto, no longo prazo. Hoje o País está bem estruturado para os próximos 10, 15 anos. Mas para os próximos 20 anos, a energia de Tapajós será essencial para o País”, comentou.

Para viabilizar a hidrelétrica, que seria erguida numa área da Amazônia completamente preservada, o governo reduziu florestas protegidas da região, já que é proibido construir usinas em unidades de conservação.

“Todas as questões ambientais estão colocadas e equacionadas com estudos. A única pendência agora é com a Funai (Fundação Nacional do Índio)”, disse o ministro. “A questão indígena não foi equacionada ainda, mas é possível resolver esse impasse. É claro que isso vai demandar vontade política, mas sabemos que é uma construção responsável.”

O governo tem apoiado um projeto de lei que tramita no Congresso, para que o processo de licenciamento de grandes obras, como São Luiz, seja limitado a apenas uma licença – em vez de três autorizações, como ocorre atualmente, com licença prévia, de instalação e de operação – e tenha prazo máximo de oito meses para sair.

Segundo Eduardo Braga, o projeto, que tem sido chamado de “fast track” do licenciamento, é necessário para destravar empreendimentos, mas não será aplicado sobre São Luiz do Tapajós. “A hidrelétrica é viável pelo modelo de licenciamento que temos hoje, independentemente do fast track. Temos a questão ambiental resolvida, falta só a questão indígena, uma definição que passa também pelo Ministério da Justiça, pela Funai e pela Advocacia-Geral da União (AGU).

O MME tem recorrido à AGU para que o órgão atue na defesa de empreendimentos do setor. Recentemente, essa assessoria jurídica foi acionada para que a Funai liberasse a linha de transmissão de energia que vai ligar as capitais Manaus (AM) e Boa Vista (RR), último trecho do País que ainda não estava conectada à rede nacional de transmissão de energia.

A linha de transmissão enfrentava forte resistência dos índios, porque a linha passa dentro da terra indígena. Depois de três anos de discussão e da ameaça do MME de impor uma “obrigação de fazer” contra a Funai, o empreendimento foi autorizado.

A situação é parecida em São Luiz do Tapajós. Nas prateleiras da Funai, processos de homologação de terras indígenas na região prevista para erguer a usina aguardam uma confirmação do governo, que há anos tem adiado uma resposta aos processos. A Funai já analisou a área e concluiu que São Luiz possui 14 impactos negativos aos índios e às terras indígenas – 6 dos quais, irreversíveis.

Na avaliação da autarquia, o projeto também seria inconstitucional por alagar áreas indígenas, o que é proibido pela Constituição. Até dois anos atrás, a Funai de Itaituba (PA), principal município afetado pelo projeto, já tinha identificado cinco aldeias dos índios da etnia mundurucu na região, com uma população de aproximadamente 500 pessoas. Há ainda forte apreensão sobre a reação dos índios que vivem no Alto Tapajós, onde nasce o rio, na divisa de Mato Grosso com o Pará, onde vivem cerca de 12 mil índios mundurucus. 

FONTE: Texto de André Borges – O Estado de S. Paulo, disponível também aqui.

Maior torre de pesquisa climática do mundo é inaugurada na Amazônia


A importância do Observatório de Torre Alta da Amazônia (ATTO, na sigla em inglês), inaugurado em agosto de 2015, vai muito além do seu tamanho. Com 325 metros de altura, a maior torre de pesquisas climáticas do mundo permitirá a expansão de pesquisas que tentam desvendar os mecanismos envolvidos nas interações entre a floresta amazônica e o clima regional e global – conhecimentos fundamentais para entender o papel da Amazônia nas mudanças climáticas em curso e, claro, o que podemos fazer para preservar a maior floresta tropical do mundo.

Fruto de uma parceria entre os governos do Brasil e da Alemanha, a torre foi instalada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, entre os municípios de São Sebastião do Uatamã (AM) e Itapiranga (AM), a cerca de 150 quilômetros de Manaus. A iniciativa conta com a participação do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), da Universidade do Estado do Amazonas e dos institutos alemães Max Planck de Química e de Biogeoquímica.

Os laboratórios e equipamentos previstos no projeto permitirão a ampliação de áreas de pesquisa de ponta em temas como a química da atmosfera. Os aparelhos vão medir trocas gasosas, detectar aerossóis e reações químicas, auxiliar no estudo da formação de chuvas e gerar dados sobre os processos de transporte de energia e matéria entre a floresta e a atmosfera. Enquanto torres menores monitoram algumas centenas de quilômetros na floresta, a Torre Alta poderá coletar dados a mais de 1.000 quilômetros de distância.

Para ler o texto completo, clique aqui.

FONTE: Ciência Hoje.

26 de dez. de 2015

A política munduruku

Nas reuniões munduruku, todos podem dar opinião, as decisões são tomadas em consenso (Foto: Anderson Barbosa / Fractures Collective)
Com forte tradição guerreira, índios se organizam e fazem alianças para enfrentar o governo brasileiro. Eles querem barrar as hidrelétricas que podem alagar suas terras no rio Tapajós

Microfone na mão, tronco desenhado com traços pretos e um cocar de penas vermelhas na cabeça, o cacique Juarez Saw discursa: “O governo tá chegando aqui para acabar com tudo: o indígena, a floresta e o rio”. Às margens das bucólicas corredeiras do rio Tapajós, no Pará, 230 índios munduruku se reuniram para discutir a resistência ao projeto do governo federal, que planeja construir até sete hidrelétricas na região. A maior delas, a usina de São Luiz do Tapajós, teria potência máxima de 8.040 megawatts e deve alagar mais de 70.000 hectares de floresta. As águas devem deixar áreas munduruku submersas, entre elas a aldeia Dace Watpu, onde a assembleia foi realizada.

“Eles querem acabar com a história munduruku, mas nós não vamos deixar”. A cada frase entoada pelo cacique, os 230 índios ao seu redor gritam “Sawé!”, expressão que mistura saudação com grito de guerra.

O mesmo grito foi entoado no início de dezembro, em Paris, durante a COP-21, conferência sobre mudanças climáticas das Nações Unidas. Dessa vez, a voz ao microfone era da indígena Maria Leusa Kaba Munduruku, que foi à França receber o Prêmio Equador. Concedido pela ONU, o prêmio reconhece o protagonismo do seu povo contra as usinas como uma ação de “sucesso proeminente na promoção de soluções sustentáveis”. Não é a primeira vez que a organização munduruku chama a atenção da comunidade internacional, a resistência dos indígenas já foi retratada pelos jornais Guardian, Washington Post, Aljazeera e BBC.

No Pará ou em Paris, o elemento que fortalece o grupo é sua habilidade para fazer política. Os indígenas sabem costurar parcerias, manter aliados e têm líderes dedicados a estudar os seus direitos no Brasil e os mecanismos internacionais que podem ser usados em sua defesa.

A capacidade de organização e estratégia está alicerçada em sua própria tradição. Durante a assembleia, fica claro que a experiência em debates políticos é anterior à chegada das usinas. Os índios munduruku tem um rito próprio, que lembra um modelo de democracia participativa. Durante as reuniões, qualquer um pode falar – homem, mulher, jovem ou idoso –, pelo tempo que desejar. Todas as decisões têm que sair por consenso, não importando o tempo que isso tome. Nos quatro dias do evento, as reuniões se estenderam das primeiras horas da manhã até o sol se por. Para dar sustento, corria entre os participantes uma cuia com farinha e água, que era sorvida aos goles.

Os participantes podiam se pronunciar em munduruku ou em português, mas a maioria falava na língua nativa. Apesar da presença de jornalistas e aliados não-indígenas, nem sempre as falas eram traduzidas para o português. “Falar em munduruku é um modo de marcar a nossa diferença, de fazer a política”, diz Jairo Saw, historiador munduruku. Em meio aos discursos, era possível pescar algumas palavras em português, expressões que não existem na língua nativa, como: cientistas, demarcação, barragem, governo e preocupação.


FONTE: Repórter Brasil. 

Incra e movimento social discutem ações do Programa Assentamentos Verdes

Técnicos e gestores do Incra reuniram-se, no dia 17.12 em Santarém (PA), com representantes do Fórum de Controle Social do Programa Assentamentos Verdes (PAV).   


O programa é pauta de discussões internas do Incra desde o início da semana, enquanto o fórum promoveu ontem um encontro, no Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais (STTR) de Santarém, para o qual convidou lideranças do movimento social de 16 municípios do Oeste do Pará.    

Durante a reunião com segmentos do movimento social, o superintendente do Incra no Oeste do Pará, Claudinei Chalito, apresentou a síntese do planejamento da autarquia para 2016.  

Lideranças sindicais e técnicos do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), por sua vez, expuseram as propostas e reivindicações consolidadas do fórum, dentre as quais, a defesa do fortalecimento do Incra e maior celeridade do Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR) em favor dos assentados da reforma agrária.    

As discussões são divididas em cinco eixos: regularização fundiária e ambiental; obtenção, criação e implantação de assentamentos; valorização de ativos ambientais e de atividades produtivas; recuperação de áreas degradadas com geração de renda e segurança alimentar; monitoramento/controle ambiental de assentamentos e gestão do plano.

Por decisão recente do Incra/Sede, todos os assentamentos na jurisdição do Incra Oeste do Pará fazem parte do PAV, portanto, a oficina em curso irá gerar como produto um planejamento de ações para a autarquia na região. A proposta será encaminhada à Coordenação Geral de Meio Ambiente para adequação e consolidação e posterior aprovação pela Presidência do Incra.

Leia o texto completo aqui.

FONTE: Incr Oeste do Pará.

22 de dez. de 2015

Ministério Público Federal processa governo do Pará por não ofertar ensino médio aos povos indígenas no oeste do Estado

A população de cerca de 40 mil índios Maytapu, Cara Preta e Munduruku não tem atendido um direito constitucional básico. Governo alega falta de verbas

O Ministério Público Federal (MPF) enviou processo à Justiça Federal em Itaituba contra o governo do Pará por negar o acesso ao ensino médio aos jovens indígenas da região oeste do estado. Sem escolas nas aldeias, onde moram quase 40 mil índios Maytapu, Cara Preta e Munduruku, os jovens das comunidades são obrigados a se mudar para cidades próximas para continuar os estudos. De acordo com as leis brasileiras, as comunidades indígenas têm direito a educação escolar diferenciada e intercultural, com transmissão de conhecimentos nas línguas maternas desses povos.

“Aos índios é assegurada a oferta do ensino médio diferenciado. Isso corresponde a localização das escolas em terras habitadas pela comunidade indígena, exclusividade no atendimento dessas comunidades, ensino ministrado nas línguas maternas – como forma de preservação da realidade sociolinguística – e organização escolar própria. Assim, a inexistência desse nível de ensino nas aldeias provoca a emigração para as escolas urbanas que, por sua vez, são inadequadas não atendendo às especificidades das comunidades.”

Para o MPF, “o Estado do Pará, em que pese a responsabilidade que lhe é atribuída legalmente, vem, sistematicamente, atuando em sentido contrário ao disposto nas normas relativas à educação indígena”. A ação pede que o estado seja obrigado, em caráter liminar (urgente) a ofertar no ano letivo de 2016 o acesso ao ensino médio, “seja por meios próprios, através da contratação de professores, especialmente indígenas, seja através da celebração de convênios ou acordos de cooperação técnico-científica”.

Processo nº 0002317-91.2015.4.01.3908 - Justiça Federal em Itaituba/PA

Íntegra da ação

FONTE: Ministério Público Federal no Pará/Assessoria de Comunicação, texto disponível também aqui.

Dilma corta 72% da verba contra desmatamento na Amazônia

Levantamento obtido com exclusividade pela Folha indica que a presidente Dilma Rousseff, em seu primeiro mandato, reduziu para R$ 1,78 bilhão os gastos com prevenção e combate ao desmatamento na Amazônia. Em relação à despesa do governo anterior (R$ 6,36 bilhões), uma queda de 72%. A pesquisa foi realizada pelo portal Infoamazônia, coordenado pelo jornalista Gustavo Faleiros. O relatório, "A Política do Desmatamento", será apresentado no dia 31/12.

O antropólogo Ricardo Verdum reuniu os dados sobre gastos relacionados ao Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) por meio do Siga Brasil, sistema de informações sobre orçamento público do Senado. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) apresenta valores diferentes, pois leva em consideração os investimentos previstos no plano em suas três fases.

O relatório cobre os anos de 2007 a 2014. Esse período coincidiu com a manutenção da queda nas taxas de desmatamento iniciada em 2005. Desde então, elas despencaram de 27.772 km2 (2003-04) para uma estimativa preliminar de 4.848 km2 em 2013-14 (ou seja, nos 12 meses até julho do ano passado), uma diminuição de 83%.

Há sinais, no entanto, de que a devastação na Amazônia pode aumentar neste ano. Desde esse último dado anual fechado (2013-14), o Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), de Belém, registrou em seu sistema SAD o total de 1.702 km2. Um salto de 215% sobre o intervalo agosto-fevereiro anterior.

A confirmação dessa tendência, contudo, só virá com os dados oficiais do programa Prodes, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), no final do ano. Sistemas de alerta como o SAD e o Deter (do Inpe) trabalham com grandes margens de erro. Entre agosto de 2013 e janeiro de 2014, o Deter apontou 1.162 km2; nos mesmos meses de 2014 para 2015, o sistema apontou 2.215 km2 –incremento de 91%.


FONTE: Folha de São Paulo/Ambiente.

21 de dez. de 2015

Dilma homologa terras indígenas, mas deixa áreas de conflitos na Amazônia de fora

Os índios Munduruku continuam esperando o reconhecimento de seu território no Pará.

A presidente Dilma Rousseff homologou a demarcação administrativa de quatro terras indígenas no Amazonas, mas deixou de fora territórios que aguardam pelo decreto para por fim a conflitos com fazendeiros e madeireiros ou esperam o reconhecimento para enfrentar a pressão de projetos de construção de hidrelétricas. É o caso da Terra Indígena Buriti, no Mato Grosso do Sul, fortemente ameaçada por fazendeiros, e que foi reconhecida há 10 anos. Outra Terra Indígena excluída é Sawré Muybu, dos índios Munduruku, no Pará, cujo processo demarcatório está parado por pressão política do governo federal.

O número de terras indígenas reconhecidas e homologadas caiu no país nos últimos anos, sobretudo no governo Dilma Rousseff. Em seus dois mandatos, foram apenas 18 terras homologadas. Este número já conta com as homologadas nesta semana e que tiveram os decretos publicados no dia 18/12 no Diário Oficial da União (DOU).

Para ler o texto completo, clique aqui. 

FONTE: Texto de Elaíze Farias para o site Amazônia Real.

14 de dez. de 2015

Acordo contra garimpo ilegal na fronteira da Guiana segue no papel

Garimpo ilegal flagrado no entorno de áreas protegidas no Amapá, no fim de 2012. Foto: © Divulgação / ICMBio
Em países vizinhos de colonização espanhola, a população costuma afirmar que Del dicho al hecho hay un largo trecho, algo como “Do dito ao feito há um longo caminho”, sempre quando a política oficial empurra ações para o futuro com a barriga da inoperância.

Pois, caminha para mais um aniversário o acordo que os então presidentes Lula e Sarkozy firmaram em 23 de dezembro de 2008 para que Brasil e França arregacem as mangas e ajam juntos contra os estragos sociais e ambientais do garimpo ilegal de ouro em larga faixa de fronteira entre o Amapá e a Guiana Francesa.

Estimativas do Governo Francês corroboradas por organizações não governamentais dão conta de pelo menos 20 mil brasileiros garimpando dentro e fora de áreas protegidas no país vizinho. Em meio à Floresta Tropical, a atividade clandestina é protagonizada por pessoas essencialmente pobres, trabalhando sob condições degradantes e alijadas de alternativas de emprego e renda. A prática é fonte de contaminação e de violência.

O mercúrio é usado em garimpos clandestinos ou de pequena escala para separar o ouro de outras substâncias. Indígenas e habitantes de pequenas comunidades amazônicas padecem por consumirem peixes e água contaminados pelo metal, em níveis bem acima dos aceitos pela Organização Mundial da Saúde. Até 15 milhões de pessoas podem estar com a saúde comprometida pelo mercúrio na América do Sul, na África e na Ásia.

Nos últimos anos, operações policiais e militares contra a prática levaram mortes e agressões a ambos os lados da fronteira. Em 2010, na Guiana Francesa, foram presos 1500 estrangeiros. Dois militares franceses foram mortos em junho de 2012 e, em abril do mesmo ano, uma centena de garimpeiros brasileiros foi detida no país vizinho. Já em junho de 2014, um barqueiro brasileiro foi morto por um policial francês ao transportar alimentos e material de trabalho para garimpos ilegais.

Parlamentares e organizações não governamentais europeias têm alertado publicamente para a possível escalada dos problemas frente à inação governamental.

O aperto de mãos Brasil-França esteve no congelador até o fim de 2013, quando a passagem do presidente François Holande por Brasília levou à aprovação do acordo pelo Congresso Nacional e, poucos meses depois, a sua ratificação pelo Brasil. Todavia, até agora não há movimentos práticos para tirar o tratado do papel e, se espera, transformá-lo em fonte de alternativas pacíficas e sustentáveis ao garimpo ilegal.

As ações que brotarem do diálogo binacional podem levar soluções a outros polos de garimpo ilegal em países vizinhos e no Brasil. São estimados 450 mil garimpeiros em atividade no país, especialmente na Amazônia.

O Brasil não produz mercúrio, mas a entrada da substância no país para atividades ilegais ainda não despertou a curiosidade da Polícia Federal. Deveria. Afinal, banir os usos clandestinos e reduzir gradativamente os usos autorizados do metal nos próximos 5 anos é um dos deveres de casa do Brasil como signatário da Convenção de Minamata das Nações Unidas.


FONTE: Texto de Aldem Bourscheit para O Eco, disponível também aqui

ONU anuncia 2017 como o Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento

 A Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 2017 como o Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento. A resolução, aprovada no passado dia 4 de Dezembro, reconhece a importância do Turismo para “estimular a melhor compreensão entre os povos em todos os lugares, e conduz a uma maior consciência da herança de várias civilizações e a uma melhor apreciação dos valores inerentes de diferentes culturas, contribuindo assim para o fortalecimento da paz no mundo “.

“A declaração pela ONU de 2017 como o Ano Internacional de Turismo Sustentável para o Desenvolvimento é uma oportunidade única para aumentar a contribuição do sector do turismo para os três pilares da sustentabilidade – económica, social e ambiental, ao aumentar a consciência das verdadeiras dimensões da um sector que é muitas vezes subestimado”, disse o secretário-geral da Organização Mundial do Turismo (OMT), Taleb Rifai. “Como a principal agência das Nações Unidas para esta iniciativa, a OMT está ansiosa por iniciar a organização e implementação do Ano Internacional, em colaboração com os governos, as Nações Unidas e outras organizações internacionais e regionais de todas as partes interessadas “, acrescentou.

Esta decisão surge no seguimento do reconhecimento pelos líderes mundiais na Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio + 20) que um turismo “bem concebido e bem gerido” pode contribuir para as três dimensões do desenvolvimento sustentável, a criação de emprego e para o comércio.

7 de dez. de 2015

Complexo do Tapajós ampliará emissão de carbono por desmatamento

Complexo de hidrelétricas pode induzir desmate de até 3 milhões de hectares de florestas e afetar mais de 30 terras indígenas, segundo cálculo apresentado em Paris pelo IPAM

Enquanto o governo federal prepara uma medida provisória para autorizar a construção de hidrelétricas em terras indígenas, um novo cálculo sugere que o complexo hidrelétrico do Tapajós pode induzir o desmatamento de até 3 milhões de hectares, no pior cenário. De acordo com o estudo, apresentado pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) em Paris, mais de 30 terras indígenas na região podem ser afetadas, direta ou indiretamente. Isso porque, de acordo com os pesquisadores, o maior desmatamento ocorre de 70 a 90 quilômetros de distância das hidrelétricas. Assim, as emissões de gases de efeito estufa por desmatamento podem aumentar.

O projeto de geração de energia no Tapajós é um dos grandes investimentos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento. Segundo o OC apurou, a expansão do parque hidrelétrico brasileiro foi objeto de discussões ásperas entre a presidente Dilma Rousseff e sua equipe em setembro, na definição do compromisso brasileiro para a conferência do clima de Paris – a INDC. Maurício Tolmasquim, presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética, vinculada ao Ministério de Minas e Energia), era contra essa proposta , e defendia mais investimentos em energia eólica.

Tolmasquim afirmou hoje, em Paris, que o governo está trabalhando para que o leilão das usinas hidrelétricas do Tapajós ocorra em 2016. Ele afirmou que o Brasil não deverá explorar todo o potencial hidrelétrico da Amazônia, mas que novas hidrelétricas são essenciais para garantir a segurança energética do país. “Uma parte desse potencial não será utilizado, devido aos impactos sociais e ambientais. Mas 50% devem ser explorados”, diz Tolmasquim.

O presidente da EPE disse ainda que modelos climáticos que indicam maior incidência de crises hídricas em médio prazo são incertos e, por isso, os investimentos em geração hidrelétrica serão mantidos. A análise de Tolmasquim inclui o estudo encomendado pela extinta Secretaria de Assuntos Estratégicos, que mostra que a expansão da energia hidrelétrica no país pode ser um risco de investimento já em 2040. “Se for construída uma hidrelétrica que gere energia por 30 anos e depois reduza seu potencial, ainda assim é viável economicamente”, diz. “Não devemos ficar prisioneiros dessa questão.” Em 2016 devem ser realizados quatro leilões de energia – já contando com a licença de Tapajós.

TERRAS INDÍGENAS

O OC teve acesso à prévia de uma medida provisória que pretende criar um mecanismo de compensação financeira por meio da exploração do potencial hidráulico para geração de energia. Os recursos seriam aplicados em um fundo de apoio a povos indígenas.

De acordo com Maurício Guetta, advogado do Instituto Socioambiental, a medida é inconstitucional. “Uma eventual regulação deste tema não poderia ser feita via medida provisória.” Guetta avalia que a medida provisória é uma tentativa de aprovar o recebimento de mais recursos, com a atual crise econômica vivida pelo país. Ouça a declaração do advogado ao OC:

A edição da medida provisória ocorre uma semana depois da aprovação do licenciamento “fast track” na Comissão de Desenvolvimento do Senado. O projeto, de autoria do senador Romero Jucá (PMDB-RR), acelera a liberação de licenciamento ambiental para obras consideradas estratégicas para o desenvolvimento do país.

Nara Baré, representante da COIAB (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), afirmou que os indígenas também foram pegos de surpresa sobre a possível MP e considera a medida incompatível com o posicionamento do Brasil na conferência do clima de Paris. “O governo do Brasil se posiciona como se houvesse um diálogo e um consenso sobre a questão indígena, e não há.” Nara Baré também destaca o papel de preservação de florestas e, consequentemente, de carbono desempenhado pelas terras indígenas. “As metas que o Brasil coloca para 2030 são boas, mas o governo não terá perna para cumpri-las.”

FONTE: Texto de Cíntya Feitosa e Cláudio Angelo do Observatório do Clima, em Paris. Texto disponivel também aqui. 

Operação Tabebúia combate esquema de desmatamento ilegal e farsa em Planos de Manejo em 5 empresas exportadoras de madeira com atuação no Pará

Fraudes em planos de manejo chegam a R$ 28 milhões

A operação Tabebúia – nome científico da árvore ipê - iniciou, na manhã de ontem, o cumprimento de mandados judiciais para combater um esquema de desmatamento ilegal e farsa em sistemas florestais que envolvem 5 empresas exportadoras de madeira com atuação no Pará. A fraude ultrapassa R$28, 4 milhões. Até o final da manhã de ontem, 3 mandados de condução coercitiva e 8 de prisão temporária haviam sido cumpridas, sendo 6 na Região Metropolitana de Belém (RMB). 

Iniciada a partir de uma suspeita do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), as investigações flagraram uma concentração de ipê superior à declarada no plano de manejo florestal intitulado PMFS Jovino Vilhena, também chamado de Fazenda Esmeralda, que está localizado no município de Santarém. Através dos dados do Sisflora – sistema que registra a movimentação dos produtos florestais comercializados – foi identificado que tal plano afirmava transportar grandes quantidades de ipê para a empresa exportadora Jari Florestal S/A, localizada a 500 km da sede do plano de manejo.

Porém, as declarações apontavam que o percurso entre o plano e a Jari era cumprido em uma hora e, em alguns casos em até em 10 minutos, quando seriam necessários dias para cumpri-lo. Tratava-se de transportes de madeira ‘virtuais’ que eram registrados no sistema, mas que não existiam na prática. As movimentações feitas apenas pelo PMSF Jovino Vilhena entre 23 de dezembro de 2014 e 27 de fevereiro de 2015 já foram responsáveis por um rombo de R$28, 4 milhões, sendo R$11,7 milhões relacionados às transações apenas de ipê. 

Segundo o superintendente do Ibama, Alex Lacerda, do total de planos de manejo vistoriados pelo instituto, foram identificadas fraudes em mais de 90%. “Essas empresas estão bloqueadas, não podem comercializar, já foram autuadas e vão responder, agora, criminalmente”, garante. Além do Pará, a ação envolveu ainda buscas e apreensões nos Estados de Minas Gerais, Paraná e São Paulo. 

A operação é realizada em conjunto pela Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal (MPF), Ibama e Justiça Federal. Procuradora do MPF, Nayana Fadul explicou que a fraude era executada para ‘esquentar’ carregamentos de madeira ilegais que eram extraídas de áreas indígenas ou de proteção ambiental. Declarando, através da inserção de créditos de madeira ‘virtuais’ no sistema, que o carregamento havia sido retirado de uma área com permissão para tal, os fraudadores faziam com que a madeira comercializada parecesse ‘legal’. 

EMPRESAS

Conforme a PF, a partir da identificação do envolvimento do Plano de Manejo Jovino Vilhena com a empresa Jari Florestal S/A, iniciou-se o estabelecimento de vínculos do mesmo plano florestal com outras 4 empresas que também teriam recebido ipê. São elas: Pampa Exportações; Irmãos Alvarenga Indústria e Comércio de Madeira; KM Comércio e Exportação de Madeiras e a Legno Trade Comércio, Importação e Exportação de Madeira.

Até o momento, não foi identificada o envolvimento de servidores públicos no esquema. Independente disso, foi constatado que, em abril deste ano, a Jari Florestal foi bloqueada pelo Ibama. Porém, de alguma forma que ainda não se conseguiu identificar, a empresa continuava conseguindo atuar dentro da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado do Pará (Semas).

FONTE: Texto de Cintia Magno/Diário do Pará.

Cientista projeta o fim da Amazônia para o ano de 2260

O mapa acima remove os pixels correspondentes à cobertura florestal ao longo do tempo a partir da média de desmatamento anual da região com base no conjunto de dados Global Forest Change (2000-2012). Os novos desmatamentos são atribuídos de acordo com a distribuição de terras cultiváveis, redes rodoviárias existentes e previstas. Outra perda florestal de 0,3% ao ano é adicionada como uma projeção para o aumento do índice de desmatamento no futuro. O cenário restringe a ocorrência de deflorestação no interior de áreas protegidas. O mapa resultante é uma projeção do ano de 2260, quando grande parte da Floresta Amazônica estará para sempre perdida. As projeções foram feitas pelo professor Mark Mulligan , do King´s College de Londres, a pedido do portal brasileiro InfoAmazonia.
AO APLICAR UM MODELO DE DESMATAMENTO com base nas taxas históricas e em áreas protegidas nas quais a fiscalização é ineficiente, um pesquisador britânico chegou a uma conclusão aterradora: restam pouco mais de dois séculos de vida à Amazônia. Após esse período (245 anos, para ser exato), a clássica imagem do tapete verde formado pela copa das árvores – assim como a imensurável biodiversidade – será apenas uma memória registrada em vídeos e fotos. A floresta, que existe há pelo menos 2 milhões de anos, vai desaparecer.
Como se não bastasse, há outra constatação preocupante e muito mais imediata. Bem antes de seu fim, a floresta tropical pode deixar de prestar os serviços ecossistêmicos que ajudam a manter a vida no planeta, tais como o sequestro e o armazenamento do carbono (atuantes na regulaçao do clima), a oferta de água, o controle da erosão e outros. Mas como o geógrafo Mark Mulligan, do King's College de Londres, na Inglaterra, chegou a estas conclusões?
Mark, que trabalha na América Latina desde o início dos anos 1990, é um dos criadores de uma ferramenta de mapeamento de serviços ecossistêmicos chamada Co$ting Nature (em português, algo como "Valorando a Natureza"). A ferramenta online agrega camadas de dados espaciais nos contextos biofísico e sócio-econômico, além de biodiversidade, serviços ecossistêmicos, pressão antrópica e futuras ameaças. "Ela executa uma espécie de contabilidade do capital natural e calcula as prioridades de conservação de cada um quilômetro de pixel em uma escala global ou regional", explica o geógrafo.
A ferramenta, que é um recurso técnico valioso usado por pesquisadores em mais de 1000 organizações em 141 países, já foi aplicada em escala local e nacional em muitos lugares do mundo. Um dos exemplos é o do povoamento colombiano de Gramalote – talvez o primeiro caso no mundo em que uma cidade é inteiramente planejada do zero a partir de critérios de capital natural, tendo o suporte tecnológico de ferramentas como Co$sting Nature.
A reportagem completa, realizada pela equipe do portal brasileiro InfoAmazonia, conta com dados e visualizações exclusivas e pode ser acompanhada no endereço: costingnature.infoamazonia.org
FONTE: Texto de Thiago Medaglia disponível também aqui. 

30 de nov. de 2015

Povo Munduruku receberá prêmio na COP 21 em Paris

Os Munduruku, do Médio Tapajós, estão entre os 21 vencedores do Prêmio Equador (Divulgação)
Enquanto lideranças de vários países se preparam para debater acordos sobre projetos de mitigação do aquecimento global que afetam diretamente áreas de floresta – como a Amazônia brasileira – povos tradicionais silenciados neste processo lutam para garantir autonomia nesses territórios. É o caso do povo Munduruku, da região do Médio Tapajós, que receberá um prêmio pelo projeto de auto-demarcação do próprio território em uma das programações paralelas à conferência, que começa na próxima segunda-feira, 30 de novembro, em Paris. 

Os Munduruku estão entre os 21 vencedores do Prêmio Equador, cujo objetivo é ressaltar alternativas locais que combinam soluções para pessoas e a natureza. A cerimônia de entrega do prêmio, organizado pela ONU, será no dia 7 de dezembro. O povo Munduruku iniciou o processo de auto-demarcação no território, após anos de espera sem ações por parte da Fundação Nacional do Índio (Funai). Como a terra indígena está na reta de interesses econômicos, como a previsão da construção da usina hidrelétrica de São Luis do Tapajós, a demarcação oficial da terra indígena Daje Kapap Eypi está paralisada. O território reivindicado, e há gerações ocupado pelo povo indígena, está localizado nos municípios de Itaituba e Trairão, oeste do Pará.  O local fica a poucos quilômetros da área prevista para a construção da usina de São Luiz do Tapajós, de 8.040 megawatts.

Para ler o texto completo, clique aqui

FONTE: Brasil de Fato. 

Área de influência da UHE Belo Monte é a mais desmatada no Pará


As áreas de influência da UHE de Belo Monte no Pará e das UHEs de Santo Antônio e Jirau em Rondônia são as mais intensamente desmatadas na Amazônia.

FONTE: IMAZON

26 de nov. de 2015

Senado aprova projeto que acelera liberação de licenças ambientais

A Comissão Especial do Desenvolvimento Nacional aprovou no dia 25/11 projeto que acelera a liberação de licenças ambientais para grandes empreendimentos de infraestrutura, com a criação de um procedimento especial para obras “estratégicas e de interesse nacional”. O Projeto de Lei do Senado (PLS) 654/2015 integra a chamada Agenda Brasil.

Conforme o texto, o Poder Executivo indicará, por decreto, obras sujeitas ao licenciamento ambiental especial. O órgão licenciador terá 60 dias para analisar o projeto e os estudos ambientais apresentados e solicitar esclarecimentos. Depois disso, terá mais 60 dias para decidir. Todo o processo levará entre sete e oito meses. Antes o licenciamento normal podia levar até cinco anos.

O projeto recebeu sete votos favoráveis e dois contrários. Cristovam Buarque (PDT-DF) reconheceu que obras são emperradas em nome da sustentabilidade, mas disse temer que o PLS 654/15 fragilize ainda mais o cuidado com o meio ambiente.

Conforme o texto, poderão ser contemplados empreendimentos voltados aos sistemas viário, hidroviário, ferroviário e aeroviário; portos; energia; telecomunicações. Emenda acatada pelo relator retirou da proposta a autorização de licenciamento especial para empreendimentos que explorem recursos naturais.

FONTE: Ciclo Vivo, com informações da Agência Senado.

24 de nov. de 2015

Servidores do DNPM são presos por esquema de fraude em licenças

Investigações do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal (PF) resultaram na operação 'Grand Canyon', executada na manhã desta segunda-feira (23), em Belém, Marabá, Goiânia e Brasília. A ação prendeu o ex-superintendente do Departamento Nacional de Produção Mineral do Pará (DNPM/PA) Thiago Marques de Almeida e o procurador do órgão Ricardo Araújo Lameira. Os dois são acusados de fazer parte de um esquema milionário de fraude.

Foram cumpridos, ainda, 14 mandados de busca e apreensão e seis mandados de condução coercitiva, quando o investigado é levado à sede da PF para prestar esclarecimentos. Dos cinco mandados de prisão, quatro são para servidores do órgão. O quinto é para um geólogo que presta serviços de forma terceirizada ao DNPM.

As investigações começaram após a divulgação de um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) com informações sobre um grupo de empresas que teria se beneficiado na tramitação de processos administrativos no DNPM/PA.

No decorrer do trabalho, foi descoberta a participação de 20 empresas envolvidas no esquema. Destas, cinco eram de fachada. Outras dez empresas também foram beneficiadas pela fraude. Ainda não é possível mensurar o valor desviado pela quadrilha.

Para ler o texto completo, clique aqui. 

FONTE: Ministério Público Federal no Pará - Assessoria de Comunicação

20 de nov. de 2015

Divulgado o primeiro mapa global de água subterrânea

Imagem: Karyn Ho
Pela primeira vez desde que um cálculo do volume mundial das águas subterrâneas foi tentado na década de 1970, um grupo internacional de hidrólogos produziu a primeira estimativa das reservas totais de águas subterrâneas da Terra.

Com a crescente demanda global por água – especialmente tendo em vista as mudanças climáticas – este estudo fornece informações importantes para os gestores de recursos hídricos e desenvolvedores de políticas, bem como para pesquisas de campo, na hidrologia, ciência atmosférica, geoquímica e oceanografia.

A equipe, liderada por Tom Gleeson, da Universidade de Vitória, no Canadá, usou vários conjuntos de dados (incluindo dados de perto de um milhão de bacias hidrográficas) e mais de 40.000 modelos de águas subterrâneas para compor o mapa-múndi das águas subterrâneas.

Os cálculos estimam um volume total de cerca de 23 milhões de quilômetros cúbicos de água subterrânea – muito próximo da estimativa feita há 40 anos.

Para comparação, se fosse possível retirar essa água e depositá-la sobre a parte seca da Terra, ela poderia produzir um dilúvio que cobriria todos os continentes com uma profundidade de 180 metros – ou poderia elevar os níveis do mar em 52 metros se fosse espalhada sobre o globo inteiro.

Idade das águas
Do total das águas subterrâneas da Terra, apenas cerca de 0,35 milhão de quilômetros cúbicos é mais jovem do que 50 anos de idade. Essa fração de “água jovem” recarrega-se através das chuvas e dos cursos d’água em uma escala temporal de algumas décadas, representando assim a parte potencialmente renovável das águas subterrâneas. Segundo Gleeson, as águas mais profundas são salgadas demais, isoladas e estagnadas, e deveriam ser vistas como recursos não-renováveis.

O volume da água subterrânea moderna supera todos os outros componentes do ciclo hidrológico ativo e é um recurso renovável. Contudo, como está mais perto das águas de superfície e se move mais rapidamente do que as águas subterrâneas antigas, ela é também mais vulnerável às alterações climáticas e à contaminação por atividades humanas.

FONTE: Com informações Inovação Tecnológica e  Geology Page, texto disponível no Mundo Geo, aqui

16 de nov. de 2015

INCRA revoga ato e retoma a gestão de dois assentamentos no Oeste do Pará: PA Ituqui, município de Santarém, e PA Areia,entre Itaituba e Trairão.

As resoluções contendo a revogação dos atos de consolidação foram publicadas, no dia 29 de outubro deste ano, no Diário Oficial da União (DOU). “Este ato administrativo permite que o INCRA insira as ações referentes a estes PAs – o que antes não era possível – com a finalidade de prosseguir no desenvolvimento e na melhoria da qualidade de vida dos beneficiários. 

Já existem ações que estamos adicionando na nossa programação, como supervisão ocupacional, aplicação de créditos e projetos de infra-estrutura”, informa o superintendente do INCRA Oeste do Pará, Claudinei Chalito. A consolidação é o ato final da política de reforma agrária relacionado a um projeto de assentamento, quando “as famílias já Claudinei-Chalito-da-Silvaestariam aptas a seguir sua trajetória, não sendo mais necessária a ação e o acompanhamento tutorial do Estado”, segundo relatório da Procuradoria Federal Especializada (PFE) a serviço do INCRA. Na prática, cessam os investimentos da autarquia em assentamentos consolidados. 

Os atos de consolidação dos PAs Ituqui e Areia foram publicados no ano de 2002, pela Superintendência do INCRA em Belém (PA), até então, responsável pela gestão desses assentamentos. A partir de 2005, os processos de todos os assentamentos no Oeste do Pará foram transferidos para a Regional do Incra com sede em Santarém, criada em maio daquele ano. 

Os processos de consolidação dos PAs Ituqui e Areia voltaram a ser submetidos à avaliação em razão de denúncias do Ministério Público Federal (MPF), da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e de associações representativas dos assentamentos, além de relatórios de vistorias produzidos por técnicos do INCRA Oeste do Pará. 

Com base nesses dados, para ambos os casos, a PFE INCRA produziu parecer recomendando a anulação da consolidação desses assentamentos. A conclusão dos relatórios da PFE INCRA é que não foram cumpridas as condições para a consolidação dos PAs Ituqui e Areia, restando investimentos em infra-estrutura, aplicação de créditos, assistência técnica e a titulação de, ao menos, 50% dos lotes. Além disso, não foram produzidos relatórios conclusivos relativos aos investimentos em bens e serviços que justificassem a consolidação desses projetos. Em razão dos fatos, o CDR da Regional do INCRA Oeste do Pará votou pela anulação da consolidação dos PAs Ituqui e Areia, ou seja, o órgão retoma a gestão dessas áreas, e as famílias tornam-se novamente aptas a serem beneficiárias das políticas públicas da reforma agrária. 

O PA Ituqui possui capacidade para 283 famílias e área de 16.138 hectares, enquanto o PA Areia, capacidade para 280 famílias e área de 20 mil hectares.

FONTE: Sempolêmica.com.

12 de nov. de 2015

Embarcação vira no Rio Tapajós próximo a Belterra


Uma embarcação virou no rio Tapajós na madrugada do dia 10 entre os municípios de Belterra e Aveiro, no oeste do Pará. De acordo com a Capitania Fluvial de Santarém, no momento do acidente tinham 39 pessoas entre passageiros e tripulantes a bordo. Todos escaparam com vida. Segundo o capitão Robson Oberdan é provável que o barco tenha colidido com pedras submersas. A embarcação tinha capacidade para transportar aproximadamente 100 pessoas.

O resgate das vítimas foi feito por um barco do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) que passava pelo local. Em entrevista ao G1, a coordenadora regional do instituto, Alcilene Cardoso, contou que os técnicos fizeram contato ainda durante a madrugada informando sobre o acidente. “O primeiro socorro foi dos nossos técnicos. Eles nos disseram que provavelmente bateu em pedras porque o rio está seco neste período. A nossa equipe sempre faz viagens a Resex Tapajós-Arapiuns e estavam no lugar certo, na hora certa”, contou.

A Capitania Fluvial de Santarém enviou uma equipe ao local do acidente para fazer o levantamento das informações e fazer a perícia inicial. Será instaurado um inquérito administrativo com prazo inicial de 90 dias para apurar as causas do acidente e os possíveis responsáveis.

FONTE: G1.

Nova espécie de peixe foi encontrada na Flona Tapajós, em Aveiro


FONTE: UFOPA.

Carimbó recebe título oficial de patrimônio cultural brasileiro


Um dos ritmos mais importantes da cultura paraense, o carimbó, recebeu ontem (11), o certificado oficial de patrimônio cultural imaterial brasileiro. A cerimônia será às 18h, no Museu do Estado do Pará (MEP). Em seguida, do lado de fora, haverá uma grande roda de carimbó, com a participação de grupos formados na capital e no interior do estado. A ação integra a programação da Semana do Patrimônio Paraense, promovido pelo Departamento de Patrimônio Imaterial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DPI/IPHAN), com o apoio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult).

Antes da entrega do título, organizada pela Associação dos Agentes de Patrimônio da Amazônia (Asapam), com o apoio da Coordenação Estadual da Campanha do Carimbó, haverá uma mesa-redonda, marcada para às 15h, para tratar da política de valorização do patrimônio imaterial brasileiro. O evento contará com a presença de TT Catalão, do Departamento de Patrimônio Imaterial do Instituto do Iphan (DPI/IPHAN); Isaac Loureiro, da Campanha do Carimbó; Alessandra Ribeiro (Jongo Dito Ribeiro/Campinas-SP), e Neto de Azile, do Comitê Gestor do Tambor de Crioula-MA.

“Para nós da Secult, é muito importante poder contribuir de alguma forma com essa cerimônia, por isso, fizemos questão de abrir as portas dos nossos espaços, tanto do Museu de Arte Sacra, onde vai ocorrer a mesa-redonda, quanto do salão do Museu do Estado, onde vai ocorrer a cerimônia de entrega do título”, ressalta a diretora do Sistema Integrado de Museus e Memoriais, da Secult, Mariana Sampaio.

Ela lembrou ainda que, recentemente, o ritmo foi utilizado para mostrar a força da cultura paraense, durante um jantar oferecido ao príncipe japonês Akishino e sua esposa, a princesa Kiko, no MEP, pelos 120 anos da migração japonesa no Brasil. O casal foi homenageado com um jantar, seguido de uma apresentação de carimbó.

Processo

Até receber o título de patrimônio cultural imaterial brasileiro, que será entregue hoje, um longo caminho foi percorrido. A formalização do pedido foi feito pela Irmandade de Carimbó de São Benedito, da Associação Cultural Japiim, da Associação Cultural Raízes da Terra e da Associação Cultural Uirapuru, com abertura de processo junto ao Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan. Foi o Instituto que promoveu uma pesquisou sobre o ritmo em diversas localidades do estado, dando origem ao “Dossiê Carimbó”, que posteriormente foi transformado em um documento final.

O carimbó, segundo o Dossiê, foi criado no século XVII por negros africanos radicados na região nordeste do Pará, com influências das culturas indígena e portuguesa e acabou se tornando uma das mais tradicionais formas de expressão cultural do estado.

O ritmo foi inscrito no Livro de Registro das Formas de Expressão no dia 11 de setembro de 2014, e só partir daí passou a ser reconhecido como patrimônio cultural imaterial brasileiro. A escolha foi comemorada com uma grande festa, no Centur, com a participação de artistas paraenses, especialmente mestres de carimbo e dançarinos.

Além da cerimônia de entrega do título, será instalado hoje o Comitê Gestor da Salvaguarda do Carimbó, composto por mestres e representantes de grupos de carimbó indicados durante o I Congresso Estadual do Carimbó.

FONTE: Texto de Alexandra Cavalcanti para Secretaria de Estado de Cultura do Pará/Agência Pará.

6 de nov. de 2015

INCRA nomeia ouvidor agrário para atuar no Baixo Amazonas e eixo da Br 163

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) nomeou DEIVISON DE JESUS BARBOSA como ouvidor agrário para atuar na jurisdição do órgão com sede em Santarém (PA), que compreende 19 municípios do Baixo Amazonas e no eixo da BR 163. A portaria de nomeação foi publicada no dia 5 no Diário Oficial da União e é assinada pela presidente do INCRA, Maria Lúcia Falcón. A indicação para assumir a função de ouvidor é do superintendente do INCRA Oeste do Pará, Claudinei Chalito. Deivison Barbosa é servidor de carreira do INCRA e ocupa o cargo de engenheiro agrônomo desde junho de 2013, lotado em Santarém. É natural do Rio de Janeiro e graduado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). 

FONTE: Do site Sem Polêmica - De Rurópolis para o Mundo, visite aqui

Líder indígena do Pará assume cargo na cúpula da Funai

Saiu hoje (6) no Diário Oficial da União a nomeação da antropóloga e líder indígena paraense Iza Tapuia para a Funai. A santarena vai ocupar o cargo de assessora direta do amazonense João Pedro.

Iza já dirigiu a Coordenadoria de Proteção dos Direitos dos Povos Indígenas e das Populações Tradicionais do Pará, vinculada à pasta estadual de Justiça e Direitos Humanos. Atualmente ela faz doutorado em “Ciência do Ambiente”, na UFT (Universidade Federal do Tocantins). O posse dela no cargo deve ocorrer na próxima semana, em Brasília.

FONTE: Do Blog do Jeso Carneiro.

Pesquisadores de Santarém desenvolvem filtro alternativo para purificar água contaminada

FONTE: O Estado Net, disponível também aqui.

5 de nov. de 2015

2ª Chamada de Apoio às Iniciativas Juvenis do Projeto Saúde & Alegria

O Projeto Saúde & Alegria lança a 2ª Chamada de Apoio às Iniciativas Juvenis. 

A chamada faz parte da campanha Rede de Educação Popular pelos Direitos das Crianças e Adolescentes da Amazônia e visa incentivar o protagonismo juvenil e a condução de ações socioeducativas. O apoio funcionará de forma colaborativa às iniciativas que tenham como objetivo buscar propostas aos problemas comunitários relacionados aos direitos da criança e do adolescente. 

Serão aceitas propostas de cunho educativo, social, ambiental e cultural tendo em vista as necessidades das crianças, adolescentes e jovens da comunidade. As ideias selecionadas receberão apoio técnico, material e formativo do Saúde & Alegria. A Chamada funciona de forma colaborativa e de apoio às iniciativas que tenham como objetivo buscar propostas aos problemas comunitários relacionados aos direitos da criança e do adolescente.

Para saber mais clique aqui.

FONTE: Saúde e Alegria.

2 de nov. de 2015

Mundurukus presentes no III Chamado da Floresta, Santarem, exigem a demarcação do Território!


FONTE: Karo Munduruku.

Maior aquífero do mundo fica na Amazônia e abasteceria o planeta por 250 anos


Imagine uma quantidade de água subterrânea capaz de abastecer todo o planeta por 250 anos. Essa reserva existe, está localizada na parte brasileira da Amazônia e é praticamente subutilizada.

Até dois anos atrás, o aquífero era conhecido como Alter do Chão. Em 2013, novos estudos feitos por pesquisadores da UFPA (Universidade Federal do Pará) apontaram para uma área maior e deram uma nova definição.

"A gente avançou bastante e passamos a chamar de SAGA, o Sistema Aquífero Grande Amazônia. Fizemos um estudo e vimos que aquilo que era o Alter do Chão é muito maior do que sempre se considerou, e criamos um novo nome para que não ficasse essa confusão", explicou o professor do Instituto de Geociência da UFPA Francisco Matos.

Segundo a pesquisa, o aquífero possui reservas hídricas estimadas preliminarmente em 162.520 km³ --sendo a maior que se tem conhecimento no planeta. "Isso considerando a reserva até uma profundidade de 500 metros. O aquífero Guarani, que era o maior, tem 39 mil km³ e já era considerado o maior do mundo", explicou Matos.


O aquífero está posicionado nas bacias do Marajó (PA), Amazonas, Solimões (AM) e Acre --todas na região amazônica--, chegando até a bacias subandinas. Para se ter ideia, a reserva de água equivale a mais de 150 quatrilhões de litros. "Daria para abastecer o planeta por pelo menos 250 anos", estimou Matos. 

O aquífero exemplifica a má distribuição do volume hídrico nacional com relação à concentração populacional. Na Amazônia, vive apenas 5% da população do país, mas é a região que concentra mais da metade de toda água doce existente no Brasil.

Por conta disso, a água é subutilizada. Hoje, o aquífero serve apenas para fornecer água para cidades do vale amazônico, com cidades como Manaus e Santarém. "O que poderíamos fazer era aproveitar para termos outro ciclo, além do natural, para produção de alimentos, que ocorreria por meio da irrigação. Isso poderia ampliar a produção de vários tipos de cultivo na Amazônia", afirmou Matos.

Para o professor, o uso da água do aquífero deve adotar critérios específicos para evitar problemas ambientais. "Esse patrimônio tem de ser visto no ciclo hidrológico completo. As águas do sistema subterrâneo são as que alimentam o rio, que são abastecidos pelas chuvas. Está tudo interligado. É preciso planejamento para poder entender esse esquema para que o uso seja feito de forma equilibrada. Se fizer errado, pode causar um desequilíbrio", disse.

Mesmo com a água em abundância, Matos tem pouca esperança de ver essa água abastecendo regiões secas, como o semiárido brasileiro. "O problema todo é que essa água não tem como ser transportada para Nordeste ou São Paulo. Para isso seriam necessárias obras faraônicas. Não dá para pensar hoje em transportar isso em distâncias tão grandes", afirmou.

FONTE: Uol Notícias.

Índios já viviam na Amazônia 11 mil anos antes da chegada dos colonizadores

Quando os primeiros exploradores espanhóis e portugueses descobriram a Amazônia, pouco mais de 1500 anos atrás, ela já havia sido descoberta por populações indígenas há mais de 11 mil anos. As pesquisas arqueológicas na região revelam uma sociedade complexa, cujas obras impressionantes em madeira não resistiram ao tempo.

A arqueóloga e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), Denise Schaan, fala sobre as sociedades que viviam na região muito antes do “Novo Mundo” ser descoberto. “Em vez de construírem templos e pirâmides de pedra, na falta dessas, utilizaram construções de terra e madeira. O problema é que a madeira não sobreviveu”, considera. Isso porque há problemas de preservação de artefatos nos solos tropicais.

A pesquisadora conta que as descobertas arqueológicas validam os relatos históricos, na maioria das vezes, mas são importantes por fornecer provas materiais sobre o modo de vida dessas sociedades. “Os dados fornecidos pelas crônicas produzidas nos séculos XVI e XVII são interessantes, mas problemáticas, pois não eram cientistas a registrar o modo de vida indígena, mas os conquistadores, com diferentes interesses”, explica.

Primeiros habitantes já construíam diques e barragens - Objetos de cerâmica, urnas funerárias, objetos com valor de troca entre elites, vestígios de barragens e construção de diques e de grandes e altas plataformas de terra ou, ainda, de valetas defensivas estão entre as descobertas estudadas nos sítios arqueológicos da região.

“Os artefatos mais comuns são fragmentos de panelas de cerâmica, vasos, tigelas, pratos, alguns muito decorados com insígnias étnicas, referências a mitos, linhagens, os quais eram usados em festas e rituais. Há, também, muitos objetos feitos de rochas, como contas de colares, rodelas de fuso (para fiar), lâminas de machado, pingentes, muiraquitãs etc. Estes últimos eram objetos de troca entre as elites”, revela.

Denise Schaan enumera vários sítios arqueológicos no Estado do Pará, entre eles, os tesos do Marajó, com urnas funerárias adornadas; as pinturas em Monte Alegre; as inscrições em pedrais ao longo do Rio Xingu; no Araguaia, no Trombetas e em outros rios menores, os extensos sítios de terra preta dos rios Nhamundá, Trombetas e Santarém, os quais contêm objetos de cerâmica muito curiosos, com muitos adornos na forma de animais. “Enfim, há uma diversidade cultural muito grande, que mostra ocupações humanas desde 11 mil anos atrás até a chegada dos europeus.”

Agentes da preservação da Amazônia – Para a pesquisadora, a arqueologia na Amazônia mostra a importância da correlação entre biodiversidade e sociodiversidade, na medida em que as sociedades que viviam na região desenvolveram estratégias eficazes para manejar e preservar os recursos de forma sustentável.

“As populações indígenas desenvolveram muitos saberes sobre a Amazônia que não são bem aproveitados. Algumas apartes da Amazônia são ambientes muito frágeis à exploração intensiva, e práticas incorretas podem levar à exaustão dos recursos e a desastres ecológicos. Infelizmente, não se considera o saber local na elaboração de políticas públicas. Na Arqueologia, acabamos por estudar práticas antigas que são sustentáveis e poderiam ser usadas hoje em dia. Temos que aprender com o passado e não ignorá-lo.”

FONTE: Texto de Glauce Monteiro – Assessoria de Comunicação da UFPA, disponível tambem aqui.

22 de out. de 2015

Estudos do IPAM mostram a relação entre as florestas, os serviços ambientais e o clima

Na Amazônia brasileira, os povos indígenas detêm uma parcela significativa das florestas da região. O conjunto de suas Terras cobre cerca de 110 milhões de hectares e agrega aproximadamente 30% do carbono florestal da região, o que corresponde a algo por volta de 13 bilhões de toneladas de carbono. As Terras Indígenas (TIs) amazônicas desempenham um papel fundamental na contenção do avanço do desmatamento na região. Por conseguinte, têm um papel extremamente relevante para a conservação da biodiversidade e para o cumprimento das metas de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) assumidas pelo Brasil através da lei que estabeleceu a Política Nacional de Mudança do Clima (PNMC, Lei nº 12.187/2009).

Em paradoxo, as TIs, mesmo abrigando este vasto “oceano verde” estão sob ameaça dos impactos climáticos. Entre os anos de 2000 a 2012, 58% das Terras Indígenas da região sofreram com anomalias de seca, ou seja, secas mais severas que a média. Dessas, 67% tiveram mais da metade de sua área afetada por secas severas.

Mesmo com essa ameaça às TIs, que podem impactar diretamente na produção agrícola da região, o investimento para contenção de desmatamento e a proteção dessas áreas são escassos.

Atualmente, o principal instrumento de incentivo às ações de redução ao desmatamento e proteção florestal na região amazônica é o Fundo Amazônia, que toma como base o valor de U$5,00/ tonCO² (aproximadamente R$17,45/tonCO²). Este valor é bem maior que os recursos destinados à Funai que, não chegam a R$0,63/ha/ano.

Acesse as publicações:


FONTE: IPAM.

20 de out. de 2015

Texto do Reporter Brasil sobre garimpo no Tapajós

Comunidade tradicional e mineradora disputam área rica em ouro na floresta amazônica. Enquanto processo se estende na justiça, trabalhadores e meio ambiente são prejudicados

O garimpo feito pelos moradores da comunidade São José é baseado em extração artesanal (Foto: Guilherme Gomes)
Antônio Ferreira da Silva tinha apenas 15 anos quando chegou na Vila de São José, em 1970. Apesar da pouca idade, ele fora atraído pelos relatos de que aquelas terras, localizadas à beira do rio Pacu, um afluente do Tapajós, no Pará, eram ricas em ouro. Foi ali, em meio aos rigores da Floresta Amazônica, que ele aprendeu a empunhar picareta e pá e cavar o chão atrás do minério. Enquanto crescia, presenciou as transformações da vila: a chegada dos primeiros garimpeiros, os anos de intensa e violenta corrida do ouro, a calmaria que se seguiu e a formação de uma comunidade estável no local. “Eu já passei por fases boas e outras difíceis aqui. O garimpeiro é assim: ele pode até sofrer, mas quando ganha dinheiro esquece de tudo”, diz Antônio, que hoje trabalha no garimpo ao lado de dois filhos.

Durante os 45 anos que viveu ali, ele nunca precisou de documento para trabalhar nas minas da região. A posse das terras era mantida apenas na palavra. Mas tudo mudou em 2010, quando a Mineradora Ouro Roxo, que tem entre seus acionistas o grupo canadense Albrook Gold Corporation, pediu ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) a autorização para explorar uma área onde centenas de garimpeiros trabalhavam. Como eles atuavam ali de maneira informal, o órgão concedeu o pedido e os ocupantes foram expulsos do local. Segundo os habitantes da vila, antes da Ouro Roxo aparecer, garimpeiros locais já haviam feito o pedido para explorar a área, mas não receberam resposta do órgão.

São muitas as diferenças entre o modo como uma grande empresa atua e os garimpeiros locais exploram a terra. O fato dos trabalhadores morarem no local é determinante para a preocupação com os impactos ambientais, já que eles bebem a água dos rios, se alimentam da fauna e flora e sentiriam na pele qualquer tipo de contaminação. Os métodos que eles usam mudaram poucos desde os anos 1970 e são menos invasivos: são poços cavados no chão, que podem chegar a 30 metros de profundidade, e poucas máquinas para processar o material retirado da terra. Isso contrasta com a atuação das grandes mineradoras, que operam usando retroescavadeiras e outros maquinários de grande porte, causando mudanças mais radicais no meio.

A proteção ao meio ambiente foi um dos fatores citados em uma decisão liminar da Justiça Federal, baseada numa ação do Ministério Público Federal, que obrigou o DNPM a suspender a concessão em nome da Ouro Roxo e a analisar o pedido de lavra garimpeira dos moradores da vila São José. A decisão foi em dezembro de 2014. Até hoje, no entanto, o pedido dos garimpeiros não foi analisado, o que deixa a comunidade em situação frágil, sem contar com a posse formal da terra.

A formalização das atividades seria essencial para que os garimpeiros fossem instruídos e obrigados a cumprir as regras de preservação ambiental e de segurança do trabalho. A ausência dessas normas ameaça a própria vida dos trabalhadores. No dia 18 de setembro, quando a Repórter Brasil visitava a vila, um acidente tirou a vida de uma das principais lideranças do local. Osmar Silva, presidente da comunidade, inalou gás ao entrar em uma das minas, ficou inconsciente e caiu no fundo do poço, morrendo com o impacto. O luto parou a comunidade por dois dias. Segundo os moradores, esse tipo de acidente é raro no local. Ainda assim, ele poderia ser evitado se o garimpo fosse regularizado e os garimpeiros fossem instruídos a seguir as regras básicas de segurança do trabalho.
A regularização também é importante pelo fato de a comunidade estar localizada dentro da Área de Proteção Ambiental do Tapajós, que tem mais de 2 milhões de hectares e foi criada em 2006. Esse tipo de unidade de conservação permite presença humana maior do que os Parques e Florestas Nacionais. Ainda assim, as atividades econômicas devem ser planejadas de modo a preservar a fauna e a flora do local. Esse foi um dos fatores que norteou a ação do Ministério Público Federal, uma vez que foram constatados prejuízos ao meio ambiente no trabalho da mineradora.

Os moradores de São José denunciam, por exemplo, o uso irregular pela empresa de cianeto, um produto químico usado para tratar o rejeito do garimpo. Ele pode ser altamente tóxico se despejado no ambiente e contaminar rios e lençóis freáticos. “Eu não me agradei quando vi eles chegando aqui com as máquinas e os produtos químicos”, diz Osimar Alves Jesus, conhecido como Marcha Lenta, que era presidente da comunidade quando a mineradora começou a atuar na região. “Sempre reclamamos da falta de proteção ao usar o cianeto. Aquilo era derramado no igarapé, matava os peixinhos”.

O governo do Pará constatou irregularidades no uso do produto, incluindo rachaduras e furos no material usado para contê-lo. Na ação movida pelo Ministério Publico Federal, o órgão afirma que a empresa causa “graves impactos ao meio ambiente, à população local e, ainda, aos seus próprios colaboradores, vez que não armazena substância tóxica da forma devida.” Por não cumprir as condições ambientais, a ação pede que a licença ambiental da Ouro Roxo seja anulada. Procurada pela reportagem, a Mineradora Ouro Roxo não respondeu aos pedidos de entrevista.

Ouro sem febre

No imaginário brasileiro, os garimpos são terras sem lei, onde os conflitos são resolvidos a bala e o ouro desperdiçado em cachaça, jogos e prostituição. São José é o oposto dessa imagem. Uma comunidade pacata de 1.500 habitantes encravada na floresta. As casas e mercados da vila estão distribuídos em volta de um campo de futebol, que permanece vazio a maior parte do tempo e, aos domingos, sedia partidas entre times de garimpeiros. Uma escola atende 56 crianças, que brincam pelas ruas de terra quando não estão em aula.

É também ao redor do campo de futebol que se concentram os bares e bordéis em que os garimpeiros costumam gastar o ouro ganho durante a semana. Em São José, no entanto, as noitadas não têm mais a mesma intensidade de outros tempos. Em algumas noites, os cachorros da vila fazem mais barulho do que os bêbados, o que seria impensável nos anos 1980. Nessa época, quando foi garimpado muito ouro na região, os bares passaram a ficar lotados, e a violência explodiu. “Era muito comum as pessoas morrerem de facada ou de tiro. E o pessoal continuava bebendo e dançando em volta do morto, como se nada tivesse acontecido”, diz Mara, dona de um dormitório na comunidade.

Com o passar dos anos a vila se acalmou. A quantidade de minério retirado das minas diminuiu e a febre do ouro abrandou. Ao mesmo tempo, os primeiros garimpeiros envelheceram, casaram-se — alguns com as prostitutas da vila — e formaram famílias. As crianças cresceram, casaram e formaram uma comunidade ligada também por laços de sangue.

Iranilda Sales, por exemplo, chegou em São José no ano de 1967, com apenas cinco meses de idade. Seus pais vieram trabalhar no garimpo. Ali, ela se casou com Antonino Ferreira, teve três filhos e um neto. São quatro gerações de sua família que viveram ali, tirando sustento diretamente do ouro explorado na região. “Eu fico muito feliz quando consigo reunir toda a família para almoçar aqui no domingo. É uma satisfação muito grande”, diz, apontando para a mesa onde a refeição é servida.
Iranilda Sales (centro) chegou com cinco meses de idade. Ela se casou com Antonino Ferreira, conhecido como Rondônia, e hoje tem neto vivendo na vila. 

Enquanto alguns garimpeiros desperdiçaram todo o ouro que coletaram, outros o usaram para comprar bares, lojas e investir no futuro da família. José Gilmar de Araújo, por exemplo, usa o dinheiro que ganha para pagar a mensalidades da faculdade de dois filhos que estudam fora. “Eu só sei trabalhar com garimpo. Se sair daqui, passo fome. Mas quero um futuro diferente para meus filhos”, diz.

A noção de que havia se instalado ali uma comunidade tradicional foi um dos principais argumentos usados na ação do Ministério Público Federal. As primeiras notícias de ocupação da área datam dos anos 1940, quando seringueiros exploravam a região. Com o fim do ciclo da borracha, garimpeiros começaram a atuar já nos anos 1950. Baseados em um parecer elaborado pelos pesquisadores Maurício Torres e Natalia Ribas Guerrero, os procuradores federais afirmaram que a Vila de São José tem características de uma população tradicional, que estava na região antes da empresa chegar e, por isso, teria o direito de garimpar a terra.

Corrida pelo título da terra

A posse da terra nunca foi motivo de muito debate em São José. De modo geral, ninguém era impedido de trabalhar em um pedaço de chão que já tivesse um dono, bastava ao garimpeiro pagar uma porcentagem pelo uso do local. “Aqui não tinha isso de assinar papel não, todo mundo sabia de quem a terra era. Era palavra de homem”, diz José da Costa, o Zé cabeludo, que trabalha na região desde 1978. “Foi só nos últimos anos que isso mudou, com a vinda de gente de fora.”

A prática foi alterada com a chegada da Mineração Ouro Roxo, nome inspirado num garimpo da região e da cooperativa que explorava o local. Em 2007, no entanto, a empresa dirigida por Dirceu Frederico Sobrinho comprou o direito de explorar a área da cooperativa e adotou o nome para si. Até hoje, essa compra é contestada na justiça, uma vez que apenas 14 dos cooperados receberam pelo negócio. Os outros 300 garimpeiros que atuavam no garimpo foram expulsos do local.

A maior parte dos trabalhadores expulsos passou a atuar em outros dois garimpos próximos dali: a Pimenteira e a Paxiúba. Mas foi aí que a comunidade sentiu o maior golpe. Em 2010, a mineradora também conseguiu o direito de explorar o subsolo dessas outras áreas. “Isso foi muito injusto. Todo mundo sabe que quem descobre onde tem ouro são os garimpeiros. A gente estava aqui trabalhando, mas como não tínhamos os documentos, perdemos a área”, diz Wanderley Pinheiro da Silva, presidente da Associação de Moradores de São José.

Em abril do mesmo ano, a Polícia Federal apareceu em São José, expulsou todos os trabalhadores que atuavam no local e apreendeu o maquinário utilizado. Como 90% dos garimpeiros da vila trabalhavam ali, a comunidade passou por sérias dificuldades durante os três anos em que as atividades ficaram paradas. O ouro sumiu das ruas e muita gente teve que ir embora para não passar fome.

O caso não atrapalhou a vida só dos garimpeiros. O ouro retirado das minas era responsável por fazer girar toda a economia local. Esterlito dos Anjos, por exemplo, é dono de um mercado na vila. Ele diz que teve um prejuízo de pelo menos 500 mil reais com a ação. “Muitos garimpeiros nunca puderam me pagar o que deviam. Essa ação foi uma barbaridade, uma brutalidade”, diz.

Foi aí que os moradores do local procuraram o Ministério Público Federal. Em 2013, enquanto o órgão analisava a questão, eles decidiram agir e reocupar os dois garimpos como forma de protesto. No final do ano passado a Justiça proferiu a primeira decisão sobre o caso, obrigando o DNPM a suspender a concessão de lavra à Ouro Roxo e a analisar os pedidos de permissão de lavra dos comunitários de São José.

Procurado, o DNPM diz que cumpriu a primeira parte da decisão, mas não identificou nenhum requerimento ou pedido formalizado pelos garimpeiros da Vila São José. “Portanto, legalmente, perante o DNPM quem detêm a titularidade da área é a empresa Mineradora Ouro Roxo Ltda”, afirmou o órgão em comunicado.

Segundo o advogado dos garimpeiros, isso não é verdade. Embora não haja requerimento feito em nome da comunidade como um todo, diversos moradores já deram entrada com pedidos no órgão. O Ministério Público Federal confirma ter informações sobre a existência desses requerimentos, O processo ainda está tramitando, e deve se estender por mais alguns anos até que tudo seja resolvido.

Enquanto esperam a decisão da justiça ou um acordo com a empresa, os garimpeiros não podem fazer planejamento ou investimento na área, pois correm o risco de perder a posse a qualquer momento. “Hoje dependemos da legalização para que possamos ter uma melhoria de vida. Com ela vamos poder conseguir do governo melhorias e empréstimos”, diz José de Alencar, presidente da Cooperativa de Garimpeiros que hoje atua na área.

Outro projeto que depende da regularização para ser posto em prática é o de reflorestamento de áreas já garimpadas. Segundo José de Alencar, existe um plano de criar uma cooperativa extrativista e plantar açaí e buriti em áreas de baixões que já foram explorados. “Queremos reflorestar o que nossos antepassados danificaram e assim, garantir a sobrevivência da nossa comunidade”, diz. “Nós precisamos da legalização do nosso pedaço de terra na Pimenteira e no Paxiúba. Pois essa terra foi de nossos avós, passou de geração em geração e um dia vai ser de nossos filhos.”

FONTE: Texto de Guilherme Rosa, de Jacareacanga, Pará | 17/10/15 para Repórter BRasil, disponível também aqui.