Aconteceu nos dias 20 e 21 de outubro na comunidade Pimental, um encontro de lideranças
ameaçadas pelos projetos de hidrelétricas do complexo Tapajós. Participaram da
atividade cerca de 100 ribeirinhos, pescadores, indígenas e movimentos sociais
de toda região. A atividade foi realizada pelo
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Comissão Pastoral da Terra (CPT) em
parceria com a Terra de Direitos, organização que presta assessoria jurídica às
populações ameaçadas pelos grandes projetos de infraestrutura que violam os
direitos das populações.
O objetivo da atividade era
promover um espaço de articulação e construção de estratégias de luta conjuntas
dos povos do Tapajós na luta contra as hidrelétricas. “Essa atividade é
histórica, pois conseguimos reunir varias organizações e lideranças de seis
municípios, em uma articulação conjunta de resistência”, afirmou Iury Paulino,
do MAB. “São ações como essa é que fortalecem a resistência a esses projetos de
barragens que não servem para o povo.”
No primeiro dia (20) os
advogados da Terra de Direitos fizeram uma explanação sobre o modelo de
desenvolvimento voltado para Amazônia e a violação aos direitos humanos das
populações atingidas por grandes empreendimentos. “A região amazônica hoje é o
insumo para a indústria e o oeste do Pará tem sido alvo estratégico para o
capital” ressalta João Carlos, advogado da entidade. Os participantes reafirmaram a
postura contraria aos projetos de barragens no rio Tapajós, sendo uma das
reivindicações a retirada da empresa Geosul. Contratada pela Eletronorte, ela
realiza as pesquisas para a construção das barragens dentro da comunidade do
Pimental, sem a autorização da população. Os moradores da comunidade,
juntamente com os indígenas, estão dispostos a continuar a resistência e deram o
prazo de uma semana para a empresa se retirar da comunidade. “Nós indígenas não
estamos lutando só pela nossa causa, estamos lutando por todos os ribeirinhos da
região”, afirmou Juarez, cacique da aldeia Sawre Mu Uybu, da etnia
Munduruku.
No dia seguinte (21) a
atividade iniciou com uma mística na beira do rio Tapajós. Para os ribeirinhos,
o rio é como um “freezer”, onde os peixes se mantêm frescos e da onde é tirada
a sobrevivência da população. Ao final do encontro, os
participantes discutiram e planejaram um calendário de luta unificada de toda
região na busca pelos direitos historicamente negados a população da
região.
A atividade reuniu indígenas
da Praia do Índio, Aldeia do Mangue, Aldeia Sawre Um Uybu, ribeirinhos das
comunidades de Pimental, Moreira, Periquito, Arco Iris, moradores das cidades de
Itaituba, Trairão, Miritituba, Prainha, Rurópolis, Aveiro, Santarém, além de
representantes dos Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de
Itaituba, Trairão, Aveiro, Movimento de Mulheres de Aveiro, Movimento dos
Pescadores e Pescadoras do Brasil (MPP), Frente de Defesa da Amazônia (FDA),
Comissão Justiça e Paz (Jupic), Fundação Nacional do Índio (FUNAI), Pastoral da
Juventude (PJ), UFPA, e Repórter Brasil.
FONTE: Texto do MAB
Nacional, disponível aqui.
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