11 de fev. de 2014

Extrativistas da Terra do Meio (PA) terminam curso de Gestão Territorial e elaboram planos de futuro

Estudantes fazem leitura de mapas, orientados pelo técnico do ISA Juan Doblas|Cristiano Tierno-ISA
Com o sexto módulo encerrou-se o processo iniciado em 2011, cujo objetivo foi melhorar a interlocução das famílias extrativistas com a sociedade na busca por seus direitos. Propostas para o futuro foram elaborados com base em análises sobre as regiões de Altamira e da Bacia do Xingu
Versão para impressão

Depois de três anos o curso de Gestão Territorial com os extrativistas da Terra do Meio encerrou-se com a realização do sexto módulo, na Reserva Extrativista (Resex) do Rio Iriri, entre 9 e 23 de novembro do ano passado. O curso foi realizado pelo ISA em parceria com a Fundação Viver, Produzir e Preservar (FVPP), com apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e financiamento do Fundo Vale, envolvendo extrativistas das Resex do Rio Iriri, do Rio Xingu e do Riozinho do Anfrísio, localizadas na Terra do Meio, no Pará. Participaram do curso 36 estudantes no primeiro módulo, 19 no segundo, 13 no terceiro, 17 no quarto, 16 no quinto e 26 no sexto e último módulo.

Nesse módulo ocorreram rodas de conversa aprofundando e debatendo informações sobre o contexto atual da Terra do Meio e da Bacia do Xingu já trabalhados em módulos anteriores ea elaboração de planos de futuro, onde os estudantes utilizaram diferentes linguagens e habilidades trabalhadas transversalmente durante o curso: a escrita, a cartografia e a audiovisual.

Foram retomadas e debatidas informações presentes no Sistema Nacional de Unidades de Conservação - Snuc, que regulamenta as Reservas Extrativistas, destacando o Plano de Manejo, documento que trata do desenvolvimento e gestão dessas unidades.. O Plano de Manejo foi trabalhado de maneira que os estudantes pudessem ter clareza de seus elementos e conteúdos para que possam contribuir de forma cada vez mais ativa em sua revisão, que deverá ocorrer neste ano de 2014.

O técnico do ISA, Juan Doblas apresentou por meio de mapas os diversos vetores de pressão que incidem sobre o Mosaico Terra do Meio e a Bacia do Xingu, onde estão as três Resex, chamando a atenção para um quadro cada vez mais preocupante de avanço sobre as Terras Indígenas e Unidades de Conservação. Este módulo também contou com a participação do antropólogo e professor da Unicamp, Mauro Almeida, que tratou da história da luta dos seringueiros desde o Acre e ressaltou a importância do modo de vida dos povos tradicionais e suas lutas como essenciais aos processos de defesa de seus direitos e de gestão destas UCs.

Almeida compartilhou com os extrativistas sua experiência na criação do conceito de Reserva Extrativista, na década de 1980, no Acre, destacando o papel que tiveram os seringueiros na conquista de seus territórios.

Entender como se deu esse processo de conquista das Resex pelos seringueiros do Acre nas palavras de alguém que participou dele foi essencial para os estudantes, seus familiares e vizinhos. “Eu achei muito importante a conversa que a gente teve com o professor Mauro Almeida. Ele começou contando a historia dele e a história que viu e viveu também, como a história do Chico Mendes. Eu fiquei muito emocionado na hora que o Mauro se emocionou!!!”, relatou um dos participantes do curso, Denilson dos Santos Machado.
Para estruturar os planos de futuro os estudantes elaboraram textos individuais e coletivos, mapas e vídeos, tendo como roteiro desde as demandas pessoais e familiares até as coletivas/regionais. A visão de futuro inclui o incentivo à construção de princípios de relacionamento das famílias com empresas interessadas na comercialização dos produtos que extraem e beneficiam. Esse processo está sendo tocado pelo ISA em parceria com as famílias das Resex e com o apoio do Imaflora.
Durante o módulo também foram realizadas atividades para o melhor entendimento do uso de filmadoras, desde técnicas de filmagem até tipos de filmes. Daí resultaram quatro filmes elaborados pelos estudantes, que contaram com a orientação dos cineastas Rafael Salazar e Andrea Benedecci. Rafael e Andrea também captaram imagens para um documentário sobre as Resex, que deve sair ainda esse ano.
A construção dos Planos de Manejo
Entre os principais resultados do último módulo do curso está uma compreensão mais clara do que é Plano de Manejo e que habilidades e conhecimentos são necessários para construí-lo. . Além disso, existem perspectivas de que os Planos de Manejo sendo elaborados pelos próprios moradores tenham uma melhor aplicação pelas famílias na gestão do território, não descartando que ações futuras de melhor compreensão deste instrumento sejam fomentadas/realizadas.
O curso incentivou ainda uma aproximação maior com os povos indígenas da região, como aliados na luta pela proteção do território. “Pra gente ser unido e ter mais força, a gente precisa se unir com os índios e trabalhar junto. A gente divide muita coisa com eles então podemos lutar junto com eles. Hoje falta conversar, marcar encontro com cada liderança de cada comunidade para criar um pacto de trabalho junto”, afirmou Francisco Bandeira dos Santos, um dos participantes.

Ao final desses três anos de trabalho é possível verificar alguns estudantes melhor preparados para o diálogo com a cidade, sabendo como se dá o acesso a direitos e se firmando como tradutores para as famílias dos processos que se dão de fora pra dentro além de se transformarem em referência na construção de ações para atender as demandas locais. (Outros resultados podem ser visualizados no quadro ao final do texto).

A ideia é que nos próximos anos a continuidade da formação dos moradores das Resex tenha como enfoque as habilidades e os conhecimentos necessários para que a revisão dos Planos de Manejo possa ser realizada pelos próprios moradores. Para André Villas-Bòas, coordenador do Programa Xingu do ISA, o processo formativo em curso nas Resex pretende contribuir para que suas populações possam entender e dialogar com a expectativa da sociedade brasileira quanto a seu papel na manutenção e sustentabilidade futura dos serviços socioambientais gerados nessas unidades. de conservação. “Neste sentido, essa formação assegura condições mínimas para que ocorra uma participação ativa por parte da população local na atualização dos planos de manejo de cada unidade”.

FONTE: Disponível em: http://www.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/extrativistas-da-terra-do-meio-pa-terminam-curso-de-gestao-territorial-e-elaboram-planos-de-futuro

7 de fev. de 2014

A insustentável expansão da área agrícola global - Texto de Clarissa Neher para Envolverde

Uma área quase do tamanho do Brasil de terrenos naturais corre o risco de ser degradada até 2050, caso práticas sustentáveis de uso da terra não sejam adotadas e a agricultura global continue se expandido na proporção dos últimos anos. O alerta é do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que destaca entre as regiões mais ameaçadas as florestas da América Latina, da Ásia e da África Subsaariana.
aktion-veracel-cellulose
Agência da ONU adverte: monoculturas e consumo irracional podem eliminar, até 2050, área florestal do tamanho do Brasil. Saída é valorizar novas formas de produção
“O mundo nunca havia experimentado uma redução tão acentuada dos serviços e funções dos ecossistemas terrestres como nos últimos 50 anos. As florestas e zonas úmidas estão sendo convertidas em terrenos agrícolas para alimentar a crescente população”, afirma Achim Steiner, diretor executivo do Pnuma.
A expansão das fronteiras agrícolas é causada, por um lado, pelo aumento na demanda por alimentos e bicombustíveis, devido ao crescimento populacional, e, por outro lado, pela degradação do solo, ocasionado pela má gestão do campo. A perda de biodiversidade e a destruição ambiental generalizada já afetam 23% do solo mundial.
Sem uma mudança nas práticas agrícolas, mais de 849 milhões de hectares de terrenos naturais serão degradados até 2050, aponta o relatório do Pnuma divulgado na última sexta-feira (24/01).
“Ao reconhecer que a terra é um recurso finito, precisamos aumentar a nossa forma de produzir, oferecer e consumir os produtos obtidos a partir dela. Nós devemos ser capazes de definir e respeitar os limites dos quais o mundo pode funcionar com segurança para salvar milhões de hectares até 2050″, diz Steiner.
Tendência é a expansão
Atualmente a agricultura consome mais de 30% da superfície continental do planeta, e as terras cultivadas abrangem em torno de 10% do terreno mundial. Entre 1961 e 2007, a região de cultivo se expandiu em 11%. O relatório aponta a continuidade em ritmo acelerado dessa tendência de expansão.
Nos últimos 50 anos, a ampliação da fronteira agrícola ocorreu à custa de florestas tropicais. Enquanto houve um declínio da área plantada na União Europeia, especialmente em Itália e Espanha, Leste da Europa e América do Norte, ocorreu um aumento das terras cultivadas na América do Sul, principalmente em Brasil, Argentina e Paraguai, na África e na Ásia.
Desde a década de 1990, essas fronteiras estão sendo ampliadas para compensar as terras que estão se tornado improdutivas devido a práticas agrícolas não sustentáveis. A agência alerta que se o padrão de expansão desta década continuar, vai atingir principalmente as florestas da América Latina, da Ásia e da África Subsaariana.
Alternativas sustentáveis
O relatório aponta que a área cultivada global para suprir a demanda poderia aumentar com segurança até no máximo 1,640 milhão de hectares. Mas adverte que se as condições atuais permanecerem, em 2050 a demanda vai ultrapassar esse espaço.
A agência sugere como medidas para aumentar a produtividade nas atuais regiões agrícolas melhorias na gestão do solo, o incentivo a práticas ecológicas e sociais de produção, o monitoramento do uso da terra, investimentos na recuperação de terras degradadas e a integração conhecimentos locais e científicos – além da redução nos subsídios de culturas destinadas à fabricação de combustíveis.
Além dos fatores agrícolas, a agência aponta o consumo excessivo como um dos aspectos que levou a essa expansão. O relatório reforça que políticas para reduzir esses níveis e fomentar o consumo sustentável são essenciais para reverter a situação.
Se o mundo incentivar a agricultura sustentável, além de reduzir o consumo e a expansão agrícola, cerca de 319 milhões de hectares podem ser salvos até 2050.
FONTE: http://outraspalavras.net/outrasmidias/destaque-outras-midias/a-insustentavel-expansao-da-area-agricola-global/

4 de fev. de 2014

Mundurukus apreendem máquinas e expulsam garimpeiros no Rio das Tropas, afluente do Tapajós




Ameaçados de morte, índios da etnia Munduruku expulsaram garimpeiros de terra indígena no Rio das Tropas, afluente do Rio Tapajós, na região extremo oeste do Pará.  A exploração ilegal de garimpo dentro da terra indígena Munduruku é antiga. Relatos remontam o início dessas atividades à década 1980. Uma história de ameaças, acordos com um pequeno grupo de lideranças e exploração da mão de obra indígena tecem uma teia que não beneficia a maioria do povo.
Segundo as comunidades locais, os garimpeiros têm causado vários problemas nas terras indígenas devido à exploração descontrolada. Poluição do rio, falta de peixes, desentendimentos e ameaças são os principais motivos apontados  como estopim. Por essas razões, os indígenas estariam “tirando garimpeiros e tomando os seus maquinários”, explica Paigomuyatpu, chefe dos guerreiros Munduruku.
FONTE: Texto de LARISSA SAUD para Terra Magazine.

3 de fev. de 2014

Lançado livro sobre hidrelétricas na América Latina (entrevista com Felício Pontes e livro para baixar)



Aqui: http://racismoambiental.net.br/2014/01/lancado-livro-sobre-hidreletricas-na-america-latina-entrevista-com-felicio-pontes-e-livro-para-baixar/

TCU aponta abandono de Unidades de Conservação da Amazônia - Texto de Daniel Santini

O Ministério do Meio Ambiente tem 180 dias para tomar providências e dar satisfações ao Tribunal de Contas da União sobre o abandono na qual se encontram as Unidades de Conservação da Amazônia brasileira. Auditoria inédita feita pelo Tribunal de Contas da União em parceria com tribunais de contas de nove estados identificou problemas que vão de falhas na gestão e implementação das unidades, a falta de investimentos e funcionários para manter as unidades funcionando minimante.
O resultado da análise é um relatório de 104 páginas que detalha os problemas apontados. Acesse o documentoou confira abaixo neste infográfico os principais destaques:
 FONTE: O Eco, aqui.