28 de ago. de 2013

Para entender o fogo amazônico

Para entender como o fogo afeta a floresta amazônica, o IPAM inicia mais uma etapa de queimadas controladas em uma área de floresta mato-grossense. Os resultados deste estudo científico permitirá entender as ameaças que o fogo apresenta para a fauna e flora amazônicas e a resistência da floresta a cenários climáticos futuros.

A floresta amazônica está mais inflamável. E esta situação pode se acentuar no futuro. De acordo com pesquisas recentes, incêndios florestais extensos podem se tornar mais frequentes, pois o clima da região está se tornando mais seco e quente.  Pouco adaptadas à ação das chamas, as árvores amazônicas poderão sucumbir pela ação das chamas, dando lugar a uma vegetação empobrecida e altamente vulnerável a novos incêndios.

Para avaliar experimentalmente as previsões sobre os efeitos de um clima mais seco e quente na Amazônia sobre a floresta da região, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) vem, desde 2004, promovendo a queima controlada de áreas de floresta na Fazenda Tanguro, em Querência (MT) . Anualmente ou a cada dois anos, duas áreas são incendiadas. Os efeitos do fogo sobre a vegetação então sendo avaliados comparando-se as áreas queimadas com outra de floresta intacta que serve de controle. Uma nova queima está prevista para 28 de agosto.
O estudo deve ajudar a entender os fatores (neste caso o fogo) que podem promover o “recuo” ou até mesmo o “desaparecimento” das florestas tropicais, como previsto pelos modelos que preveem os cenários futuros de aumento da temperatura do ar e redução de precipitações para boa parte da Amazônia brasileira. Ainda, os pesquisadores que estarão acompanhando o experimento deverão obter informações sobre como os efeitos do fogo sobre a estrutura da vegetação, a liberação de gases de efeito estufa através da queima e sobre a biodiversidade. Várias outras medidas pós-queima serão obtidas ao longo aos próximos meses visando entender como a recorrência do fogo afeta a capacidade de regeneração da floresta e induz a proliferação de espécies invasoras não amazônicas mais adaptadas ao fogo e o aumento da presença de gramíneas. Será uma medida direta do que vem se chamando de “savanização” da Amazônia.    
 “Nosso estudo tenta, de maneira inédita, demonstrar experimentalmente os efeitos das alterações climáticas sobre a floresta amazônica que estão sendo previstas através de modelos que simulam o futuro climático da região”, diz Paulo Brando, pesquisador do IPAM, doutor em Ecologia Interdisciplinar pela Universidade da Flórida. Ele alerta que “com a mudança do clima, o fogo passará a ter um papel fundamental na paisagem amazônica”, pois as chuvas serão menos abundantes. Brando coordena o estudo com queimadas controladas em Mato Grosso e, por conta de seu trabalho, recebeu em junho de 2012, prêmio Jovem Cientista Luis F. Bacardi Advances in Tropical Conservation durante o Congresso da Associação de Biologia da Conservação Tropical (ATBC).
Mais informações: comunicacao@ipam.org.br 
FONTE: IPAM

Fiscalização na Flona Trairão e Resex Riozinho do Anfrísio combate extração de madeira


Terminou no dia 1º de agosto a primeira etapa da operação de fiscalização realizada na região da rodovia BR-163 com ênfase na Floresta Nacional do Trairão e Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio, 
no Pará. A ação teve como objetivo combater a extração ilegal de madeira, inclusive no interior das 
unidades, e fiscalizar novas frentes de cometimento de ilícitos ambientais na região.

Com apoio do Exército e do Ibama, a ação teve início em 16 de julho, na base móvel do ICMBio instalada na cidade do Trairão. Historicamente, Flona e Resex enfrentam cenário de forte grilagem e divisão de áreas entre grupos criminosos, no entorno e interior das UCs. Nesse caso, para combater os ilícitos a equipe de fiscalização faz incursões e acampa em áreas de escoamento e retirada de madeira.

Foram apreendidos aproximadamente 350 m³ de madeira em três incursões em campo, sendo duas 
na Flona Trairão e Resex Riozinho do Anfrísio, e uma na Flona Itaituba 1. Foi também localizado 
e destruído acampamento de extratores ilegais de palmito, que guardava mais de 300 unidades de 
palmito in natura da espécie açaí. Junto ao acampamento foi encontrada carne oriunda de caça, 
bem como arma de fogo. 

Segundo o analista Aleksander Krawctschuk, coordenador-substituto de Fiscalização do ICMBio, os resultados obtidos foram satisfatórios, tendo em vista que foram localizados e mapeados vários sub-ramais onde existe exploração seletiva de madeira. Entretanto, caso não haja presença contínua nos acessos às UCs a atividade ilegal continuará a ser realizada.

A ação tem caráter contínuo e está inserida no contexto de uma operação maior denominada Hiléia Pátria. O Exército disponibiliza a parte logística para que os órgãos integrantes possam desenvolver suas ações em campo. Todos os ramais e pontos identificados serão objeto de novas ações que 
já foram repassadas às novas equipes. O mais importante é que seja assegurada a presença institucional a longo prazo seja por incursões ou mesmo pela instalação de bases no interior da UC.

Na região da BR-163 existem outras frentes de combate aos crimes ambientais, como a base móvel do ICMBio na ponte sobre o rio Jamanxim, que impede o trânsito de caminhões e estrangula a 
principal via de acesso à Flona Jamanxim. Apesar disso, os infratores estão constantemente encontrando outros canais de escoamento seja via balsa, seja pela abertura de novos ramais.


Seminário sobre Manejo Florestal em Santarém


22 de ago. de 2013

Reino Unido doa 80 milhões para Brasil investir em agricultura sustentável

O evento contou com a presença de mais de 140 autoridades brasileiras e britânicas.

Foi lançado oficialmente o projeto inglês “Agricultura Sustentável para Desenvolvimento Rural” no dia 14/08 no Auditório da Embrapa em Brasília. O evento contou com a presença de mais de 140 autoridades brasileiras e britânicas.

Através do projeto, o Brasil vai receber como doação do governo do Reino Unido R$ 80 milhões para investimento em agricultura sustentável. Ao todo, serão 3.700 produtores rurais de sete estados brasileiros beneficiados e incentivados a gerirem suas propriedades de forma mais sustentável.

Cada estado brasileiro terá como investimento cerca de R$ 10 milhões, incluindo apoio financeiro, assistência técnica e gestão do projeto, monitoramento e avaliação.

O trabalho será implementado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) junto a instituições financeiras operadoras de crédito agrícola. Em termos de doação, é o maior recurso já recebido pelo banco em toda a sua história na América Latina.

De acordo com Renato Brito, criador do projeto e Coordenador-Geral de Sustentabilidade Ambiental do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), o projeto é um piloto para o desenvolvimento estratégico da agricultura brasileira e para o impacto ambiental positivo que visa atingir.

“Trata-se de um investimento nas estratégias de redução do desmatamento através do fortalecimento da agricultura sustentável, representando mais que uma cooperação entre ministérios, um projeto entre governos”, afirma Brito.

FONTE: Ciclovivo, disponível também aqui. 

Cacau é o mais novo integrante da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM)

O cacau é o mais novo integrante da lista de produtos que recebem proteção da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), que é operacionalizada pela Conab. A medida atende antiga reivindicação do setor, principalmente de produtores do Amazonas, Bahia e do Pará.

Com a portaria (nº 700) publicada ontem pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), chega a 39 o número de produtos cultivados e extrativos com garantia de preços no mercado e em condições de obter recursos para financiamento ou subvenção do governo federal. Entre eles estão os elementos básicos da cesta de alimentos como arroz, feijão, milho, formando um grupo de 27, e outros integrantes da biodiversidade como castanha-do-brasil, babaçu, borracha natural extrativa, baru e cera de carnaúba.

O preço mínimo da amêndoa cultivada na região Norte e no Centro-Oeste passa a valer agora R$ 4,69 o quilo, enquanto que no Nordeste o valor sobe para R$ 5/kg. Já o produto extrativo da região Norte teve o preço estabelecido em R$ 5,46/kg.

No entendimento do analista de produtos, Bruno Nogueira, a satisfação dos produtores da amêndoa se justifica, tendo em vista que o setor vivia uma situação difícil frente à variação dos preços no mercado e agora tem um mecanismo que vai levar estímulo e melhoria  de produção.

Mais informações para a imprensa:
Superintendência de Marketing e Comunicação
Gerência de Imprensa
(61) 3312-6338/ 6344/ 6393/ 2256

FONTE: Texto de Raimundo Estevam/Conab. Disponível também aqui. 

18 de ago. de 2013

Arara Laura

Projovem Urbano Abre Processo Seletivo Para Contratação de Profissionais em Santarém

A Secretaria Municipal de Educação selecionará profissionais para atuarem no Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem Urbano). A solução tem como base a resolução CD/FNDE nº54 de 21 de novembro de 2012. As vagas são destinadas para: educadores das áreas específicas (ensino fundamental), educadores de qualificação profissional, educadores de participação cidadã, educadores de acolhimento infantil, assistente pedagógico, assistente administrativo e monitor de qualificação profissional.

Os profissionais interessados devem entregar currículo dentro de um envelope contendo em sua face frontal Projovem Urbano 2013- Santarém-Pará, nome completo e cargo pretendido. O envelope deverá ser entregue na SEMED, localizada na Avenida Rui Barbosa, Aldeia, nos dias 19, 20 e 21 de agosto, de 8h às 16h.

Após a análise dos currículos será realizada a entrevista nos dias 28, 29 e 30 de agosto, de 8h às14h na Escola do Parque. O resultado final será divulgado no dia 02 de setembro.

FONTE: http://www.faroldotapajos.com.br/2013/08/projovem-urbano-abre-processo-seletivo.html

Colômbia estabelece parque florestal gigante para proteger índios isolados na Amazônia

O Governo da Colômbia está aumentando o tamanho do Parque Nacional de Chiribiquete, localizado no sul do país, de 12.990 quilômetros quadrados para 27.808 quilômetros quadrados. Assim está se tornará uma das maiores áreas protegidas na Amazônia. 

Chiribiquete
A expansão vai incluir áreas pensadas para serem habitadas por duas tribos isoladas, pois suas áreas corriam risco devido a exploração de petróleo e a mineração.

Liliana Madrigal, da Equipe de Conservação da Amazônia (ACT), um grupo que trabalha com grupos indígenas na Colômbia para preservar as florestas do país, disse que o movimento é muito importante para a deslumbrante diversidade cultural e biológica da Colômbia. "Chiribiquete já protege uma enorme riqueza de flora e fauna, mas o seu alargamento agora também vai facilitar a proteção dos povos indígenas isolados que se acredita que habitam o Parque e ajudar a garantir o seu direito de permanecer sem contato".

Chiribiquete é mais conhecido por suas formações rochosas incomuns, incluindo cachoeiras gigantes, mas também possui pelo menos 32 locais de pintura rupestre com cerca de 250.000 desenhos, tornando-se um centro-chave para a cultura indígena. O parque abriga mais de 300 espécies de aves, sete espécies de macacos e 300 espécies de borboletas.

FONTE: Daqui.

14 de ago. de 2013

"Quem é quem nas discussões do novo código da mineração"



Pessoal, a Telma Monteiro está recomendando a leitura do material "Quem é quem nas discussões do novo código da mineração" 

"No momento em que está em discussão o novo marco regulatório da mineração no país, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) oferece ao público uma análise dos protagonistas nesse debate. Quais são os interesses que movem as empresas, os membros do estado e a sociedade civil nessa questão?

A pesquisadora Clarissa Reis Oliveira, apresenta uma fotografia desses atores e revela um pouco da relação entre eles. Demonstrando, por exemplo, a construção da influência política das empresas minerárias por meio das doações de vultosas quantias para as campanhas eleitorais".


FONTE: Telma Monteiro.

13 de ago. de 2013

Dona Onete lança biografia no Centur, em Belém

Livro resgata infância e histórias de vida da diva do carimbó chamegado. Lançamento foi hoje (13) no Hall Ismael Nery, do Centur.


A cantora Dona Onete, considerada a "diva do carimbó chamegado", lançou em Belém hoje (13), às 19h, a biografia "Menina Onete - Travessias & Travessuras", escrita e editada pelo antropólogo Antônio Maria de Souza Santos e pela pedagoga Josivana de Castro Rodrigues.
"Esse livro está sendo produzido há mais um e ano e meio, quando tive contato com a música e a figura da Dona Onete. Fiquei muito impressionado quando vi aquela senhora de 70 e poucos anos cantando com uma vivacidade enorme", conta Antônio Santos. A obra enfoca a infância da menina Ionete da Silveira Gama, que só teria seu talento reconhecido como cantora popular, no Brasil e no mundo, após os 70 anos de idade.
Para o antropólogo, a contribuição da cantora para a música brasileira e paraense solidifica, no meio urbano, uma tradição que vem dos interiores. "Ela tem uma importância enorme na música regional, que se soma com a música popular brasileira. O carimbó começa a se urbanizar, na década de 70, tendo o Pinduca como um dos grandes maestros desse movimento. A Dona Onete, igualmente, traz do Baixo Tocantins esse carimbó mais chamegado, o carimbó um pouco mais maneiro, como ela mesmo diz", detalha.
Vida e obra 
Nascida em Cachoeira do Arari, no Marajó, desde os quatro anos de idade Dona Onete participava da manifestação popular conhecida como "Pastorinhas", encenações natalinas que contam a vida de Cristo, e frequentava rodas de carimbó, siriá e banguê. Ainda na infância, fazia show de rua e se apresentou no Bar Suburbana, no bairro de Fátima, em Belém, entoando matutos, pássaros, quadrilhas, boi bumbá e samba.

Dona Onete (Foto: Divulgação)
Artista construiu trajetória profissional com base
nos ritmos da Amazônia. (Foto: Divulgação)
Ionete ainda foi professora de História e Estudos Paraenses, além de ser secretária municipal de cultura, antes de ser conhecida como a Dona Onete, descoberta pelo público por meio de parcerias com a banda Coletivo Rádio Cipó.
Dona do carimbó chamegado, Onete compôs a música "Mareia, mareia", que foi vencedora do prêmio Troféu Mestre Lucindo, na categoria "Carimbó de raiz" durante a terceira edição do Festival de Carimbó de Marapanim, em 2006.  Em 2011, a cantora subiu aos palcos do Terruá Pará, em São Paulo, e, em 2012, gravou o primeiro álbum, "Fetitiço Caboclo", um registro musical de mais de 70 anos de vida dedicados à música e à cultura paraenses.
Serviço: Lançamento do Livro "Menina Onete - Travessias & Travessuras", de Antônio Maria de Souza Santos e Josivana de Castro Rodrigues, nesta terça-feira (13), a partir das 19h, no Hall Ismael Nery, no andar térreo do Centur, em Belém. Mais informações: (91) 3202 - 4376.
FONTE: Daqui. 

Governo quebra acordo com povo Munduruku e inicia operação militar no Pará

Aviões dão rasantes em município e comunidades. Ofícios comprovam que decisão por retomada de trabalhos ocorreu dias depois de tumultuada reunião em Jacareacanga



Aviões e tropas da Força Nacional estão em Jacareacanga, município ao sul do Pará, para garantir a entrada de 130 técnicos no território indígena Munduruku para estudos necessários às usinas hidrelétricas de São Luiz do Tapajós e Jatobá. De acordo com lideranças indígenas, as tropas empreendem exercícios de guerra, com voos rasantes e mobilidade das tropas em pontos estratégicos da cidade.
O envio dos técnicos e a operação da Força Nacional, porém, fazem parte da quebra de acordo do governo federal com os Munduruku. Após o povo deter três pesquisadores na terra indígena, no início de julho, o governo federal suspendeu os estudos das usinas até a regulamentação do direito à Consulta Prévia – Convenção 169. O que nunca ocorreu.
No entanto, à sombra de tal acordo, a trama da retomada dos estudos se fiou. Durante reunião de caciques e lideranças Munduruku, no último dia 3, o prefeito de Jacareacanga, Raulien Queiroz, do PT, com força policial e institucional, comandou a destituição dos principais dirigentes da Associação Pusuru. Além disso, impediu manifestações contra a construção das usinas hidrelétricas no rio Tapajós.
Quatro dias depois do encontro em Jacareacanga, denunciado pelos Munduruku como forma de enfraquecer a organização interna num movimento orquestrado pelo governo federal, o secretário executivo adjunto do Ministério de Minas e Energia, Francisco Romário Wojcicki, assinou documento enviado para a presidente interina da Funai, Maria Augusta Assirati, comunicando a retomada dos estudos no rio Tapajós.
No documento, Wojcicki informa que um dia antes, 6 de agosto, representantes dos ministérios de Minas e Energia, Planejamento, Orçamento e Gestão, Justiça e Secretaria Geral da Presidência da República, órgão responsável pela regulamentação da Consulta Prévia, decidiram pela retomada dos estudos no último dia 10. A Funai apenas foi comunicada da decisão, cujo estudo segue até 10 de setembro e, numa segunda etapa, entre 15 de setembro e 20 de novembro.
Sem questionamentos, a presidente da Funai, Maria Augusta, enviou, no último dia 8, ofício para a Associação Pusuru comunicando o retorno dos técnicos para dali dois dias. Mesmo com um representante do órgão indigenista presenciando tudo o que ocorreu no encontro do dia 3, Maria Augusta parabenizou a “importante reunião acontecida no dia 3 de agosto”. Em ligeira confusão, disse que Jacareacanga fica no Mato Grosso.
“Tudo isso está muito estranho. Os caciques e as lideranças têm certeza de que tudo tem relação, a reunião do dia 3 com esses documentos apenas comunicando a volta dos estudos. A Força Nacional está com caminhão e carros. Circulam pela cidade e nas redondezas”, declara Maria Leusa Munduruku.

Fora da terra indígena
No ofício enviado pelo Ministério de Minas e Energia para a Funai não há nenhuma menção se os técnicos entrarão ou não na terra ou território Munduruku. Ainda assim, a presidente da Funai fez questão de frisar que os estudos ocorrerão fora da área indígena. Em nenhum dos dois documentos, porém, é citada a presença da Força Nacional e como a operação dos agentes militares ocorreria. Mais uma vez Maria Augusta não demonstra questionamentos.
“Os pesquisadores entram no nosso território, mas mesmo se não entrassem as usinas vão atingir tudo, então não pode ser desculpa. O governo quebrou acordo e quer impor projeto contra nós. Vamos resistir”, afirma Maria Leusa. A Munduruku lembra que não foram consultados quanto aos empreendimentos. A primeira parte dos estudos, comunicada à Funai pelo Ministério de Minas e Energia, ocorrerá entre os municípios de Jacareacanga e Trairão (usina de Jatobá) e a segunda entre os municípios de Itaituba e Trairão (usina de São Luiz do Tapajós).
“Não tem como os pesquisadores não passarem nas nossas terras. Aliás, tudo isso é nosso território, que reivindicamos. Se essas usinas saírem, nossas aldeias serão inundadas. Nossos locais sagrados serão inundados. Então é até um absurdo a gente ter que ouvir que os técnicos não entram. A Funai deveria tomar vergonha”, declara de forma enfática Maria Leusa.
FONTE: Texto de Renato Santana, de Brasília (DF) para o site Brasil de Fato, disponível também aqui. 

12 de ago. de 2013

Hidrelétricas no Tapajós - Nota de repúdio à truculência na reunião com os Munduruku em Jacareacanga



Nota de Repúdio
Nós, organizações da sociedade civil, movimentos sociais, observadores independentes, que fomos convidados  para reunião da Associação Pusuru dos indígenas Munduruku, realizada ao dia três de agosto de 2013, no ginásio poliesportivo da cidade de Jacareacanga,  sudoeste do Estado do Pará, vimos a público relatar alguns acontecimentos que nos deixaram apreensivos e preocupados com a forma como o poder público municipal vem tratando a população indígena (para informações divulgadas no dia do evento, ver http://faor.org.br/?noticiaId=1291).

Do poder da polícia, do poder da prefeitura e do poder que nenhum dos dois têm

 Consideramos ostensiva e desnecessária a presença de policiais do Grupo de Operações Tático, da Polícia Militar do Estado do Pará, durante toda a reunião. A presença e as atitudes dos policiais, portando fuzis e abordando as pessoas com perguntas, intimidando tanto as lideranças indígenas como pessoas ligadas à sociedade civil organizada ferem o direito de livre manifestação de opinião, crença e opção política garantidos a grupos ou indivíduos  conforme Artigo 5 da Constituição Federal, sendo este um direito fundamental. Estas mesmas pessoas abordadas e intimidadas tiveram, assim, seus direitos violados quando foram impedidas de  registrar em vídeo ou fotografia a reunião, para as quais foram convidadas. Pessoas podem se manifestar e não querer que sua imagem seja veiculada. É um direito garantido pelo mesmo Artigo 5 da CF. Entretanto, quando o registro é impedido não pelos indígenas, sujeitos da reunião, mas pela Prefeitura que ordenou o reforço da vigilância para que os atos não ocorressem, a questão é outra.  Embora o recado aos movimentos sociais tenha sido dado por um representante indígena, a Prefeitura anunciou o feito de antemão já adiantando que se tratava de reunião interna dos indígenas Munduruku “com o poder público local a fim de garantir o diálogo, a conciliação o progresso e a paz” na cidade do sudoeste paraense. Os únicos autorizados: o CIMI, que tem longa experiência de militância na região (mas, que também foi reprimido; ver nota disponível em http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=7071&action=read), e a TV Buré, afiliado do SBT em Jacareacanga. O único detalhe: o prefeito é um dos donos da afiliada TV Buré.  Dessa forma, o registro autorizado da TV Buré foi garantido pelo Prefeito que em diálogo para a estabilidade local concordou com o Tático, representando a Força Nacional localmente, e a Polícia Militar local que os movimentos sociais não poderiam registrar a reunião e que as faixas que portaram até Jacareacanga, a pedido de membros da Coordenação da Associação Pusuru, não poderiam ser abertas, pois isso pertubaria a possibilidade e a conciliação dos indígenas com o poder local, sendo esta mesma ação interferência em assuntos internos. Dito isso por um representante indígena, pelo Prefeito e pela Polícia, formou-se a mesa de abertura do evento em que quatro brancos contrastavam com três indígenas da Associação Pusuru. Ora, cabe lembrar que a Prefeitura não tem poder de polícia. Tampouco a própria polícia, que teria este tal poder de manter a segurança e de reprimir o que está supostamente fora de ordem, pode tomá-lo e exercê-lo quando nada ou ninguém pertuba a ordem ou alguma denúncia é feita. Sendo este o caso,  a tentativa de apreensão de equipamentos, bem como a pressão para que imagens de retirada de faixas fossem apagadas, exercida pela Polícia e ordenada pela Prefeitura, é não só interferência entre poderes como abuso dos poderes que estas instituições teriam para “garantir a democracia, promover a segurança e trazer o desenvolvimento” de Jacareacanga, como dito na mesa de abertura da reunião. Da mesma maneira, ficamos nos perguntando de que maneira nos parar na rua, fora da reunião, exigindo saber quem éramos, de onde vínhamos e o que estávamos fazendo também esclarece muito pouco do que seria esta tal manutenção da segurança para o desenvolvimento. Pareceu-nos mais uma vez arbitrariedade e violação de mais um direito fundamental garantido no Artigo 5, o de livre trânsito, apenas restrito quando a paz está ameaçada. Neste caso, a interpretação da paz ameaçada foi feita unicamente pelo prefeito junto com o assessor e a Polícia que se sentiram na posição de definir e executar as ações (des)cabíveis

2) Do Artigo 232 da Constituição Federal e da limitação da autonomia da organização indígena

Causou-nos estranheza o fato de assessores do prefeito Raulien Queiroz (PT-PA) repetirem para caciques Munduruku que a reunião tinha sido paga pela Prefeitura e que se eles não aceitassem a forma como a mesma era conduzida,  teriam que arcar com os custos do encontro eles próprios. Da mesma maneira, foi o mesmo Prefeito um dos primeiros a dizer que a presença do movimento social pertubaria a reunião e configuraria influência sobre os indígenas, sendo que um dos representantes no local, atuante na Associação e na Prefeitura confirmou a situação. Sendo assim, parece que a Prefeitura, como declarado poder público local, segundo a fala na mesa de abertura, poderia ser aliado do movimento e da associação indígena, conferindo a ela mesma o poder de proteção contra quaisquer outros atores externos que, ao influenciar os indígenas, pertubariam a ordem em Jacareacanga. Cabe lembrar que esta aliança se configurou na reunião com a relação intrínseca entre o poder policial e o suposto apoio financeiro dado ao aluguel de cadeiras, som etc que, aliás, eram do assessor de assuntos indígenas do prefeito. Tal ação é claro ato de intervenção e coação daqueles que são a base constituinte da Associação Pusuru, ou seja, os próprios indígenas moradores das cerca de 103 aldeias ao longo do Tapajós e da parte do Teles Pires. Segundo o Artigo 232 da CF, “Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo.” Sendo assim, se fosse para exprimir esta  opinião ou para nos reprimir, que tivesse sido feito pela Associação Pusuru, que tem autonomia para isso. Ainda, se algum poder ou instituição julgasse pertinente intervir em um processo de solidariedade e aliança que estava sendo construído entre o Fórum da Amazônia Oriental (FAOR) e a Pusuru, que fosse o Ministério Público, que teria atribuição para isso, inclusive para a própria observância das ações do Tático (Ministério Público Estadual) ou do Tático servindo a Força Nacional (Ministério Público Federal) em todo o processo da reunião do dia 03 de agosto. Por fim, cabe esclarecer na discussão da autonomia da organização indígena, inclusive para escolher seus parceiros e aliados, que não é verdade que a Prefeitura foi a única responsável por garantir o orçamento da reunião. Para a mesma,  a pedido da então vice-coordenadora da Associação Pusuru, o FAOR contribuiu com R$ 2.888,00 para a compra de combustível para que parte daquele poder constituinte da Associação - os próprios índios - pudessem participar do evento, sem nenhum comprometimento com o poder local.

3) Da mudança da pauta, da eleição inesperada e do deslocamento da política Munduruku para a cidade
Um ponto para o qual atentamos logo no início é que na pauta que nos foi entregue pela então vice-coordenadora havia menção a uma análise de conjuntura, mas não à questão das barragens. A conjuntura estava mais focada na discussão sobre a situação de depredação de prédios públicos do que no dilema das hidrelétricas. Embora a Consulta Prévia tenha sido mencionada - e tanto a Prefeitura como a Polícia garantiram que a mesma iria ser feita em ambiente de diálogo com poder público local -, logo de início foi também colocado que este não seria o ponto da “reunião interna” e que, portanto, não aceitariam polêmica no local a este respeito. Da mesma maneira, foi-nos passado que os convidados seriam apresentados e poderiam explicar a razão de sua presença no local; no caso, nós da sociedade civil. O mesmo não aconteceu, pois a então vice-coordenadora, nosso ponto focal na Pusuru, quase foi impedida de entrar na reunião, junto com os guerreiros Munduruku e outras lideranças jovens, já que foi alegado que era uma reunião apenas de caciques.  
Ligada à mudança da pauta, surpreendeu-nos o fato de que uma nova eleição para a coordenação da Associação Pusuru foi anunciada após o almoço quando a) não estava definida na pauta, b) eleições Munduruku ocorrem nas Assembleias Gerais, nas aldeias e c) com o avançar das discussões e das tensões ao surgir a possibilidade de eleição, havia sido dito que seria no próximo dia (Domingo, 04 de agosto). Entendemos que, como houve uma Assembléia Geral do Povo Munduruku em janeiro deste ano, onde foi eleita a diretoria, a mesma só poderia ser substituída e uma nova eleição convocada, caso fosse chamada uma nova Assembléia Geral. Como o encontro se tratou de reunião e envolveu todas as tensões descritas já pelo colaborador do CIMI, e por todos nós na nota divulgada no dia 03 de Agosto, não imaginávamos - nem mesmo a então vice-coordenadora e os guerreiros - que tal fato fosse acontecer. Nesta eleição à toque de caixa onde a votação foi feita pela chamada de nomes e por mãos levantadas de acordo com os mesmos nomes, seguida de contagem feita pelo assessor de assuntos indígenas da Prefeitura, entre outros, foi estranho ver que a vice-coordenadora, Maria Leuza, não foi nem ao menos candidata (os candidatos estavam pré-definidos). Ademais, dois dos candidatos eleitos, entre eles o vice-coordenador, são conhecidos por já ter defendido as barragens, enquanto as duas representantes, mulheres indígenas e aliadas dos guerreiros Munduruku, colocam-se contra a construção de barragens no Rio Tapajós. A rapidez e a forma como ocorreu a eleição fora dos padrões estatutários, tanto de tempo, como de lugar (tendo sido os caciques levados para a cidade) pode ser questionada, desta forma.Questionamos o fato não por pensar que mudanças no estatuto ou nos esquemas representativos não pudessem ser feitos pelos Munduruku, de acordo com sua autonomia e auto-governança garantidas constitucionalmente, mas porque foi nítida a influência da Prefeitura no processo e a exclusão de alguns grupos do procedimento. Sobre isso, é importante ressaltar que os guerreiros e a ex vice-coordenadora não se calaram, fazendo um ato de protesto com danças e discursos nos quais diziam que lutar pelo bem da comunidade envolvia trazer informação e resistir às hidrelétricas, por meio das consultas com direito de veto, feitas nas aldeias. Felizmente, Josias Munduruku continuou como líder dos guerreiros, embora com tentativa de retirada. Contudo, pedimos atenção para o fato de que ao final da reunião o representante indígena, que foi mestre de cerimônias da reunião, mencionando o movimento social ao microfone ressaltou que aqueles quatro escolhidos pela eleição, e somente eles, seriam os representantes e pontos focais para agir politicamente e representar os Munduruku externamente. Ressaltou, ainda, que estes coordenadores tinham sido escolhidos pelos caciques para representar o povo e que qualquer conversa com os Munduruku deveria passar pela Pusuru, via estes coordenadores, por meio de documentos timbrados, inclusive.

4) Do assédio moral do Prefeito
A atuação do Prefeito e de seus assessores assediando moralmente, incluindo a aproximação física e a ameaça de seu uso quando da afirmação de que se máquinas fotográficas de pessoas específicas fossem usadas seriam quebradas, foi completamente desnecessária. Entre outros fatores, esta ameaça e a abordagem truculenta de uma das pessoas do movimento pela Polícia, sob ordem do prefeito,  constitui não só violação administrativa grave, mas incitação à violência e ao uso da força; neste caso, com ocorrência de agressão física de fato. Soma-se a isso um efeito direto de tais ações que é campanha de criminalização contra as organizações da sociedade civil e movimentos sociais que nos preocupa muito, já que membros do movimento permanecem em Jacareacanga, em solidariedade e apoio ao povo Munduruku. Por fim e mais importante, este assédio moral e a criminalização daqueles que discordam da posição do prefeito ou que foram afastados da Associação Pusuru também nos preocupa. Tememos pela integridade física e moral da ex vice-coordenadora já que a criminalização é difundida por entre os cidadãos de Jacareacanga, sendo o ambiente de militarização notório na mesma cidade.


Por todo o exposto, solicitamos urgentemente a atenção das autoridades competentes para:

a)      Observação imediata do resultado da reunião que destituiu a Sra. Maria Leuza Kabá, do cargo de Vice- Coordenadora da Associação Pussuru, e a Sra Neuxa Krixi, do cargo de tesoureira da mesma associação. Neste sentido, pedimos especial atenção ao fator alegado de financiamento da reunião pela Prefeitura e de influência da mesma, na forma de coação, sobre as decisões do líderes Munduruku presentes;
b) Envio imediato de observadores para a questão da violação de direitos humanos dos povos Munduruku e,  principalmente, com fins de acompanhar o processo de Consulta Livre, Prévia e Informada sobre as hidrelétricas do Rio Tapajós, tal qual foi anunciado que ocorreria e que era prioridade para o novo e eleito mandato da Associação Pusuru;
c) Apuração da conduta do Prefeito Raulien Queiroz e seus assessores no que diz respeito ao cerceamento à liberdade de expressão e manifestação, assim como a intimidação de ativistas e membros do movimento social e movimento indígena, tal qual garantido nos Artigos 5 e 232 da Constituição Federal, e na Convenção 169 da OIT, bem como na Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, das quais o Brasil é signatário;

Assinam esta carta:

Comitê Metropolitano do Movimento Xingu Vivo Para Sempre
Fórum da Amazônia Oriental (FAOR)
Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais

FONTE: Texto da Telma Monteiro, para o Blog http://telmadmonteiro.blogspot.com.br/

Empresas anunciam retorno das pesquisas de viabilidade do Complexo do Tapajós



Segundo o Blog Língua Ferina, por meio do recém-lançado blog “Usinas do Tapajós”, o conglomerado de empresas responsáveis pelos estudos de impacto ambiental do Complexo Hidrelétrico, o autodenominado  “Grupo de Estudos Tapajós”, acaba de anunciar o retorno dos estudos ambientais para aproveitamento hidrelétrico de São Luiz do Tapajós e de Jatobá, no Oeste do Pará.  Os trabalhados serão retomados ainda nesta segunda, 12 de agosto, e contará com a presença, além dos pesquisadores contratados, de “equipes de segurança”.

Conforme a peça publicitária, a retomada das pesquisas foi comunicada pelo Ministério de Minas e Energia à presidência da Fundação Nacional do Índio (Funai), Maria Augusta Assiratie, que por sua vez teria “formalizado o prosseguimento das pesquisas às lideranças da Associação Indígena Pusuru (AIP) e do Conselho Indígenas Munduruku do Alto Tapajós (Cimat)”. Recentemente, caciques e lideranças indígenas apontaram uma manobra do governo federal e autoridades de Jacarecanga para tentar tomar a represenção Pusuru.

Ainda conforme o documento do “Grupo de Estudos do Tapajós”, nenhum trabalho de pesquisa seria feito em terras indígenas. Além dos estudos ambientais, seriam retomados o “cadastramento socioeconômico dos habitantes da região”.

Para os estudos da Usina Hidrelétrica de Jatobá, entre Itaituba e Jacareacanga, na região da comunidade de Montanha-Mangabal, seriam enviadas 130 pessoas, entre pesquisadores, assistentes e “pessoal de apoio e logística”, eufemismo para Força Nacional e homens do Exército. A previsão é que os trabalhos sejam concluídos até o dia 10 de setembro. Além dos moradores de Montanha-Mangal, a UH de Jatobá afetaria diretamente as Florestas Nacionais de Itaituba I e Crepori e a Área de Proteção Ambiental do Tapajós.

Uma segunda equipe, composta por 80 pessoas, ficará encarregada da conclusão dos estudos da Usina Hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, em Itaituba, na região do Sítio Pimental e da Terra Indígena Sawre Muybu, com estudos previstos para ocorrer entre os dias 15 de setembro e 20 de novembro. A UH de São Luiz situa-se entre o Parque Nacional da Amazônia e a Floresta Nacional de Itaituba II, com formação de lago nos rios Tapajós e Jamanxim.

No início de julho, após uma ação do povo indígena mundurukuque deteve três pesquisadores que realizavam pesquisas na região, o governo federal teria assegurado aos indígenas a  suspensão de pesquisas até a regulamentação do direito à Consulta Prévia. Contudo, ainda em julho, a pesquisadora Telma Monteiro revelou por meio de seu blog que o Ibama autorizava a entrada de pesquisadores para “fazer coleta e captura de material biológico para os estudos ambientais da Hidrelétrica de Jatobá” a empresa Concremat Engenharia e Tecnologia S/A."

Anteriormente ao anúncio da suspensão dos estudos, homens da Força Nacional de Segurança faziam a escolta de pesquisadores contratados na chamada  “Operação Tapajós”. O Ministério Público Federal conseguiu na justiça uma liminar para impedir a continuidade da operação, mas a Advocacia Geral da Uniãoconseguiu a derrubada da mesma junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

Os estudos então tiveram continuidade, mas os seguranças públicos a serviço de empresas  foram repentinamente retirados pelo governo da região, deslocados para as cidades-sedes da Copa das Confederações, para auxiliar na repressão à onda de protestos que sacudiu o Brasil em junho. A ausência de seguranças teria facilitado a ação dos mundurukus que detiveram por vários dias os três pesquisadores.

Apesar disso, a peça publicitária divulgada pelo “Grupo de Estudos Tapajós” afirma que a presença de forças armadas ocorre por outros motivos. “O objetivo é dar apoio logístico ao grupo técnico e proteção aos pesquisadores e auxiliares que irão fazer estudos durante cerca de 90 dias, inclusive à noite. Os levantamentos de campo são realizados ao longo da calho do rio, em locais de difícil acesso, inabitados, isolados, sujeitos a acidentes e, como perder-se em uma trilha, picada ou ataque de algum animal, o que exige socorro imediato”, afirmam.

Informações provenientes do município de Itaituba dão conta que várias lanchas foram alugadas para subir o rio com as equipes de pesquisa e homens armados que deverão ficar na região pelos próximos noventa dias. Seriam 22 “frentes de trabalho”, segundo a terminologia usada pelas empresas.

“A retomada das pesquisas permitirá que, até o final do ano, o Grupo de Estudos Tapajós, coordenado pela Eletrobrás, conclua os Estudos e Relatórios de Impacto Ambiental (EIA/Rima), que serão enviados para análise do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Também trará embasamentos às audiências públicas que serão feitas na região e às consultas públicas que serão promovidas pelo Governo Federal com comunidades indígenas, nos termos da Constituição Federal e da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT)”, afirma trecho da peça que afirma também que “estão sendo  realizadas pesquisas para a Avaliação Ambiental Integrada (AAI) da bacia do rio Tapajós”.

Contraditoriamente, a AAI é uma exigência prévia ao próprio processo de licenciamento e de estudo de impacto ambiental, mas conforme a própria peça publicitária,vem sendo feita de maneira conjunta, A pedido do MPF, no final de 2012 a Justiça Federal proibiu a concessão de licença ambiental a usina São Luiz do Tapajós enquanto não forem realizadas a consulta prévia aos índios afetados e a Avaliação Ambiental Integrada dos impactos de todas as usinas planejadas para a bacia do rio Tapajós. O MPF também já solicitou à Secretaria-Geral (SG) da Presidência da República detalhes sobre a proposta de plano de consulta às comunidades indígenas impactadas pelas hidrelétricas projetadas para a bacia do rio Tapajós.

O “Grupo de Estudos Tapajós” é  um conglomerado público-privado integrado pelas empresas Eletrobras, Eletronorte, GDF SUEZ, Cemig, Copel, Neoenergia, EDF, Endesa Brasil e Camargo Corrêa.

FONTE: Texto de Cândido Neto, do Blog Língua Ferina, disponível também aqui.

5 de ago. de 2013

Produtores familiares de açaí dão exemplo de como podem sobreviver sem ameaçar o meio ambiente

Paulo de Araújo/MMA Almeida, extrativista: é preciso manter a floresta em pé
Almeida, extrativista: é preciso manter a floresta em pé

O Pará é o maior produtor de açaí no Brasil, segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Grande parte dessa produção é familiar, onde pequenos produtores participam de todas as etapas da cadeia, que vai desde a colheita até o armazenamento ou então a comercialização da fruta in natura. Na Reserva Extrativista Terra Grande Pracuúba, que recentemente recebeu a visita do Mutirão Bolsa Verde, mais de 50% dos extrativistas e ribeirinhos também vivem da renda do açaí, produzido a partir de técnicas sustentáveis e manejo adequado do solo.
O pequeno produtor José Almeida, que vive na Resex Terra Grande Pracuúba, localizada no perímetro do município paraense de São Sebastião da Boa Vista, detalha como é o processo produtivo do açaí na comunidade. “O inverno é, para nós, a época da colheita, daí vamos para o mato, subimos no açaizal e colhemos os cachos da fruta”, explica. Depois, a fruta é lavada e armazenada em grandes cestas, produzidas pelas mulheres que moram na comunidade, ou então é feita a polpa para posterior comercialização. Porém, grande parte da produção da Resex é escoada mesmo in natura, para grandes compradores em Santarém e Belém, e de lá é congelada e enviada para outras cidades brasileiras e exterior.
POSITIVO

Destino Belém: açaí in natura é levado de barco para os grandes centos
Destino Belém: açaí in natura é levado de barco para os grandes centros
José Almeida, beneficiário do Programa Bolsa Família e que vive da produção sustentável do açaí, foi localizado pelo Mutirão Bolsa Verde para também tronar-se beneficiário da iniciativa, que remunera com R$ 300, pago a cada três meses, famílias que vivem em áreas de conservação ambiental. O pequeno produtor tem consciência que produzir para preservar gera bons frutos para a comunidade e para o meio ambiente. “Todos aqui na nossa comunidade sabem que não podemos derrubar a floresta, assim de uma vez, temos que explorar tudo de positivo que nos é oferecido de forma sustentável”. Para ele, “manter a floresta em pé” garantirá frutos de açaí por gerações.
José Cordeiro, outro pequeno produtor de açaí também localizado pelo Mutirão Bolsa Verde na Resex Terra Grande Pracuúba explica quais podem ser os benefícios de aderir ao Programa Bolsa Verde. “No verão, quando não temos safra de açaí, precisamos achar outras alternativas de renda, pois é o período que os pés de açaí estão em desenvolvimento”. Para ele, o benefício será um diferencial para esse período, onde grande parte dos pequenos produtores exploram a roça para plantio de mandioca e outras raízes e legumes, para subsistência. “Tenho um pequeno pedaço de terra que também é minha sobrevivência, além do açaí”.
MUTIRÃO
O Mutirão Bolsa Verde no Pará é uma iniciativa liderada pelos Ministérios do Meio Ambiente (MMA) e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e pela Secretaria de Patrimônio da União (SPU) e pretende ampliar a cobertura do Programa Bolsa Verde na Amazônia. A expectativa é incluir mais de 30 mil famílias por meio do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), mecanismo que busca beneficiários de programas sociais diretamente em suas comunidades.
 Reserva Extrativista Terra Grande Pracuúba: comunidade se sustenta com o que retira da floresta
Reserva Extrativista Terra Grande Pracuúba: comunidade se sustenta com o que retira da floresta
O Bolsa Verde remunera com R$ 300, pago a cada três meses, famílias que vivem em áreas de preservação ambiental, como Unidades de Conservação de Uso Sustentável geridas pelo (ICMBio), Projetos de Assentamento Federais geridos pelo (Incra) e áreas ocupadas por comunidades ribeirinhas sob a gestão da Secretaria do Patrimônio da União do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (SPU/MPA).
O mutirão, já em andamento desde 17 de julho, prevê a saída simultânea de vários barcos que partirão em busca das comunidades paraenses, em diferentes etapas, para atender os municípios da região de Santarém, Marajó, Salgado Paraense, Porto de Moz, Gurupá, Afuá, Baixo Tocantins e Soure. Durante as visitas às comunidades, a equipe do governo esclarecerá dúvidas e orientará para o ingresso de beneficiários em potencial ao Programa Bolsa Verde, por meio da inclusão da família no CadÚnico. Também serão oferecidos serviços de emissão de documentos de identidade, CPF e carteira de trabalho pelo Programa Nacional de Documentação do Trabalhador Rural.
BOLSA VERDE
O Programa Bolsa Verde foi lançado em setembro de 2011 e já beneficiou, até hoje, 41.999 famílias extrativistas, assim distribuídas:
* 26.049 de Assentamentos da Reforma Agrária (62,02%)
* 13.611 famílias de Unidades de Conservação de Uso Sustentável (32,40%)
* 2.339 de áreas de ribeirinhos reconhecidas pela Secretaria de Patrimônio da União (5,58%)

Desse total, 23.179 famílias estão localizadas no Estado do Pará, 4.913 no Amazonas, 3.992 na Bahia, 1.839 em Minas Gerais, 1.443 no Acre, 1.419 em Tocantins, 1.230 no Maranhão, 336 no Amapá, 743 em Goiás, 444 na Paraíba, 425 em Alagoas, 408 no Paraná, 324 em Pernambuco, 324 no Piauí, 127 no Ceará, 99 em Rondônia, 91 em Sergipe, 59 no Espírito Santo, 36 no Rio de Janeiro, nove no Distrito Federal, sete em São Paulo, uma em Roraima e uma em Santa Catarina.
(*) Com
Fonte: Texto de Sophia Gebrim, com  Paulo de Araújo, para MMA. Publicado no Portal EcoDebate, 05/08/2013, disponível também aqui.