29 de abr. de 2013

Munduruku protestam contra presença militar em Jacareacanga, no Pará











Força Nacional de Segurança chegou ao município junto com delegação do governo federal; mesmo assim, esta se recusou a encontrar indígenas em sua aldeia alegando temer ataque.
Indígenas Munduruku protestaram em Jacareacanga, oeste do Pará, na última sexta-feira, 26, contra a presença de tropas da Força Nacional de Segurança. Os indígenas também se posicionaram contra a construção de hidrelétricas nos rios Tapajós e Teles Pires e pela regulamentação da consulta prévia aos povos indígenas.
Nos dias anteriores, entre 23 e 25 de abril, cerca de 200 lideranças estiveram reunidas na aldeia Sai Cinza à espera de representantes da Secretaria Geral da Presidência da República, para quem entregariam a sua proposta de consulta prévia sobre a construção de barragens em suas terras. Contudo, os membros do Poder Público não compareceram, alegando aos indígenas temerem um ataque por parte dos Munduruku.
“O governo está tentando se fazer de vítima, e isso não é verdade. Quem chegou armado na cidade de Jacareacanga foi o governo, com a Polícia Federal e a Força Nacional”, afirmaram os indígenas através de nova carta ao governo federal, lançada durante a passeata. 
“Os representantes Tiago Garcia e Nilton Tubino, da Secretaria Geral da Presidência da República, afirmaram aos vereadores Munduruku de Jacareacanga que não viriam à aldeia porque temiam violência da nossa parte, que nós estávamos esperando por eles armados e com gaiolas para prendê-los. Segundo Nilton, o ministro Gilberto Carvalho desautorizou a delegação a vir a nossa aldeia, e tentou impor uma reunião na cidade de Jacareacanga, sob presença militar. E isso nós não aceitamos”, continuava a carta.
Após a recusa do governo em participar da reunião, os participantes do encontro se reuniram a indígenas e não-indígenas moradores do município e realizaram uma marcha no perímetro urbano da cidade. Mais tarde, os indígenas descobriram que o secretário de Articulação Social do governo, Paulo Maldos, também compunha a comitiva.
Ainda segundo o documento, os indígenas têm sofrido tentativas de cooptação por parte do governo federal. “[O governo...] inventa todo tipo de mentira, manipulações e distorções sobre nós Munduruku”, acusando-o de “tentar nos dividir e manipular, pressionando individualmente nossas lideranças, caciques ou vereadores”.
Os indígenas afirmaram estarem abertos ao diálogo, mas não se reunirão com o governo sob presença militar, e exigiram a retirada das tropas do Alto Tapajós, em Jacareacanga, e também do Médio, em Itaituba.
FONTE: Texto de Ruy Sposati, de Jacareacanga, disponível aqui.

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