“Produtores rurais já construíram viveiro com aproximadamente 3 mil mudas”
Neste ano, o GT realizou o Diagnóstico Participativo sobre o Uso do Açaí e um Plano de Ação Participativo para priorizar as demandas das comunidades. No período de 21 a 25 deste mês foi realizada a primeira demanda apontada no Plano de Ação, um curso sobre produção de mudas e construção de viveiros, realizado no Distrito Bela Vista do Caracol, no município do Trairão (PA).
Representantes de comunidades do entorno das Flonas de Itaituba I, II e Trairão participaram da capacitação. O curso contou com aulas teóricas no auditório da Cooperativa Mista Agroextrativista do Caracol (Coopamcol) e atividade prática desenvolvida em área cedida por uma palmiteira da localidade. Ao final, os participantes construíram um viveiro com aproximadamente 3 mil mudas prontas para plantio em campo, previsto para o próximo período chuvoso, novembro de 2012.
Desde agosto deste ano a Coopamcol está se mobilizando para acessar benefícios do Programa Pará Rural. No período, ocorreu a apresentação do programa aos comunitários da área de influência das Flonas de Itaituba I, II e Trairão. Os cooperados conheceram e levantaram questionamentos quanto à proposta do financiamento.
O Pará Rural é um programa do Governo do Estado do Pará que visa o aumento da renda e melhoria das condições de vida das comunidades rurais mais pobres através de duas frentes: financiamento de processos locais produtivos e gestão fundiária e ambiental. O benefício investe em projetos da agricultura familiar de associações em todo Estado.
A Coopancol apresentou um projeto ao Programa com mais de 100 produtores que devem receber recursos para produção de galinha, macaxeira e carneiro. Os cooperados definiram que o recurso também será destinado à recuperação de áreas degradadas com a construção e manutenção de viveiros florestais, principalmente para produção de mudas de açaí e outras essências florestais. A finalidade do projeto é produzir polpa de açaí para melhorar a renda das famílias de agricultores.
Açaí na BR-163
O açaí é uma espécie que vem sendo amplamente utilizada não só na Amazônia como em todo o país. De acordo com os dados do Serviço Florestal Brasileiro o fruto é o segundo produto não madeireiro extraído das florestas naturais com aproximadamente 115,9 mil toneladas por ano. A espécie está inserida na lista de Produtos da Sociobiodiversidade e a polpa tem garantia de preço mínimo em programas governamentais. O açaí vem ganhando diversos incentivos do governo na produção e comercialização.
Na Amazônia ocorrem duas espécies de açaí: Euterpe oleracea Mart. (açaí de touceira) e Euterpe precatoria Mart. (açaí solteiro) distribuídas pelos estados do Pará, Amazonas, Acre, Rondônia, Amapá, Tocantins e Maranhão. A espécie Euterpe oleracea Mart é nativa da região e o Estado do Pará é o principal centro de dispersão natural.
O açaí vem sendo amplamente utilizado em todo país, tanto a polpa do fruto como o palmito. Ao longo da BR163, em especial nos municípios de Trairão, Itaituba e Rurópolis há uma produção significativa de palmito em conserva, que vem gerando renda para a população local.
As comunidades ao longo da BR-163 utilizam o açaí nativo da região, mas ultimamente está plantando a variedade do açaí precoce (BRS Pará), desenvolvida pela Embrapa Amazônia Oriental. As sementes dessa variedade foram distribuídas pela Secretaria da Agricultura do Estado do Pará (SAGRI) e Secretaria da Agricultura do município de Itaituba.
GT para o Manejo do Açaí
O Grupo de Trabalho é formado pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Instituto de Pesquisa da Amazônia (Ipam) e a Cooperativa Mista Agroextrativista do Caracol (Coopancol), responsáveis por realizar oficinas sobre manejo do açaí.
Para a engenheira florestal da UR DFS SFB, Daniela Pauletto, as reuniões para apresentação do Programa Pará Rural serviram de estímulo e união das associações e cooperativas da região, além de representar uma oportunidade para melhoria na produção dos agricultores familiares e investimento na recuperação de áreas degradadas.
“A atividade faz parte de uma série de interferências elaboradas a partir do Plano de Ação Participativo, firmado em agosto deste ano pelo GT junto às comunidades. A discussão sobre a atividade iniciou nas reuniões do Conselho Consultivo da Floresta Nacional de Itaituba I, onde foi elaborado um plano de trabalho com as ações e os responsáveis para desenvolvê-las ao longo do ano de 2011.
Posteriormente, foi criado um Grupo de Trabalho que realizou oficinas, junto às comunidades, para realizar um diagnóstico participativo do uso do açaí na região. O público alvo do diagnóstico foram agricultores familiares residentes em comunidades do entorno das Flonas de Itaituba I, Itaituba II e Trairão que têm uma relação histórica com o uso do açaí”, explicou Pauletto.
No ano de 2000, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos municípios foco das ações está classificado como médio-baixo, com exceção de Itaituba que alcança o nível médio-alto. A economia do local é baseada em atividades relacionadas à agricultura familiar, pecuária e extrativismo madeireiro, sendo que o não-madeireiro necessita de fomento para a realização de atividades sustentáveis, principalmente no que se refere ao produto palmito de açaí.
O Grupo de Trabalho para o Manejo do Açaí tem ações viabilizadas pelo Projeto BR-163 - Floresta, Desenvolvimento e Participação, executado pelo Ministério do Meio Ambiente, com o apoio técnico e a gestão financeira da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO - Brasil) e recursos doados pela Comissão Europeia.
Seu objetivo é contribuir para a diminuição do desmatamento na área de influência da rodovia Cuiabá-Santarém, por meio de ações voltadas ao fortalecimento do Distrito Florestal Sustentável da BR-163, à estruturação de cadeias produtivas sustentáveis e ao fortalecimento da sociedade civil e dos movimentos sociais.
FONTE: Enviado por ASCOM GTA.
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