3 de dez. de 2011

Intercâmbio fortalece coleta e comercialização de sementes

Entre os dias 21 e 23 de novembro, ribeirinhos, coletores de sementes do Mato Grosso e do Pará, universitários e representantes de instituições locais que trabalham com recuperação de áreas degradadas se reuniram em Altamira (PA) para compartilhar experiências e consolidar o trabalho iniciado na região Norte. Na oficina também foram apresentadas novas alternativas econômicas para os extrativistas. O encontro foi realizado pelo Instituto Socioambiental, Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará e pela Rede de Sementes do Xingu.


Durante a oficina, instrutores mostram técnicas de escalada que podem auxiliar na coleta de algumas sementes

Marines Lopes de Sousa viajou quase vinte horas de barco da Reserva Extrativista (Resex) do Rio Xingu até desembarcar no cais de Altamira, no Pará, no dia 21 de novembro, para participar da “Oficina de Manejo de Sementes Florestais” e descobrir mais uma alternativa de geração de renda para sua família. “Hoje nossa comunidade vive mais da pesca, mas estou ouvindo muita coisa boa aqui e acho que se eu aprender mais sobre o que está sendo mostrado posso levar para minha comunidade e passar para as outras pessoas para melhorar nossa vida. Temos muita floresta lá e podemos coletar muita sementes. Já trabalhamos com o babaçu, mas vi outras possibilidades aqui.”
Junto com aproximadamente 50 pessoas, Marinês aprendeu, trocou experiências e se atualizou sobre técnicas de coleta de sementes, armazenamento, produção de mudas, precificação, comercialização e conheceu novas alternativas econômicas que podem ser retiradas da floresta, como a fabricação de produtos não madeireiros. “Além de pegar as sementes, a gente viu o trabalho de produção de óleos, por exemplo, que é feito por outras Resex. Também dá pra fazer vela, farinha, um tanto de produto que pode tirar da mata.”

A “Oficina de Manejo de Sementes Florestais” é uma iniciativa do Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará (Ideflor), da Rede de Sementes do Xingu e do Instituto Socioambiental (ISA) e foi pensada para aprimorar técnicas de coleta, armazenamento e estrutura de gestão com o objetivo de suprir uma demanda por sementes que está surgindo na região. “Nas atividades desenvolvidas pelo ISA na Terra do Meio, ainda não existe um trabalho com a coleta e venda de sementes florestais , mas com essa oficina a gente espera olhar para mais essa atividade de geração de renda para as populações extrativistas e ao mesmo tempo contribuir com ações de adequação ambiental das propriedades da região, incentivadas pela prefeitura de Altamira, Ideflor e outras instituições”, explica Marcelo Salazar, coordenador adjunto do Programa Xingu, do ISA, que trabalha na Terra do Meio.

Em 2010, foi criada a Cooperativa de Sementes e Mudas da Amazônia (Coosema) em Altamira, numa parceria entre o Ideflor e a Secretaria Executiva de Trabalho, Emprego e Renda do Pará, a partir do projeto Bolsa Semente. A proposta do grupo é coletar sementes e produzir mudas, envolvendo jovens da zona rural de oito municípios da região da Transamazônica-Xingu – Altamira, Porto de Moz, Senador José Porfírio, Brasil Novo, Medicilândia, Uruará, Placas e Santarém. Hoje são 27 cooperados que tiram da floresta parte do seu sustento. “Além da coleta, comercializamos óleo, sabonetes, velas, tudo extraído da floresta”, conta a diretora de Educação e Promoção Social da cooperativa, Edmara Pedrosa.

Com a oficina, Edmara e os membros da cooperativa esperam avançar no aprendizado de novas experiências para consolidar o trabalho desenvolvido por eles. “Queremos aprimorar a maneira como coletamos sementes. Sabemos da experiência da Rede de Sementes do Xingu, que já desenvolve esse trabalho há mais tempo e pode nos ajudar muito aqui”, diz.

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FONTE: Texto e fotos de Christiane Peres, do ISA, enviado por ASCOM GTA.

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