16 de mai. de 2016

Pesquisadores analisam produtividade de andiroba em comunidades tradicionais do Amazonas

Conhecido pelos seus benefícios medicinais, o óleo de andiroba e é comumente utilizado no Brasil e, especialmente, no Amazonas, estado onde há abundância desse recurso.  Mas, no uso cotidiano, poucas pessoas têm conhecimento sobre o trabalho para extração do óleo e sobre a produtividade das árvores nas extensas florestas amazônicas. Buscando compreender alguns desses aspectos, o Grupo de Pesquisa em Ecologia Florestal e a equipe do Programa de Manejo Florestal Comunitário do Instituto Mamirauá realizam pesquisa científica nas Reservas Amanã e Mamirauá.

A pesquisa com andiroba entrou na sua segunda fase, para avaliação da produtividade desementes por árvore. Na primeira etapa, foram inventariadas e marcadas as andirobeiras localizadas em áreas indicadas pelos moradores de comunidades tradicionais das Reservas. Entre essas, foram escolhidas 12 para instalação de redes para a  coleta das sementes. As redes foram instaladas abaixo da copa dessas árvores, para reter as sementes que caírem. A estratégia de coleta foi desenvolvida como uma alternativa para o período da cheia, em que as sementes se dispersam pela área de alagação.

A engenheira florestal e pesquisadora do Instituto Mamirauá, Emanuelle Pinto, ressalta que será seguida uma mesma metodologia para a coleta das sementes nos períodos da seca e da cheia. Foram instaladas redes com 30m², abaixo da copa das árvores. O monitoramento e coleta das sementes já iniciou e será feito quinzenalmente, entre janeiro e agosto deste ano, período de frutificação da espécie na região. Durante a instalação das redes, também foi coletado material botânico fértil, ou seja, amostras com flor ou fruto das árvores, para identificação da espécie em laboratório. Emanuelle cita que, “na literarura, há conhecimento sobre a ocorrência de três espécies de andiroba na região da Amazônia”.

O inventário foi realizado durante a última temporada de seca, em 2015. Na Reserva Amanã, foram inventariadas áreas em quatro comunidades e, na Reserva Mamirauá, áreas de duas comunidades. Emanuelle destaca que foram escolhidas áreas de acordo com o potencial produtivo, considerando o tamanho das áreas e a quantidade de árvores, e também o envolvimento e o conhecimento da atividade pelos moradores da comunidade.

A extração do óleo de andiroba não é uma tarefa fácil. Exige muito esforço e leva dias para se obter um bom resultado. Em conjunto com a equipe do Programa Qualidade de Vida, também do Instituto Mamirauá, será desenvolvida uma máquina para extração do óleo de andiroba, visando apresentar uma tecnologia eficiente e que poupe tempo e energia para a realização da atividade pelos comunitários.

“Existem vários tipos de máquinas de prensagem no mercado, mas, o que a gente está tentando fazer é uma máquina que seja viável e de fácil replicação, para as comunidades que têm interesse. Por isso, não vai ser uma usina ou uma grande máquina. Nossa ideia é fazer algo que seja acessível, mesmo que em pequena escala”, reforçou a pesquisadora.

De acordo com Emanuelle, a equipe está estudando outras inciativas, visando desenvolver ou adaptar uma tecnologia que será utilizada para secagem, trituração e prensagem da semente, para extração do óleo. “Essa vai ser uma experimentação que a gente vai testar no Instituto durante este ano. Para que, no ano que vem, a gente consiga instalar uma máquina em uma comunidade da região”, explicou. Após a experimentação da máquina, a equipe vai fazer a análise química do óleo, buscando identificar a metodologia que vai garantir melhor qualidade do óleo, por exemplo, garantindo que tenho um pH menos ácido, e também melhor rendimento. Também é proposta do projeto a realização de uma capacitação com os comunitários da região que tiverem interesse na atividade.

A pesquisadora destaca a importância de aliar pesquisa e manejo. “Preciso saber como se comporta ecologicamente a espécie para poder manejar, eu só uso se souber como ela se comporta, para que ela não se extingue, não finde. O manejo significa manutenção, gerenciamento do recurso”, completou. 

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FONTE: Instituto Mamirauá.

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