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19 de ago. de 2009
Contrariando as críticas da sociedade civil organizada, políticos da região do Rio Xingu se unem para acelerar obra de usinas
Contra as críticas de organizações não-governamentais (ONGs) e do Conselho Indigenista Missionário, o projeto da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), tem levado os prefeitos da região a se unir para acelerar a tramitação do processo de licitação. O "Consórcio Belo Monte", formado pelas prefeituras dos 11 municípios da área de influência da futura hidrelétrica, vê na hidrelétrica uma oportunidade de desenvolver a área. A usina de 11,3 mil megawatts deve demandar investimentos de pelo menos R$ 7 bilhões, criar 18 mil empregos diretos e mais 80 mil indiretos, segundo cálculos da Eletrobrás, responsável pelos estudos da hidrelétrica.
Cerca de 40 km vão separar o canteiro principal do município de Altamira (PA). A prefeita da cidade, Odileida Sampaio (PSDB), conta com o empreendimento para reduzir a elevada taxa de desemprego do município. Segundo ela, Altamira tem hoje cerca de 20 mil desempregados numa população estimada de 100 mil pessoas. "Imaginamos que as empresas que vencerem a licitação vão dar prioridade à mão de obra da região, e só vão trazer de fora o pessoal mais especializado. "
Apesar de o projeto sequer ter sido licitado - a ideia do governo é leiloar a concessão de Belo Monte em outubro. A região já sente os efeitos migratórios. O prefeito de Anapu, Francisco de Assis, o Chiquinho do PT, disse que sua cidade tem recebido pelo menos uma nova família por dia em busca de emprego na futura obra ou em outras atividades.
"Elas não estão vindo só pela usina, mas também para trabalhar na agricultura" , disse o prefeito, que, para desenvolver a região, espera não somente a construção de Belo Monte como também a recuperação da Transamazônica.
"Em toda a nossa região, quando se fala na Transamazônica e em Belo Monte, as pessoas ficam com a expectativa de melhora nas condições de vida", disse Chiquinho, que preside o "Consórcio Belo Monte".
Para poder fazer o leilão da concessão da usina, o governo precisa ainda que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) conceda a licença ambiental prévia do projeto. O processo de licenciamento só foi liberado há algumas semanas, depois de ter ficado parado por dois por causa de uma liminar.
É praticamente certo que haverá muitas disputas nos tribunais por causa de Belo Monte. O projeto enfrenta resistência histórica de comunidades indígenas.
No mês passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu representantes de ONGs, dos índios e o d. Erwin Krautler, bispo do Xingu e presidente do Conselho Indigenista Missionário. O grupo, contrário à obra, ouviu do presidente Lula que a construção da hidrelétrica não seria "empurrada goela abaixo".
A usina de Belo Monte deverá alagar uma área de aproximadamente 516 quilômetros quadrados. Na comparação com usinas já existentes, a relação entre os megawatts gerados e o tamanho do reservatório de Belo Monte é a terceira melhor do país: 21,8 MW por quilômetros alagado.
FONTE: Notícias da Panamazônia. Texto de Leonardo Goy, do Estadão, disponível em: http://www.estadao.com.br
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