30 de abr. de 2012

Movimento nas casas de prostituição da região de Altamira aumenta devido a obra de hidrelétrica

O número das casas de prostituição em Altamira (PA) aumentou desde a instalação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Basta uma conversa com qualquer taxista da cidade para saber que, a toda semana, chegam moças – em geral, na faixa dos 20 anos – perguntando a localização desses estabelecimentos e interessadas em aproveitar a oportunidade de lucrar com a presença dos milhares de novos habitantes.
Estimativas da prefeitura de Altamira apontam que a cidade, que tinha pouco mais de 99 mil habitantes em 2010, abriga atualmente cerca de 145 mil pessoas. Só nas obras da usina há, atualmente, cerca de 8 mil pessoas trabalhando. Deste total, 75% são homens e 40% vieram de outros estados. Em 2013, ano de pico da obra, o número de operários deve chegar a 23 mil.
Boa parte desses trabalhadores busca “prazer rápido e fácil” em locais como a Amoricana, a mais tradicional casa do ramo na cidade. “Antes só tinha a gente [trabalhando como casa de prostituição]. Agora há, no mínimo, mais sete casas”, disse à Agência Brasil, Célio*, que, junto com a namorada, é o responsável pelo negócio. “A gente faturava por volta de R$ 1 mil por dia. Agora, com a chegada da usina, a média fica entre R$ 2 mil e R$ 4 mil”, informou o jovem que, quando a casa está aberta, trabalha de garçom e segurança.
“Para eles [funcionários de Belo Monte], essa é a diversão que melhor alivia o estresse do trabalho pesado. Tem muito cara sozinho na cidade. Carente mesmo. Por isso, é muito comum vermos inícios de namoros entre trabalhadores contratados para as obras e moças da casa”, disse. Ele estima que 60% dos clientes da casa trabalham em Belo Monte.
Recém-chegada de Santarém (PA), Julia*, de 23 anos, está há 12 dias em Altamira, após ser convidada por uma amiga que dizia ganhar R$ 6 mil na cidade. "Das 14 meninas que trabalham aqui, só uma é de Altamira”, diz outra moça, que chegou à cidade após “fazer um dinheiro” em Mato Grosso e em Minas Gerais.
O preço do programa cobrado por todas as meninas entrevistadas pela Agência Brasil era o mesmo: R$150. Mas no começo do mês, quando os trabalhadores estão com o salário no bolso e o movimento aumenta, esse preço fica mais alto.
“A gente nota que eles não buscam apenas sexo. Muitos pagam apenas para conversar. Esses, aliás, são nossos clientes favoritos”, disse Kelly*, de 22 anos, vinda também de Santarém. “A maioria das meninas daqui veio da minha cidade”. Ela diz que consegue receber entre R$ 3mil e R$5 mil mensais fazendo programas. “Faço isso porque quero juntar dinheiro para comprar um terreno ou uma casa”, justificou.
Perto dali, outra casa de prostituição – essa, inclusive, com a tradicional luz vermelha à frente –, é administrada por três irmãs, donas de outros dois estabelecimentos semelhantes na cidade.
“A gente é meio psicóloga para essas pessoas [que foram a Altamira para trabalhar em Belo Monte]”, disse Luzia*, uma das irmãs, à Agência Brasil, enquanto entregava pulseiras às moças que passavam segurando copos com bebidas e energéticos pagos por clientes. “Essas pulseiras servem para a gente registrar o número de bebidas vendidas aos clientes e, depois, pagar a comissão das meninas”.
As três casas empregam, entre outras moças, 14 vindas de Rondônia. A proprietária, no entanto, desaconselha esse tipo de vida para as mulheres que pretendem ir a Altamira para ganhar dinheiro com programas. “É melhor vir para fazer um curso [profissionalizante] e tentar emprego em Belo Monte”.
É o que tenta fazer Diane*, que chegou há pouco mais de dois meses, vinda de Macapá (AP). “Já vim para cá pensando em trabalhar na usina”, disse ela, que já conseguiu vaga em um curso de soldadora promovido pelo Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM).
“A vida com certeza será melhor. Vida trabalhando é diferente. Dinheiro é bom, mas nesse ramo a gente passa por um monte de constrangimento”. Fazendo programas, ela consegue lucrar quase R$ 3 mil mensais. No entanto, perguntada se vai abandonar os programas após conseguir trabalho na usina, é categórica: “Pretendo manter os dois empregos”.
“A primeira impressão que tive aqui é que é igual a um garimpo, com muitos homens vivendo para trabalhar e, nas poucas horas de folga, buscando prazer rápido e fácil”, disse Lia*. Quando chegou, há pouco mais de três meses, a garota de programa trabalhou em um bar onde a situação era bem mais complicada e arriscada do que a da casa em que trabalha atualmente.
“A gente não podia sair de lá nenhum dia da semana. E as pessoas que frequentavam eram muito ignorantes”, disse. Por motivos como esses, ela desaconselha qualquer mulher de ir a Altamira para tentar a vida fazendo programas. “Mas infelizmente a esperança de ganhar dinheiro fácil acaba atraindo a gente e a falta de preparo não nos deixa tentar outro tipo de trabalho”.
Tanto a prefeitura de Altamira quanto a Norte Energia, empresa responsável pela construção e operação da usina, dizem promover ações para evitar a propagação de doenças sexualmente transmissíveis na cidade e nos canteiros de obra.
A prefeita Odileida Sampaio (PSDB) disse à Agência Brasil que “as secretarias de Saúde e de Promoção Social contam com equipes qualificadas que têm instruído essas moças sobre formas de evitar a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis e aids”. Ela, no entanto, diz que, por causa da falta de dinheiro, essas ações acabam limitadas a fazer apenas “o necessário do necessário”, inclusive no tocante à segurança pública.
Já a Norte Energia disse que “tem realizado ações de educação, prevenção e controle de DST/aids e prevenção de gravidez na adolescência”, conforme previsto no Projeto Básico Ambiental, e que, até o momento, 14 comunidades de Altamira foram beneficiadas com essas ações. Nos canteiros de obra, os trabalhadores “recebem treinamento, informações e orientações relativas ao comportamento ético e profissional”, que contribuem para a multiplicação das noções preventivas contra a exploração sexual.
FONTE: Texto de Pedro Peduzzi e edição de Fábio Massalli, para AGÊNCIA BRASIL, daqui.

24 de abr. de 2012

1ª Conferência Nacional de Ater define novas estratégias para a extensão rural no Brasil

Começa hoje e vai até dia 26, em Brasília, a 1ª Conferência Nacional sobre Assistência Técnica e Extensão na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária (Cnater). Na oportunidade serão definidas propostas que constituirão as estratégias, diretrizes e prioridades para o Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Pronater), programa do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) que auxilia o agricultor familiar a melhorar sua produção e qualidade de vida. Nesta segunda (23), serão realizadas as plenárias e a aprovação do regulamento da conferência. A abertura oficial será nesta terça-feira (24), às 8h30, com a presença do ministro Pepe Vargas.   
Na Cnater serão discutidas estratégias em relação ao desenvolvimento rural sustentável, à diversidade da agricultura familiar e à redução das desigualdades, políticas públicas, gestão, financiamento, demanda e oferta de serviços, metodologias e abordagem. Estas serão firmadas no Relatório Final da Conferência, na Declaração Política, e nas moções.
A 1ª Cnater é promovida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf) e pelo Comitê Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Cnater) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Participam do evento nacional 699 delegados (eleitos nos estados), com direito a voz e voto, sendo 619 eleitos nas Conferências Estaduais e 80 delegados natos (representantes do governo federal, conselheiros do Condraf e do Comitê de Ater), além de cem convidados - representantes dos Conselhos Estaduais de Desenvolvimento Rural, delegacias do MDA, superintendências estaduais do Incra, conselho nacionais, sociedade civil organizada, poder público - e observadores.
O evento abordará cinco eixos: Ater para o Desenvolvimento Rural Sustentável; Ater para a Diversidade da Agricultura Familiar e a Redução das Desigualdades; Ater e as Políticas Públicas; Gestão, Financiamento, Demanda e Oferta dos Serviços de Ater e Metodologia de Ater.
Durante as etapas preparatórias foram mobilizados cerca de 40 mil participantes, entre representantes governamentais e da sociedade civil, distribuídos em 26 conferências estaduais e uma no Distrito Federal, sete conferências temáticas, 160 conferências territoriais e duas conferências municipais, que geraram contribuições aos documentos-base estaduais.
Extrativistas, quilombolas, mulheres, população jovem e todos os segmentos diretamente interessados em um melhor serviço de Ater no Brasil participaram de discussões sobre as mudanças necessárias para o sistema de Ater em seminários temáticos nos estados. Uma vez que Ater é um processo fundamental e estratégico para o desenvolvimento sustentável no meio rural brasileiro, os segmentos levaram suas contribuições para os eventos preparatórios à conferência nacional.
Segmentos
Durante o seminário de Assistência Técnica e Extensão Rural Indígena, foram levantadas propostas por representantes de 22 povos indígenas de 15 estados brasileiros em evento que reuniu líderes de comunidades nativas, membros do governo federal e de diversas entidades. As principais propostas apresentadas foram promover o cooperativismo, incentivar atividades produtivas de baixa emissão de carbono em terras indígenas e ampliar a participação de indígenas nos processos de construção das políticas públicas.
Já o encontro que reuniu em Brasília extrativistas de reservas florestais, pesca marinha e de regiões ribeirinhas, além de técnicos de organizações não governamentais (ONGs) e das empresas de assistência técnica rural, contribuiu para levantar diretrizes que respeitem e valorizem os povos extrativistas, a sua cultura e o cuidado que têm com a natureza, de forma a atender suas especificidades.
Entre as contribuições da Conferência Temática de Juventude Rural, está a criação de oportunidades para os jovens continuarem vivendo no campo, com uma oferta de Ater que promova o acesso a tecnologias de produção sustentável, numa perspectiva de transição para uma matriz produtiva agroecológica, aliada ao acesso à terra, crédito e educação.

Contexto
A 1ª Cnater acontece num momento de debate sobre a reestruturação de todo o sistema de Ater no país. "Estamos num momento estratégico para a qualificação do serviço de assistência técnica e extensão rural para os agricultores e agricultoras familiares. As conferências, territoriais estaduais e a nacional estão previstas na Lei 12.188 e possibilitam um amplo debate, principalmente com o público beneficiário, os representantes dos agricultores, com os próprios agricultores, com as entidades que ofertam os serviços de Ater, com os movimentos sociais, que apontam diretrizes, de modo que os governos e principalmente o MDA, a partir dessas diretrizes, venham qualificar sua relação, seus sistemas e a operacionalização da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão rural (Pnater)", explica o diretor do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF/MDA), Argileu Martins.
"As conferências permitem ao governo federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento Agrário, ouvir os diversos atores do processo e, a partir daí, construir instrumentos que qualificam esse serviço tão importante para que as famílias acessem as políticas públicas, para que ocorra a inovação tecnológica no campo e para que essas famílias tenham mais renda e vivam melhor", explica o diretor.
Extensionista
O Brasil possui hoje cerca de 20 mil extensionistas rurais. São agrônomos, veterinários, sociólogos, zootecnistas, economistas domésticos, assistentes sociais, engenheiros ambientais e outros profissionais que levam informações técnicas a agricultores e cooperativas para que possam melhorar a produção e a qualidade de vida no meio rural. Esses técnicos atuam ao lado dos produtores apresentando inovações tecnológicas e prestando assistência para a produção, auxiliando o agricultor em seu crescimento.
Assistência técnica e extensão rural são fatores imprescindíveis para a agricultura brasileira e são esses serviços que orientam e garantem a mais adequada aplicação de recursos das atividades produtivas, além de levarem as diversas políticas públicas para os agricultores.
Serviço:
O que: 1ª Conferência Nacional sobre Assistência Técnica e Extensão na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária (1ª CNATER)
Data: 23 a 26 de abril
Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães
Programação
23 de abril de 2012 - Segunda-feira
16h às 18h - Plenária de Aprovação do Regulamento da Conferência
24 de abril de 2012 - Terça-feira
08h30 às 09h30 – Conferência de Abertura. Tema: Ater para o Desenvolvimento do Brasil Rural
09h30 às 12h30 - Painel – Ater: Desafios e perspectivas para a 1ª Cnater
14h às 18h - Comissões Temáticas (Salas 1 a 10)
25 de abril de 2012 - Quarta-feira
08h30 às 12h30 - Comissões Temáticas (Salas 1 a 10)
14h às 17h – Plenária por eixo (Salas 1 a 5)
17h às 18h – Leitura das Moções
26 de abril de 2012 - Quinta-feira
08h30 às 13h - Plenária
14h30 às 17h - Plenária
17h às 18h - Leitura e Aprovação de Declaração da Conferência
18h às 19h - Solenidade de Encerramento

FONTE: MDA.

Fruto da Amazônia pode ser alternativa para geração de energia


A partir da semente do tucumã foi possível extrair um óleo vegetal que pode ser transformado em “combustível natural” após um processo químico. l Foto: Inpa

No Amazonas a energia elétrica é precária. No entanto, a solução para este problema pode estar na própria Amazônia, uma vez que possui, em abundância, um fruto que pode ser usado como alternativa para a produção de energia.
O projeto é de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), que descobriram o fruto tucumã, encontrado na palmeira de mesmo nome. O tucumã tonou-se matéria-prima na produção de biodiesel, tendo a capacidade de movimentar geradores empregados no fornecimento de luz elétrica para comunidades rurais.
O pesquisador do instituto, Sérgio Nunomura, afirma que os testes com este fruto começam devido à necessidade de criar maneiras alternativas de geração de energia na região.
A partir da semente do tucumã foi possível extrair um óleo vegetal que pode ser transformado em “combustível natural” após um processo químico.
“Testes laboratoriais mostraram que é possível movimentar um gerador com o biodiesel de tucumã. Isto poderia contribuir com comunidades isoladas da Amazônia, onde ainda não existe energia elétrica”, explica Nunomura.
O pesquisador afirma que há cerca de 500 comunidades do Amazonas que passam por dificuldades por falta de luz elétrica, o que compromete o desenvolvimento local.
“É um dos principais empecilhos para melhorar o índice de desenvolvimento humano na população do estado. Sem energia, não tem como preservar o alimento, fica difícil o acesso à educação e à comunicação. [O óleo de tucumã] seria uma alternativa natural ao problema”, explica.
Um das vantagens é que, de acordo com o Inpa, a palmeira tucumã dá fruto o ano inteiro, sendo que cada unidade produz até três cachos com cerca de 130 frutos cada.
A produção do biodiesel resolveria ainda um problema ambiental detectado em Manaus: o manejo dos resíduos do tucumã. “Hoje, as sementes, principal matéria-prima do biodiesel, vão para o lixo. A produção em massa desse combustível alternativo poderia reutilizar os restos deste fruto, evitando o desperdício”, diz Nunomura.
Como o biodiesel está em fase de testes, ainda não há previsão de quando será produzido em larga escala. O pesquisador ressalta que será preciso muito investimento em maquinário e do empenho da própria comunidade. A formação de cooperativas, para Nunomura, é essencial.

FONTE: Com informações do G1, publicado por Ciclo Vivo, aqui.

Conselho da OAB representará contra MP que reduz unidades de conservação

A Ação Direta de Inconstitucionalidade contra MP assinada pela presidente Dilma Rousseff será ajuizada no STF

 Incêndio da unidade de conservação Campos Amazônicos, no sul do Amazonas, ocorrido nesta semana (Joao Talocchi/SDS)

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) vai ajuizar Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a Medida Provisória número 542, de 2011, que alterou os limites do Parque Nacional dos Campos Amazônicos, do Parque Nacional da Amazônia e do Parque Nacional Mapinguari, próximos aos rios Madeira e Tapajós. A informação foi divulgada ontem no portal da OAB na internet. O voto do relator da matéria na ordem, o conselheiro federal pela Paraíba, Vital Bezerra Lopes, foi acolhido à unanimidade pelo Pleno da OAB Nacional, pelo ajuizamento da ação em razão da ausência do requisito constitucional da urgência, previsto no artigo 62 da Constituição Federal. Conforme o voto do relator, a MP 542 reduziu as áreas do Parque Nacional da Amazônia em 28.380 hectares e do Parque Nacional do Mapinguari em 8.460 hectares e aumentou o Parque Nacional dos Campos Amazônicos em 150 mil hectares. Para o conselheiro federal Vital Bezerra Lopes, a alegação de que a imprecisão na descrição dos limites dos parques vem impedindo a demarcação e gerando conflitos na ocupação da região não justifica o requisito constitucional da urgência, necessário à edição e aprovação de medidas provisórias no país. O Pleno da OAB também entendeu ter havido violação ao artigo 225, parágrafo 1º, inciso III, da Constituição, dispositivo que exige a edição de lei para alterar ou suprimir espaços territoriais protegidos, como é o caso dos três parques em questão.“O Governo Federal deverá submeter ao crivo do Poder Legislativo, a matéria de redução dos parques nacionais, e sendo assim, lembrará que existe o Poder Legislativo, que jamais poderá deixar que a chefe do executivo venha a ferir as funções do Legislativo”, afirmou o relator. Ele foi seguido à unanimidade pelos conselheiros federais da OAB. A proposição de ajuizamento de Adin foi feito pelo conselheiro federal da OAB pelo Maranhão, José Guilherme Zagallo. Conduziu a sessão plenária o presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante.Entenda o casoNo dia 9 de janeiro o portal acrítica.com postou matéria informando que os limites de sete Unidades de Conservação federal do Amazonas, Pará e Rondônia foram reduzidos pela Presidência da República por meio da Medida Provisória 558, assinada pela presidente Dilma Roussef. As alterações foram feitas nos Parques Nacionais (Parna) da Amazônia, dos Campos Amazônicos e Mapinguari. Também foram alteradas as Florestas Nacionais (Flonas) de Itaituba I, Itaituba II e do Crepori e da Área de Proteção Ambiental (APP) do Tapajós. O Parque Nacional da Amazônia abrange os municípios de Itaituba e Aveiro, no Pará, e Maués, no Amazonas. Segundo a MP, as áreas desafetadas do Parque Nacional da Amazônia, em seus limites leste, deverão ser destinadas para o estabelecimento de Projetos de Assentamento Sustentáveis, a serem criados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Caberá ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e ao Incra procederão à demarcação dos limites leste do Parque Nacional da Amazônia. O Parque Nacional dos Campos Amazônicos, abrange municípios de Manicoré e Novo Aripuanã, no Amazonas, e Colniza, no Estado de Mato Grosso, e Machadinho d'Oeste, no Estado de Rondônia. Saiba quais foram as novas delimitações.

FONTE: A Crítica, também disponível aqui.

21 de abr. de 2012

Imazom registra aumento de 15 % no desmatamento na Amazônia Legal no mês de março

Cerca de 60% do desmatamento ocorreu em Mato Grosso. O Pará está em segundo lugar, com 25% e Rondônia em terceiro, com 9%.
O desmatamento da Amazônia Legal em março atingiu 53 quilômetros quadrados, área 15% maior que a de março de 2011, quando foram desmatados 46 quilômetros quadrados. Os dados são do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Cerca de 60% do desmatamento ocorreu em Mato Grosso. O Pará está em segundo lugar, com 25% e Rondônia em terceiro, com 9%.
Entretanto, houve redução de 22% do desmatamento acumulado entre agosto de 2011 a março de 2012, totalizando 760 quilômetros quadrados a menos de floresta. No período anterior (de agosto de 2010 a março de 2011), foram desmatados 969 quilômetros quadrados.
Na análise dos dados de florestas degradadas na Amazônia Legal, o Imazon registra um índice de 40 quilômetros quadrados. O número é 87% menor do que em março do ano passado, quando a degradação florestal somou 298 quilômetros quadrados. Florestas degradadas são áreas não desmatadas, mas que apresentam problemas como incêndio florestal ou exploração madeireira de alta intensidade, prejudicando o solo.
Nesse caso, Mato Grosso também lidera o índice, com 67%, seguido pelo Amazonas, com 15%, Rondônia, com 10% e Pará, com 7%.
Também houve redução de 62% na degradação florestal acumulada. No período de agosto de 2011 a março de 2012, foram 1.568 quilômetros quadrados. Enquanto que, no mesmo período anterior, o número registrado foi 4.111 quilômetros quadrados.
O desmatamento na Amazônia Legal foi responsável pela emissão de 3,6 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente.
O Imazon faz um monitoramento paralelo ao do governo do desmatamento da região. O monitoramento oficial na Amazônia é feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Segundo o Inpe, em março deste ano, foram desmatados 59 quilômetros quadrados na Amazônia. Mato Grosso foi o estado campeão, com 33 quilômetros quadrados desmatados.

FONTE: Texto de Priscilla Mazenotti para Agência Brasil, disponível também aqui.

Multas ambientais irão direto para fundo


Medida vale desde janeiro, mas ainda está em fase de implementação. Com a nova sistemática recursos serão aplicados nos locais onde houve dano, beneficiando a área impactada.

A partir de agora, as multas ambientais serão identificadas por códigos numéricos na Guia de Recolhimento da União (GRU), que permitirão identificar o local da infração, o valor pago e, sobretudo, o destino do dinheiro – o Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA). A novidade vale desde janeiro deste ano, mas ainda está em fase de implementação. Para informar e orientar procuradores e promotores sobre esse novo procedimento, a diretora do FNMA, Ana Beatriz de Oliveira, faz palestra no XII Congresso Brasileiro do Ministério Público de Meio Ambiente (www.abrampa.org.br), nesta quinta-feira (19/04) em Brasília.
Até janeiro, as multas caíam na conta do Tesouro Nacional e não eram identificadas. Por meio da Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração do Ministério do Meio Ambiente, a diretoria do FNMA negociou com a Secretaria de Orçamento Federal e com a Secretaria do Tesouro Nacional a criação dos códigos. São eles: 1919.35.20 (Código de Natureza de Despesa – SOF) e 10.119-2 (Código de Arrecadação de Receita – STN).
Assim, o dinheiro poderá ser utilizado para reparar exatamente a área onde houve o impacto. Desde a Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98), havia previsão de reverter as multas para esse fim, mas não havia como controlar. “Queremos estabelecer que o dinheiro volte para a área impactada”, explicou a diretora do FNMA.
Financiamento - O dinheiro arrecadado com as multas é destinado a financiar projetos de recuperação ambiental e ações socioambientais. Desde 1989, o fundo já financiou 1.400 projetos, mobilizando R$ 230 milhões. O FNMA gerencia o recurso, repassado por meio de editais para instituições parceiras: organizações não governamentais (ONGs) e órgãos públicos federais, estaduais ou municipais. “A relação entre a União e os parceiros é pautada por um objetivo em comum: executar uma política pública”, disse a representante do Fundo.
As ações apoiadas pelo FNMA estão localizadas em todas as regiões do país. São projetos e iniciativas que contribuem para a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais e para a qualidade de vida da população brasileira. É o mais antigo fundo socioambiental da América Latina e conta com 19 membros no conselho deliberativo (cinco de ONGs e 14 do governo).

FONTE: Ascom MMA.

Diretor da ONU diz que mundo está de olho no Código Florestal

Para Achim Steiner, do Pnuma, decisão pode impactar imagem do país. Preocupação principal do diretor do programa é com a floresta amazônica.

O diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Achim Steiner, disse nesta segunda-feira (16) que “o mundo inteiro” observa a movimentação da política brasileira em torno do novo Código Florestal.
Steiner disse que apesar da questão ser de “política interna”, a decisão tomada poderá enviar um sinal positivo ou negativo sobre o país à comunidade internacional. Ele participou de evento sobre governança ambiental e a Rio+20, promovido no Rio de Janeiro pelo ministério do Meio Ambiente.
A Rio+20 é a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que acontece em junho no Rio, e que já tem cem chefes de Estado confirmados para discursar na plenária principal, de acordo com o Itamaraty.
“O mundo inteiro está olhando para o Brasil hoje, querendo saber o que vai acontecer no Código Florestal (…) É uma questão de política interna, que cabe aos brasileiros decidir, mas o país também pode mandar um enorme sinal sobre sua liderança no progresso sustentável ao longo dos últimos 20 anos, que pode ser consolidado ou sofrer um revés”, explica.
Amazônia em foco – Para o diretor do Pnuma, programa que pleiteia na Rio+20 a chance de se tornar uma agência especializada – que terá poder de reger políticas globais ambientais – existe uma preocupação externa sobre o impacto das mudanças da lei na Amazônia.
“O Código Florestal pode reduzir o valor do ecossistema amazônico (…) Mas não sou eu quem vai julgar isto. Acho que o mundo não deveria intervir em um processo democrático interno, mas ele [os países] têm direito de definir quais são suas políticas preferidas para o Brasil”, explica.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que também participou do encontro no país não fez comentários sobre a votação do Código Florestal, que segue em negociação no Senado. Ela afirmou que falaria apenas quando o relatório em análise no Congresso estivesse pronto.
No entanto, Izabella afirmou que o Brasil precisa reestruturar a governança ambiental nacional (políticas voltadas para o meio ambiente), que, para ela, já está “vencida”. “O sistema está vencido em face aos desafios recentes. O debate sobre o Pnuma nos instiga e nos coloca um dever de casa”, disse a ministra.
Super agência – Steiner aproveitou o encontro com representantes da sociedade civil para explicar a necessidade de se criar uma plataforma global para decisões ambientais durante a Rio+20, uma agência da ONU nos mesmos moldes de instituições como a Organização Mundial do Comércio ou a Organização Internacional do Trabalho.
Para ele, não se fala em “criar um secretariado maior ou mais bonitinho”, nem deixar o Pnuma na situação atual de um “clube de debate”, que não tem poder para tomar decisões. Segundo o diretor do programa na ONU, há um descontentamento geral sobre o tema, que será negociado durante a cúpula sobre Desenvolvimento Sustentável.

FONTE: Texto de Eduardo Carvalho para Globo Natureza, disponível também aqui.

Ministério autoriza uso da Força Nacional em ações do IBAMA no PA

Decisão do ministro da Justiça foi publicada no Diário Oficial da União. Agentes do órgão ambiental sofreram emboscada no fim de março.

O Ministério da Justiça autorizou formalmente o uso da Força Nacional de Segurança Pública no apoio às ações contra o desmatamento no Pará, mais especificamente nos municípios de Novo Progresso e Altamira, no sudoeste do estado.
No dia 28 de março, fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes (ICMBio) foram emboscados em Cachoeira da Serra, distrito de Novo Progresso.
A confirmação de que a Força Nacional dará apoio aos agentes dos órgãos ambientais foi publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (25). Segundo o texto, a decisão levou em consideração um pedido da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que expressou a “vulnerabilidade” dos agentes do Ibama e do ICMBio na região.
A princípio, o apoio das forças acontecerá ao longo de três meses, mas o prazo pode ser prolongado, se necessário.

FONTE: Globo Natureza.

20 de abr. de 2012

Cadeia produtiva do babaçu é fortalecida


A utilização mais rentável do babaçu, fruto de palmeira típica da Região Norte do país, será beneficiada pelo Plano Nacional das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade (PNPSB), ação conjunta do Governo Federal coordenada pelos ministérios do Desenvolvimento Agrário, Meio Ambiente, Desenvolvimento Social e Agricultura. Para discutir ações de fomento à produção sustentável do fruto em Tocantins e desenvolver tecnologias visando o melhor aproveitamento e geração de renda nas comunidades envolvidas, a cidade de Palmas sedia, até amanhã (20/04), o Encontro Nacional da Sociobiodiversidade, que conta com o apoio da Secretaria da Agricultura, Pecuária e do Desenvolvimento Agrário do Estado.
"A principal ação de fortalecimento da cadeia produtiva do babaçu e o ponto focal das discussões neste evento é a inovação tecnológica para o seu aproveitamento integral", destaca o consultor nacional do Babaçu da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Fabio Melo. Os projetos de desenvolvimento tecnológico de ferramentas e métodos para desenvolver maquinário e instrumentos adequados para a exploração devem ser criados de acordo com as necessidades locais, acrescenta.

PERFIL DIFERENCIADOPara o representante do do MMA, o extrativista de cada localidade tem perfil e necessidade diferenciados. A tecnologia que o produtor rudimentar precisa, por exemplo, em nada se assemelha às reais exigências do industrializado. "O encontro e as demais ações de fomento à cadeia produtiva do babaçu nasceram de demanda da sociedade: os extrativistas solicitam ao Governo Federal tecnologias para o aproveitamento integral do babaçu, que vai desde a farinha, amêndoa, até o coco", explica. Durante o encontro, os demais órgãos envolvidos na ação estão apresentando tecnologias desenvolvidas para o aproveitamento dos produtos extrativistas.
O plano se propõe, ainda, a dar oportunidade para investimentos em negócios sustentáveis, para os mercados interno e externo, na inovação de produtos nas áreas de alimentos, cosméticos, indústria farmacêutica, moda, bijuterias, decoração e prestação de serviços.

FONTE: Texto de Sophia Gebrim, Ascom MMA. 

18 de abr. de 2012

Pesquisa inédita revela perfil da mulher extrativista na Amazônia

Rosana Pantoja desbastado açaí na floresta pública onde mora
Segundo levantamento da CNS, mulheres extrativistas querem mais crédito e assistência técnica para a produção; internet pode mudar realidade produtiva

Rosana é ribeirinha. Mora com a família na várzea do rio Pará, a 30 minutos de barco de Curralinho na ilha de Marajó. Tem trinta anos e ainda não teve filho. Exerce vários ofícios. Aprendeu todos na prática. Como costuma repetir, “ribeirinho tem de fazer de de tudo um pouco”.
Na época da chuva, entre dezembro a maio, sua atividade é subir o rio de canoa, coletando o açaí. Parte consome com a família de oito irmãos; parte vende na cidade – com preços que flutuam entre R$ 10,00 a R$ 20,00 uma lata de 15 kg.
Quando a chuva acaba, Rosana faz as vezes de pescador artesanal. Joga a tarrafa e arma o matapi1. Ela conta que a “safra” do camarão é junho. “O problema é que com muito oferta o preço cai”, reclama. Pra agregar valor, descasca e salga antes de vender.
Além do camarão e do açaí, Rosana também trança cestarias e confecciona biojoias. E não é só isso: quando tem eventos públicos em Curralinho, Rosana sempre consegue um bico de cozinheira.
Satisfeita com seu ritmo de vida, não tem planos de buscar outro trabalho. Tampouco quer mudar para a capital do estado. Sempre procura cursos de assistência técnica. (Atualmente freqüenta uma capacitação de beneficiamento do açaí – oferecido pelo Instituto Peabiru, de Belém do Pará.)
O caso de Rosana faz parte de uma pesquisa, ainda inédita, que a Secretaria da Mulher do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) está terminando de elaborar, com apoio da agência de cooperação alemã, GIZ. O CNS já ouviu 46 associações de mulheres em nove estados da Amazônia Legal. A previsão é que o estudo deve seir até o final do ano.
Segundo Cristina da Silva, organizadora da pesquisa, as associações de mulheres na Amazônia ainda estão nos primeiros passos para se organizar como produtoras. A elas, faltam principalmente informações e capacitação. Linhas de financiamentos nunca chegam. “Sem contar as questões culturais que as impede de uma maior autodeterminação”, diz Cristina.
Segundo os primeiros resultados da pesquisa, apenas 26% dos grupos extrativistas entrevistados tiveram algum membro beneficiado por alguma linha de crédito. O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) não atingiu nem 5% deles. O Pronaf Mulher tem resultado nulo, 0%. Veja quadro:
O acesso aos créditos de PRONAF A, B e C é muito baixo: entre 2,2% e 4,3%.
Francisca Augusta Rodrigues, moradora da reserva extrativista Rio Ouro Preto, em Guajará-Mirim, Rondônia, jamais foi beneficiada por algum tipo de financiamento. Nasceu na beira do rio, criou sete filhos, que hoje moram na cidade. Ela se mantém ativa, coletando coco babaçu nas cercanias do terreno.
Francisca participa da associação de Mulheres Extrativistas Ouro Preto, mas o único benefício que recebe é a ajuda no transporte da produção para a cidade. Do coco babaçu, ela extrai o óleo que vende no comércio local de Guajará-Mirim por R$ 25,00 o litro.
Transporte - Segundo a pesquisa, transporte tampouco é o forte dessas trabalhadoras, o meio mais usado por elas é a canoa (41%), seguido de barco e bicicleta, 35% e 33% respectivamente. Ônibus públicos também parecem distante da realidade delas, só 13% declararam ter acesso. Veja quadro abaixo:
Barcos e canoas correspondem a 75% do transporte desse grupo; ônibus público, 13%
As associações se empenham em disponibilizar transporte para suas beneficiadas, mas a maioria só consegue fornecer canoas e bicicletas (15%). Só 2% dos grupos têm carros.
foto: Luiz da Motta
Barcos e canoas seguem sendo o transporte mais usado pelas extrativistas
Comunicação – Rosana tem celular. Sua casa tem gerador a diesel e, caminhando alguns minutos, ela chega a uma estrada de terra acessada por uma linha de ônibus.
Mas aqui ela também é exceção. Dos grupos entrevistados apenas 30% usam meios de comunicação como telefone, rádio ou carta. Mas a boa notícia é que 19% têm e-mail. O que pode indicar uma revolução em curso no meio extrativista amazônico provocada pela internet . Abaixo:
Internet: das entrevistadas 19% já têm e-mail
Para Cristina, coordenadora da pesquisa, a primeira leitura desses dados mostra que a realidade da mulher extrativista não está livre dos impactos do mundo contemporâneo. Mas seu estilo de vida ainda é voltado para a família.
“A mulher extrativista tem muita influência do modo de vida indígena”, afirma Cristina. Segundo ela, até anos atrás, com o ritmo lento de vida na zona rural, essas mulheres não precisavam de planejar o futuro. “Viver o presente já bastava”, afirma Cristina. “Falar em organização gerencial, linhas de crédito, longo prazo, etc.. soava distante de mais do dia-a-dia delas”, conclui a pesquisadora.
Joci Aguiar, diretora do GTA2, concorda que a questão cultural atrapalha o desenvolvimento do movimento de mulheres na região. “Mesmo que trabalhe mais que o homem, o trabalho delas é inferiormente remunerado”, afirma. Segundo Joci, o preconceito começa dentro de casa. “As decisões ainda são tomadas pelo marido”, afirma.
No entanto, Joci acredita que espaços sociais e políticos vêem sendo conquistado pelos movimentos de mulheres. E esses 46 grupos ativos levantados pela pesquisa são prova disso.
Por outro lado, Cristina da Silva afirma que os governo e instituições potencialmente apoiadoras dispõem de poucas informações sobre a realidade delas para poder atendê-las com eficiência.
“O INCRA3 por exemplo oferece casas para essas mulheres, mas não pesquisa quais as necessidades da família”, diz Cristina. “Então compra telhas de alumínio (que saem mais barato), mas são inadequadas para o calor amazônico”, avalia ela.
Enquanto isso, as comunidades vivenciam as mudanças na Amazônia. Francisca disse que hoje na resex do rio Ouro Preto há falta de mão-de-obra para a coleta do babaçu. “Todos foram trabalhar na usina”, afirma. Ela se referia às obras das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira.
Para pesquisa completa, clique aqui: QUESTIONÁRIO SOBRE OS GRUPOS PRODUTIVOS DE MULHERES EXTRATIVISTAS
Notas:
  1. Luiz da Motta é jornalista, especializado na floresta amazônica e consultor do GTA;
  2. Joci Aguiar é coordenadora geral da Rede Acreana de Homens e Mulheres;
  3. Instituto Peabiru: Organização da Sociedade Civil, sediada em Belém/PA, cuja missão de educar para a valorização da biosociodiversidade amazônica, www.peabiru.org.br;
  4. Matapi: artefato de pesca tradicional do camarão, muito utilizado na Amazônia;
  5. GTA: Grupo de Trabalho Amazônico. Organizaçao que congraga cerca de 600 entidades dos movimentos sociais da Amazônia, www.gta.org.br;
  6. Incra: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, ligado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, www.incra.gov.br.
Rosana no açaizeiro: 15 latas por dia.

FONTE: Publicado no Blog evergreenforests Florestas públicas: sempre públicas, para sempre florestas.

16 de abr. de 2012

Governo prorroga por mais dois meses decreto que suspende multas a desmatadores

Esta é a quinta vez que o governo prorroga o perdão de multas de proprietários rurais que desmataram em áreas de preservação ambiental, segundo a atual lei ambiental.

O governo decidiu prorrogar por mais dois meses o decreto que suspende multas a proprietários rurais que desmataram em áreas preservadas, conforme prevê a atual lei ambiental. A informação foi confirmada pela Casa Civil da Presidência da República. A decisão foi tomada na quarta-feira (11) à noite, após reunião da qual participaram a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.

De acordo com a Casa Civil, o decreto com a prorrogação será publicada em uma edição extra do Diário Oficial da União de quarta-feira. Esta é a quinta vez que o governo prorroga o perdão de multas de proprietários rurais que desmataram em áreas de preservação ambiental, segundo a atual lei ambiental.

A medida foi adotada em junho de 2008, pelo então presidente Luíz Inácio Lula da Silva, impedindo que, por um ano, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) cobrasse multas dos proprietários rurais que desmataram, desde que apresentassem um protocolo de pedido de regularização da reserva legal no órgão ambiental competente.

As críticas de alguns setores, principalmente de ambientalistas, eram de que o governo havia cedido às pressões dos ruralistas. O perdão valeria até 11 de dezembro de 2009. Dias antes, o próprio presidente Lula prorrogou a anistia por mais 18 meses.

No atual governo, o decreto já recebeu duas novas datas de validade. Com a indefinição sobre o novo Código Florestal, a presidenta Dilma prorrogou o decreto de 11 de junho de 2011 para 11 de dezembro de 2011 e, novamente, antes do fim do prazo, estendeu a anistia até 11 de abril de 2012.

FONTE: Agência Brasil

Dilma defende novas usinas hidrelétricas

A presidente Dilma Rousseff aproveitou uma reunião com os integrantes do Fórum do Clima, no Palácio do Planalto, para avisar de vez a grupos ambientalistas que lutam contra a construção de usinas hidrelétricas na Amazônia que o governo não mudará seu projeto de aumento da oferta de energia e de desenvolvimento da região. Ela chegou a dizer que essas pessoas contrárias à construção das hidrelétricas vivem em um estado de "fantasia".

Ao se referir à participação do Brasil na Rio+20, a conferência das Nações Unidas que será realizada em junho, no Rio de Janeiro, Dilma lembrou aos que estavam na reunião que o mundo real não trata de tema "absurdamente etéreo ou fantasioso". Dilma disse que o Brasil vai trabalhar, sim, pelo desenvolvimento sustentável, para tirar as pessoas da pobreza, para encontrar formas de conciliar o progresso com o respeito ao meio ambiente.

"Ninguém numa conferência dessas também aceita, me desculpem, discutir a fantasia. Ela não tem espaço, a fantasia. Não estou falando da utopia, essa pode ter, estou falando da fantasia", afirmou Dilma. Pouco antes, ao se pronunciar no Fórum do Clima, a representante das ONGs, Sílvia Alcântara, acusara o governo de estar promovendo um retrocesso na questão ambiental e de, com o pré-sal, estar levando o Brasil a ocupar o terceiro lugar entre os países que mais emitem gases de efeito estufa já em 2020. Em um pequeno pedaço de papel, Dilma anotou tudo o que a ambientalista falou.

Sem se referir diretamente ao que Sílvia havia falado, Dilma defendeu a energia de fontes hidráulicas e desdenhou da energia eólica e solar, ambas defendidas pelos grupos mais radicais como alternativa às hidrelétricas. Disse que,como presidente, tem de explicar como as pessoas vão comer, ter acesso à água e energia. "Eu não posso falar: 'Olha, é possível só com eólica iluminar o planeta. Não é. Só com solar? De maneira nenhuma".

A presidente disse que foi à Espanha, país citado sempre como referência no aproveitamento da energia eólica, e viu que há oito meses as pás de vento não funcionavam. "Não havia vento", disse ela. "Eu, quando comecei a mexer com esse negócio de energia, cheguei a contar vento. Isso foi no Rio Grande do Sul". Para Dilma, a energia eólica deve servir como uma espécie de reservatório para a energia de fonte hidráulica, quando houver escassez de chuvas. "Reservatório de água a gente faz. Mas não faz reservatório de vento", disse a presidente. "Deus nos ouça que a eólica consiga ser reservatório de hidrelétrica no Brasil. Deus nos ouça. Vamos ter de suar a camiseta tecnicamente, não é falta de vontade política, é tecnicamente".

A respeito da participação do Brasil na Rio+20, a presidente afirmou que o País pretende exercer um papel de líder na conferência. "Encontrar um caminho comum é um processo difícil. Desta vez, eu acho que temos uma missão até mais difícil, que é propor um novo paradigma de crescimento". Para Dilma, na Rio + 20 todos os temas vão se encontrar: "Mudança de clima, biodiversidade, redução da pobreza, direito a energia, melhores condições de vida, enfim, como é o futuro do mundo, é isso que vamos discutir na Rio+20. É um ponto de partida mais do que ponto de chegada. Desta vez temos de mudar o patamar da discussão. Nós acumulamos muitas coisas, acumulamos em todas as conferências do clima, em todas as discussões sobre florestas, água. Agora vamos ter de discutir isso na ótica das populações, dos governos, das comunidades científicas, dos organismos da sociedade civil, organizados ou não".

FONTE: UOL, também disponível aqui.

3 de abr. de 2012

Mais de 2000 mudas são plantadas por agricultores familiares em curso de capacitação em Itaituba

Além de receber capacitação técnica, participantes preparam mudas frutíferas e de essências florestais, constroem viveiro coletivo e se comprometem com a implementação de Sistemas Agroflorestais em seus lotes

Foto: ICMBio

No período de 19 a 23 de março de 2012, foi realizado em Itaituba (PA), na Vicinal do cacau, o curso Capacitação em produção de mudas e sensibilização sobre Sistemas agroflorestais, na oportunidade cerca de 30 agricultores e agricultoras familiares das comunidades Monte Moriá, Perpétuo Socorro, Cristo Rei I e II, São Pedro e Campo Verde acessaram informações teóricas e práticas sobre: i) técnicas de produção de mudas frutíferas e de essências florestais; ii) construção e licenciamento de viveiros; iii) implantação e condução de sistemas agroflorestais como alternativa a diversificação e recuperação ambiental de unidades produtivas familiares, além de incentivar a implementação de modelos produtivos que melhorem a geração de renda e alimentos.

Durante a realização do evento foi iniciado a construção de um viveiro coletivo com capacidade para 21 mil mudas. Inicialmente, os participantes semearam 2339 sacolas, sendo 1640 de açaí nativo, 339 de andiroba e 360 de castanha do Brasil.



Foto: ICMBio
O principal resultado relacionado aos Sistemas Agroflorestais (SAFs) refere-se ao compromisso assumido por 15 participantes que, de forma espontânea, decidiram implantar em seus lotes uma parcela de SAFs. Vale destacar que estes agricultores definiram também um arranjo produtivo que deve ser orientado pela implantação dos seguintes componentes: feijão, mandioca, abacaxi, banana, cacau, açaí, castanha, andiroba e ipê.

Como continuidade da ação, ficou acordado que haverá um segundo momento para realizar a cobertura do viveiro com sombrite, a instalação da tubulação que irá irrigar as mudas e entrega de mais 16 mil sacolas de polietileno. Este apoio será viabilizado pelo IPAM através do Projeto de capacitação em uso de práticas produtivas sustentáveis na região de influência da rodovia BR-163 (Cuiabá-Santarém), no estado do Pará. Estas ações estão prevista no contrato firmado entre IPAM e FAO no âmbito do componente II do Projeto BR 163: Floresta, Desenvolvimento e Participação, executado pelo Ministério do Meio Ambiente.

Esta iniciativa foi realizada pelo Grupo de Trabalho (GT) sobre Açaí formado por instituições e entidades membros do conselho consultivo das Florestas Nacionais de Itaituba I, II e Trairão. Fazem parte deste grupo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Serviço Florestal Brasileiro (SFB), Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e a Cooperativa Mista Agroextrativista do Caracol (COOPAMCOL).

Para viabilizar a atividade foram captados recursos junto a Coordenação Geral de Populações Tradicionais do ICMBio, Projeto BR-163 via IPAM e SFB. A atividade contou ainda com a colaboração do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), Agencia de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) e Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC).

Abaixo o link do vídeo do Programa Porteira Aberta, que o cobriu o curso de produção de mudas e SAF´s em Itaituba.

http://www.youtube.com/watch?v=AbGdSGCzwmw&list=UUt7HrjLsClKyPchQFwrlQPg&index=1&feature=plcp

FONTE: Texto IPAM, disponível aqui. Enviado por Edivan Carvalho, do IPAM Território Br 163.

Após emboscadas a fiscais, operação contra desmatadores no Pará receberá reforço

Fiscais do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes (ICMBio) no Pará estão aguardando para os próximos dias a chegada de novos agentes para reforçar as operações de combate ao desmatamento e ao comércio ilegal de madeira. A repressão aos crimes ambientais começou há duas semanas, na região de Altamira (PA), e, em menos de 15 dias, os fiscais já foram alvo de ameaças e emboscadas, inclusive com confrontos armados.

Hugo Américo Schaedler, gerente do Ibama em Santarém, relata que o risco é permanente nessa região. Segundo ele, desde 2007, os agentes que atuam no combate a crimes ambientais em Altamira vêm sendo vítimas de “táticas de guerrilha, tomadas de pontes para evitar que os agentes passem com os bens apreendidos e retenção de fiscais por algumas horas nas áreas de operação”.

Esta semana, uma das equipes de fiscais foi abordada por dois homens que usavam máscaras, coletes à prova de balas e armas automáticas. “Se estivéssemos sem armamento nessa emboscada, poderia ter sido uma tragédia contra nossos servidores”, avaliou Schaedler. O gerente regional do Ibama explicou que os órgãos ambientais vêm investindo no treinamento de fiscais para porte e uso de armas durante as operações.

“Estamos tentando capacitar nosso pessoal ao máximo. Precisamos estar armados, com aparato de segurança ideal para não acontecer nada com nosso pessoal. A gente sabe que é uma região conflituosa, que tem problemas de segurança de forma geral e onde falta, um pouco, a presença do Estado”, explicou Schaedler.

Apesar do cenário de risco, o gerente do Ibama garante que as equipes não estão intimidadas e que continuam atuando em parceria com as polícias locais. O problema, segundo Schaedler, é que, muitas vezes, essa integração esbarra na falta de efetivo policial ou processos burocráticos. “Nossa missão, por exemplo, atrasou mais de dez dias por causa de problemas na emissão de passagens e diárias dos policiais que iam nos acompanhar. Essa burocracia atrapalha um pouco o andamento da ação, o momento oportuno de agir”, lamentou.

FONTE: Texto de Carolina Gonçalves, da Agência Brasil – EBC, Edição de Vinicius Doria, disponível aqui.