14 de out. de 2009

Mais sobre Belo Monte e o Rio Xingu

O leilão do projeto hidrelétrico de Belo Monte, no Rio Xingu, está previsto para novembro, mas um painel de 40 especialistas lançou documento onde questionam estudos e viabilidade dessa proposta. Os pareceres foram entregues ao Ibama no dia 01 de outubro de 2009, para servir como insumo da análise sobre a viabilidade ambiental do projeto, e ao Ministério Público Federal (MPF), que verificará se há violações da lei, dadas as graves consequências do projeto. O painel identificou, primeiramente, diversas omissões e falhas nos estudos de impactos ambientais, que dificultam análises mais conclusivas sobre temas considerados chave. Apesar do pouco tempo que tiveram para a análise dos documentos, os especialistas concluíram que Belo Monte deve causar graves consequências para a região, seus habitantes e os ecossistemas da floresta amazônica e, ainda, que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) ignora a dimensão da maioria desses impactos. Para os especialistas, a inédita ineficiência energética do projeto e o processo acelerado e atropelado das audiências públicas mostram que o governo e as empreiteiras pleiteiam uma grande obra a qualquer custo. Segundo Francisco Hernandez, engenheiro elétrico da Universidade de São Paulo (USP), e um dos coordenadores do painel, Belo Monte é "de duvidosa viabilidade de engenharia, uma obra extremamente complexa que depende da construção não apenas de uma barragem, mas de uma série de grandes barragens e diques que interromperá o fluxo de águas numa área enorme, demandando a movimentação de terra e rocha com volumes semelhantes ao da construção do Canal de Panamá". Sônia Magalhães, antropóloga da Universidade Federal do Pará (UFPA), e co-coordenadora do painel diz: "O EIA subestima a população rural, de forma que a população diretamente afetada pode ser o dobro daquela indicada. Somente um novo levantamento pode confirmar o número real". Segundo Magalhães, os programas propostos para mitigação não contemplam a enormidade do projeto e seus impactos. Hermes Medeiros, doutor em ecologia, professor da UFPA, parte de uma constatação que impressiona: "a bacia hidrográfica do Rio Xingu apresenta uma das maiores riquezas de espécies de peixes já observada na Terra, com cerca de quatro vezes o total de espécies encontradas em toda a Europa". Quanto aos mamíferos aquáticos o especialista assinala: "o fato mais notório sobre os mamíferos aquáticos é que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) trata deles apenas de maneira descritiva, com base na literatura e em dados de coleta. Não há um parágrafo sequer sobre avaliação de impactos que a hidrelétrica acarretará sobre eles, nem sobre o ambiente em que vivem. Esta omissão é grave e precisa ser reparada". Segundo Philip Fearnside, do Departamento de Ecologia do INPA, "os autores do EIA calculam as baixas emissões de metano das hidrelétricas por ignorar duas das principais rotas para emissão desse gás: a água que passa pelas turbinas e pelos vertedouros. O estudo considera apenas o metano emitido na superfície do próprio lago, e nem menciona as emissões das turbinas e vertedouros, o que é uma distorção ainda mais grave no caso de Belo Monte do que para outras barragens, uma vez que a área do reservatório de Belo Monte é relativamente pequena, porém, com grande volume de água passando pelas turbinas." Texto completo dos pareceres dos especialistas para baixar:http://tinyurl. com/ykjplsu Resumo Executivo dos pareceres para baixar:http://tinyurl. com/yhsxfjw Para mais informações: Francisco Hernandez, cel: (19) 9646 8743Email: paineldeespecialistas@gmail. com Sônia Barbosa MagalhãesEmail: paineldeespecialistas@gmail. com Hermes Fonseca de Medeiros, Faculdade de Ciências Biológicas, da UFPA, tel: (93) 3515-0264 Email: hermes@ufpa.br Renata Pinheiro, Movimento Xingu Vivo para Sempre, tel: (93) 3515 2406, cel: (93) 9172-9776 Email: xingu.vivo@yahoo.com.br Marcelo Salazar, Instituto Socioambiental, tel: (93) 3515 1435 ou (61) 3035 5114, cel: (93) 8119 0809 Email: marcelosalazar@socioambiental. org.br Glenn Switkes,Director, Amazon ProgramInternational Rivers São Paulo, Brazil Email: glenn@internationalriv ers.orgwww. internationalriv ers.org tel: +55 11 3666 7084skype glennswitkes1 FONTE: Enviado por Marquinho Mota (Assessor de Comunicação da Rede FAOR) e Glenn Switkes (Diretor do Programa Amazônia da International Rivers)

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