8 de set. de 2010

Pará ganha a primeira fábrica de chocolates da Amazônia

A 90 quilômetros de Altamira, Medicilândia tem dois bons motivos para comemorar durante o Festival do Cacau (Cacaufest), que prossegue até o próximo dia 5 de setembro. Primeiro: Medicilândia colocou o Pará em segundo lugar na produção nacional de cacau, liderada pela Bahia. Segundo: hoje está sendo inaugurada no município a primeira fábrica de chocolate da Amazônia. A agroindústria foi construída com incentivo do governo do Estado e do Fundo de Desenvolvimento da Cacauicultura do Pará (Funcacau). A expectativa dos produtores e da Secretaria de Agricultura do Estado é que, até 2015, o Pará lidere a produção de cacau
no Brasil. Em 2008, Medicilândia produziu cerca de 22 mil toneladas, 4 mil a mais que o ano anterior.

A fábrica de cacau de Medicilândia terá capacidade para processar 360 toneladas de amêndoas por ano com uma produção acima de 400 toneladas de chocolate, gerando inicialmente, 10 empregos diretos e mais de mil indiretos. A cooperativa será autônoma, mas haverá um conselho de monitoramento da produção formado por representantes do estado, municípios, sindicatos rurais e da ONG Fundação Viver Produzir e Preservar, formando a gestão compartilhada.

Os trabalhadores e gestores da fábrica foram capacitados para atuar na produção agroindustrial do chocolate. Devido a excelência do cacau paraense, o produto orgânico cultivado na Transamazônica ganhou certificação internacional e conquistou o mercado externo. É considerado a melhor matéria prima do mundo em padrão, aroma, tamanho e peso, além de ter o melhor ponto de fusão para a fabricação de chocolates finos porque possui 23% a mais de gordura que as espécies cultivadas em outras regiões.

O Pará é o segundo maior produtor brasileiro de cacau, perdendo apenas para a Bahia. Em 2009 a produção do Estado chegou a 56 mil toneladas, um crescimento de 20% nos últimos três anos. Os 11  municípios da Transamazônica produzem 40 mil toneladas, ou 70% da produção estadual. Medicilândia é o maior produtor da região, com 16 mil toneladas. Com uma área plantada de 69 mil hectares, a expansão da lavoura no Pará é de 10 mil hectares por ano. Em todo o estado onze mil famílias estão envolvidas na atividade cacaueira, sete mil só na Transamazônica.

No Brasil um dos principais importadores do cacau orgânico paraense é a empresa de cosméticos Natura. A comercialização começou ainda em 2008 quando foram vendidas as primeiras 50 toneladas de amêndoas. este ano serão comercializadas 100 toneladas só para a Natura, que lançou no mês de maio, em Altamira, uma linha de sabonetes exclusiva, feita com cacau orgânico da Transamazônica. No mercado internacional, a fábrica de chocolates finos Zooter, na Áustria, já compra o cacau orgânico do Pará para a confecção de seus produtos. Outros países do mercado europeu já demonstraram interesse na compra do cacau orgânico do Pará.

QUALIDADE
Agricultores locais gabam-se de que cacau de Medicilândia é destaque em eventos no mundo inteiro. “O cacau mais valioso que existe é o nosso”, diz Laécio Rodrigues Mota, um dos grandes produtores da região. Fabricantes de chocolate já estiveram no sítio dele, o Agricolândia, para conhecer de perto o processo natural de produção do cacau, que envolve diretamente oito famílias da região. Laécio exporta para empresas do porte da Natura e da austríaca Zotter, fábrica que produz mais de 240 sabores de chocolate, com matériaprima orgânica.

O Programa de Produção Orgânica da Transamazônica- Xingu une cooperativismo e agricultura familiar, uma
iniciativa da Fundação Viver, Produzir e Preservar-Transamazônica/ Xingu (FVPP) - e da Comissão  Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac). O plantio é feito em sistema agroflorestal, com preservação da f loresta, controle de qualidade e agricultura sustentável. A iniciativa conta com a parceria do governo do Estado, governo federal e DED (Deutscher Entwicklungsdienst).

Dez anos após chegar a Medicilândia, Laécio baniu os agrotóxicos da produção, que passou a ser totalmente
orgânica. Nessa época foi criada a Cooperativa de Cacau Orgânico da Amazônia (Coopoam), da qual ele é
diretor. Com o incentivo da cooperativa, ele utiliza biofertilizantes produzidos no próprio sítio.

FONTE: Enviado por Tiago de Sousa Araújo (Assessoria de Comunicação do Serviço Alemão de Cooperação Técnica e Social - DED Brasil), publicado no Jornal O Liberal do último sábado (04/09).

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