16 de set. de 2009

“Água e Energia, não são mercadoria!“.

Ontem aconteceu em Belém no prédio o Centur, a última das audiências públicas convocada promovida pelo Ibama( Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para apresentar o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (Rima) da usina de Belo Monte, no rio Xingu. Como aconteceu com as audiências anteriores, houve manifestação contra o empreendimento. Dessa vez indígenas, ambientalistas, sindicalistas, estudantes e dezenas de ativistas sociais estiveram reunidos num ato público que iniciou às 16 horas. O ato público foi organizado pelo Fórum da Amazônia Oriental (FAOR) e pela Articulação Pan-Amazônia, que buscam denunciar os riscos do projeto. Há mais de vinte anos os povos do Xingu vêm resistindo aos projetos de construção de grandes hidrelétricas na região, cujos conflitos têm sido marcados por ações judiciais e até por embates físicos. Na década de 1980 a causa ganhou grande repercussão com a manifestação da índia Tuíra, que encostou um facão no rosto do então diretor da Eletronorte, José Antônio Muniz Lopes. Paralisado nesta época, agora o projeto foi retomado pelo governo federal e vem provocando reações de indignação devido ao enorme impacto que poderá causar, como aumento da miséria e da violência, além da destruição da fauna e da flora da região e a expulsão de milhares de pessoas das áreas rurais e urbanas onde residem. A abertura do “Ato de Solidariedade aos Povos do Xingu e contra a Hidrelétrica de Belo Monte - Belo Monstro Não!”, se deu a partir do Ritual do Guerreiro, realizado pelos indígenas da etnia Tembé das comunidades de Areal e Jeju em Santa Maria do Pará, deixando claro para governos e empreiteiras que não iriam encontrar neste ato ninguém com disposição de baixar a cabeça diante dos desmandos que vem acontecendo em relação ao empreendimento do Belo Monte. Sempre por perto circulou uma das guardiãs da floresta amazônica: a cobra grande da Rede FAOR, com o apoio do Grupo de Teatro UNIPOP. Enquanto isso, representantes dos movimentos sociais presentes aproveitaram o momento para mandar seus recados sobre o “Belo Monstro”: “Esta obra é destruição da vida e não podemos aceitar que os povos sejam destruídos”, exclamou Padre Henrique, do Comitê Irmã Dorothy. João Gomes, membro da coordenação executiva da Rede FAOR, sublinha que tipo de desenvolvimento nós queremos: “A nossa perspectiva é de uma Amazônia sustentável, onde o desenvolvimento possa ser numa perspectiva que respeite a diversidade, a cultura e as populações". Outras falas lembraram que até agora ninguém sabe realmente quanto a obra vai custar, e que este empreendimento só serve para o acumulo de capital das grandes empresas e o empobrecimento da população. Foi lembrado também que a corredeira de água será desviada, através de canais, para Belo Monte, onde serão colocadas as turbinas. As conseqüências serão o alagamento da área Oeste, acima do Xingu, e a diminuição do volume de água na região leste, abaixo do Rio, afetando diretamente povos indígenas e a população local. Finalizando o ato um grupo de participantes fez com seus corpos um grande SIM a vida e um grande NÃO a Belo Monte, seguidos pelos indígenas Tembé, que fecharam o ato com a realização de uma mística na qual uma barragem de Belo Monte feita de papelão, foi destruída a flechada e depois queimada, demonstrando que a natureza será protegida e que o projeto Belo Monte precisa acabar. FONTE: Assessoria de Comunicação da Rede FAOR

Nenhum comentário: