2 de jun. de 2009

Viva o Rio Tapajós!

O assunto do momento na região tem sido a proposta do governo de intalação de um complexo de hidrelétricas na bacia do Rio Tapajós. Técnicos da Eletronorte estão na região, políticos e empresários locais fazem seu lobby favorável, enquanto o Fórum dos Movimentos Sociais da BR 163 e diversas outras entidades buscam instaurar um clima de debates sobre os reais interesses e motivações desta proposta. Nos dias 30 de abril e 1º de maio foi realizado com grande participação popular, o II Seminário de Debates Sobre a Construção de Hidrelétricas na Bacia do Tapajós. Abaixo, o documento que oficializou este evento e tem divulgado os seus resultados e propostas no Brasil e em outras partes do mundo. CARTA ABERTA ÀS AUTORIDADES E À POPULAÇÃO BRASILEIRA Frente aos planos governamentais, nacionais e internacionais, de destruição dos povos, meio ambiente e do próprio Rio Tapajós, não vamos continuar passivos. O governo brasileiro NÃO TEM O DIREITO de violentar nossa dignidade, criando hidrelétricas sem dialogar com as populações que sofrerão os impactos negativos. O governo brasileiro NÃO PODE descumprir a Constituição Federal ou modificá-la para beneficiar as grandes empresas e as imposições do capital internacional. Temos clareza de que os impactos ambientais, econômicos, sociais e culturais, na bacia do Rio Tapajós, comprometem a vida humana, animal e vegetal, sem respeitar fronteiras ou acordos governamen-tais. Assim, denunciamos a conivência passiva e ativa do governo e seus órgãos (Eletronorte, Eletrobrás, etc.), diante dos crimes cometidos pelas empresas construtoras de barragens (Andrade Gutierrez, Odebrecht, Camargo Corrêa, Suez, etc.) e empresas eletrointensivas (Albras, Alunorte, VALE, Pará Pigmento, Alcoa, Itacimpasa, Rio Tinto, Imerys Rio Capim Caulim, etc.) que consomem muita energia, geram pouco emprego, saqueiam nossos recursos naturais, contaminam a água, terra, floresta, ar e destroem e violam os direitos das comunidades locais e comunidades indígenas, impedindo até mesmo que nossas crianças possam brincar, ou se alimentar dos peixes dos rios da Amazônia. Além disso, diversas Unidades de Conservação estão localizadas na região do Tapajós, dentre as quais o Parque Nacional da Amazônia, com mais de 1 milhão de hectares, e sob a zona de impacto direto do complexo de hidrelétricas proposto, com perda considerável para a biodiversidade ali existente; isto sem contar outras unidades como: Flonas Itaituba I e II, Flona Amana, Flona Jamanxim, Flona do Crepori, Flona do Trairão, APA Tapajós, PARNA Jamanxim, PARNA Rio Novo. Diante do desrespeito das autoridades para com nossos povos, nós, ribeirinhos, agricultores familiares, pescadores, indígenas, sócio-ambientalistas, pesquisadores, educadores populares, jovens, homens e mulheres atingidos e ameaçados pelo Complexo do Tapajós, e por outras obras, decidimos que: Não aceitamos e declaramos que somos contrários ao Complexo Hidrelétrico do Tapajós que, além de prejudicar nossa cultura e meio ambiente, não nos trará benefícios, beneficiando apenas o grande capital e empresas nacionais e estrangeiras. Não admitimos ser tratados como entraves ao crescimento econômico do Brasil, pois somos brasileiros e brasileiras e sofrere-mos todas as conseqüências destes projetos hidrelétricos. Declaramos nossa luta incansável em defesa dos direitos dos povos ribeirinhos, agricultores fa-miliares, pescadores, quilombolas, indígenas e populações tradicionais atingidas e ameaçadas pelo Complexo do Tapajós. Nós, homens e mulheres, indígenas e não indígenas da Bacia do Rio Tapajós, sabemos o que queremos e precisamos para desenvolver nossa região, pois isso já fazemos ao longo dos anos, convivendo em harmonia com aves, peixes, animais, e com a nossa maravilhosa floresta amazônica. Queremos ser respeitados e respeitadas pelas políticas governamentais. Queremos investimentos nas políticas públicas de saúde, educação, moradia, agricultura familiar, pesca, estradas e vicinais e tudo o mais que precisamos para viver com dignidade e conservar o meio ambiente e a cultura para as presentes e futuras gerações. Por fim, manifestamos nosso apoio e solidariedade aos compa-nheiros e companheiras criminali-zados (MAB, MST, FETAGRI, STTR, CPT), vítimas das conse-qüências da barragem de Tucuruí, após quase 30 anos de sua construção.
QUEREMOS OS RIOS VIVOS PARA AS PRESENTES E FUTURAS GERAÇÕES! “NÓS NÃO ACEITAMOS ESSA BARRAGEM, E CASO ELA VENHA NÓS VAMOS REAGIR” Cacique Suberalino Saw Munduruku
Itaituba, 30 de abril de 2009 Assinam: COMUNIDADE DE SÃO LUIZ DO TAPAJÓS COMUNIDADE DO PIMENTAL FÓRUM DOS MOVIMENTOS SOCIAIS DA BR 163 FRENTE EM DEFESA DA AMAZÔNIA - FDA COMUNIDADE DE BARREIRAS COMUNIDADE DE CAMPO VERDE (KM 30 DA TRANSAMAZÔNICA) COMUNIDADE INDÍGENA ALDEIA NOVA COMUNIDADE INDÍGENA PRAIA DO MANGUE COMUNIDADE INDÍGENA PRAIA DO ÍNDIO COMUNIDADE DO CURI COMUNIDADE DE BARREIRAS COMUNIDADE DE FORDLÂNDIA COMUNIDADE DO JURUTI MOVIMENTO XINGU VIVO PARA SEMPRE ARTICULAÇÃO PANAMAZÔNICA - APAN/FSM INTERNATIONAL RIVERS RÁDIO RURAL DE SANTARÉM IAMAS - INSTITUTO AMAZÔNIA SOLIDÁRIA E SUSTENTÁVEL FASE Amazônia (Federação de Órgãos para assistência social e educacional) FUNDO DEMA FAOR COLÔNIA DE PESCADORES DE ITAITUBA COLÔNIA DE PESCADORES DE JACAREACANGA CPT (COMISSÃO PASTORAL DA TERRA de Santarém) FVPP (FUNDAÇÃO VIVER PRODUZIR E PRESERVAR) MMCC BR 163-PARÁ MMCC de Altamira MMCC-PARÁ (MOVIMENTO DE MULHERES DO CAMPO E DA CIDADE) ASFITA (Associação dos Filhos de Itaituba) STTR- Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Itaituba AMIPARNA - Organização amigos do Parque Nacional da Amazônia Comissão Justiça e Paz de Itaituba Pastoral da Juventude de Itaituba Companhia Ecológica e Cultural Amazônia Viva Associação de Mulheres Domésticas de Santarém - AMDS COMOPEBAM - Comissão do Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais do Oeste Pará e Baixo Amazonas EETEPA - Escola Estadual Tecnológica do Pará - Itaituba Sindicato da Construção Civil de Itaituba Associação AICOTTACC do PAE Curuá II Santarém Pastoral Social da Diocese de Santarém

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